Postado em 03/06/2011
Que as florestas são fundamentais para a sobrevivência do ser humano não há dúvida. Também é notório o fato de que é necessário estabelecer mecanismos de preservação do que restou da cobertura vegetal espalhada pelo planeta, a fim de minimizar as consequências de fenômenos como o aquecimento global e outros relativos às mudanças climáticas.
Para dar uma ideia da importância de iniciativas nessa área, estima-se que, no Brasil, 112 milhões de pessoas vivam em áreas originalmente constituídas por Mata Atlântica, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em razão do crescimento populacional e da urbanização baseada no desmatamento, esse bioma – que já ocupou boa parte da faixa litorânea do país –, foi reduzido a menos de 8% da área original. Mesmo assim, é nessas regiões que se concentram cerca de 60% da água potável a que temos acesso. Outro problema frequente na ocupação desenfreada é a erosão do solo em áreas devastadas – o que gera tragédias como a ocorrida em janeiro em Teresópolis e as enchentes que paralisam o trânsito de São Paulo.
O Dia Mundial do Meio Ambiente (veja boxe Mobilização mundial) é promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 5 de junho. O tema Florestas para o Povo, proposto pelo Sesc São Paulo, visa sensibilizar as pessoas para a conservação e exploração sustentável das reservas em todo o mundo. “Se compararmos a temperatura da cidade de São Paulo com a da Serra da Cantareira, por exemplo, terá uma variação de 10 graus no mesmo dia e local. Esse é um dado importante, porque a umidade ajuda a manter e equilibrar o clima da cidade. Só com asfalto não sobreviveríamos”, diz o presidente do conselho nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, do programa Man and the Biosphere/UNESCO, Clayton Ferreira.
Bem perto de você
São Paulo está inserido no que se chama cinturão verde – zonas com matas nativas. Mesmo com o processo de urbanização, muitas vezes predatório, registram-se resquícios de flora remanescente, conhecidas como florestas urbanas. O maior conhecimento dessas áreas contribuiria para sua preservação e garantiria melhor qualidade de vida a todos.
A boa notícia é que não é preciso ir muito longe para usufruir de uma floresta urbana. Basta chegar à Avenida Paulista e dar um passeio pelo Parque Trianon – reserva composta de plantas nativas que tem recebido cuidado redobrado com o replantio de mudas da Mata Atlântica, como o pau-brasil. Além do Trianon e da Serra da Cantareira, o Parque do Jaraguá, Capivari e a Área de Preservação Ambiental (APA) do Carmo são reservas remanescentes e, no caso da APA do Carmo, compreende as regiões do Sesc Itaquera e Parque do Carmo. O Sesc Interlagos também mantém mata nativa e está à beira da represa Billings.
O Dia Mundial do Meio Ambiente será comemorado nas unidades do Sesc São Paulo com aproveitamento dessas áreas. “As unidades do Sesc São Paulo trabalham com diversas ações educativas. Propomos vivências e reflexões sobre a importância vital das áreas verdes, do ponto de vista ecológico e cultural”, afirma a coordenadora do Programa de Educação para Sustentabilidade do Sesc São Paulo, Denise Baena.
“As árvores não são importantes apenas para compensar a emissão de gás carbônico. Essa é uma visão parcial que justifica, em muitos casos, a poluição.”, alerta. A questão crucial é compreender que fazemos parte de um sistema que tem limites; é fundamental, portanto, rever o consumo e o quanto ele impacta na conservação das florestas. Mesmo nas cidades, as áreas verdes têm sido pressionadas pela grande expansão imobiliária.
O lixo urbano também afeta a vegetação: as áreas verdes servem, muitas vezes, como depósito a céu aberto e ações de vandalismo – são vistas como locais abandonados. “Somente um trabalho educativo permanente poderá reaproximar as pessoas dessas áreas para que haja valorização e, conseqüentemente, preservação”, diz Denise. No Sesc Interlagos, o passeio em trilhas e a observação de pássaros são atividades que buscam encantar as pessoas para a riqueza das áreas naturais.
Outra linha de ação, o Programa Agentes de Formação Socioambiental, oferece cursos de como recompor a mata “Desenvolvemos o projeto junto a comunidades do entorno. Eles vêm até a unidade e aprendem a plantar espécies arbóreas”, explica Alessandra Gonçalves, engenheira agrônoma e Agente de Educação Ambiental do Sesc Interlagos.
Mobilização Mundial
Sesc São Paulo prepara programação especial em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente
Anote essa data: 5 de junho marca a mobilização de pessoas e organizações, em vários países, para a defesa da vida. Desde 1972, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a sua primeira conferência sobre o tema, a Conferência sobre o Ambiente Humano , as ações em torno desse dia ressaltam as belezas e riquezas naturais e, ao mesmo tempo, alerta sobre os riscos à própria sobrevivência humana se o ambiente continuar sendo degradado e desrespeitado.
Desde 2006 o Sesc São Paulo adota a comemoração como parte da programação das unidades, com diversos temas e abordagens educativas . “A proposta da programação deste ano, que ressalta o tema “Florestas para o povo” não trata apenas da conservação de áreas naturais, que é essencial. Entendemos que nossa ação sociocultural colabora para sensibilizar e informar o público sobre o desafio de descobrir caminhos sustentáveis.
Acreditamos que inspirar as pessoas por meio de vivências de contato com a natureza, espetáculos, vídeos, oficinas, discussões tem um enorme potencial para transformar nosso olhar e nosso agir em relação ao ambiente. Reconhecer que os laços que nos ligam às florestas perpassa questões ligadas à saúde, às transformações urbanas, à alimentação, às manifestações culturais, como a música, a literatura é fundamental”, define a coordenadora do Programa de Educação para Sustentabilidade do Sesc São Paulo, Denise Baena.
Assim, oficinas sobre os frutos da Mata Atlântica, passeios por trilhas em áreas protegidas ou pelos bairros, percebendo a vegetação existente, discussões sobre conservação ambiental, são algumas das atividades que ocorrem paralelas à comemoração. Mais informações no Em Cartaz desta edição. ::