Postado em 22/12/2011
Com o anúncio de que o Brasil será a sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o esporte virou alvo de discussões tanto no campo da infraestrutura quanto no da preparação de atletas. Mas essa atividade não se limita aos atletas olímpicos e esportes de alto rendimento, ela pode ser praticada por pessoas de todas as idades, independentemente de possíveis limitações físicas.
“Existe espaço para quem quer seguir carreira e ir para o esporte profissional, para quem quer apreciar um bom espetáculo esportivo ou quer fazer esporte por prazer, para encontrar os amigos”, afirma Rubens Venditti Junior, professor de Educação Física do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
Apesar de muitos conhecerem os benefícios da atividade física, apenas 14,7% dos brasileiros se exercitam com regularidade, de acordo com pesquisa do Ministério da Saúde divulgada em 2010. Para mudar essa realidade, é preciso assumir uma nova rotina.
Segundo uma teoria bastante usada na área da saúde para análise de padrões de comportamento, o modelo transteórico, a alteração de um hábito passa por cinco estágios. Na fase da plena contemplação, o indivíduo não tem intenção de mudar o comportamento por achar que é incapaz ou por estar desinformado a respeito de seus benefícios.
No estágio de contemplação, a pessoa começa a considerar a necessidade da prática da atividade física. A preparação é quando se procura um local para realizá-la. Na fase de ação, a pessoa começa a se exercitar, mas o processo só se completa na manutenção, que é quando se incorpora de fato o esporte à rotina.
Diversos fatores influenciam esses estágios, como encontrar um local adequado e ter tempo para a prática, mas uma questão fundamental para a permanência na atividade física é que ela seja prazerosa para o praticante, afirma a educadora física e assistente técnica da Gerência de Desenvolvimento Físico e Esportivo (GDFE) do Sesc Luciana Itapema.
“As campanhas de saúde ou obesidade, tanto no Brasil como no mundo, normalmente destacam ‘Atividade física faz bem para a saúde: pratique’, apresentando uma abordagem totalmente racional, que nem sempre estimula as pessoas para a prática”, diz. De acordo com ela, as pessoas podem mudar a forma de ver a prática esportiva, encarando-a também, e principalmente, como uma oportunidade de encontrar os amigos e vivenciar experiências prazerosas.
Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada por psicólogos da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, com adolescentes ingleses, em 2010. Durante duas semanas, uma equipe enviou diariamente mensagens de texto para 128 adolescentes. Metade deles recebeu informações ressaltando os benefícios da atividade física para a saúde, enquanto para o outro grupo foram enviados textos com apelo mais emocional.
Entre os jovens do primeiro grupo, o aumento de atividade física foi de meia hora por semana, enquanto no segundo o índice foi de duas horas. O estudo propõe enfatizar os benefícios emocionais do exercício, em vez de ressaltar as vantagens para a saúde como o caminho mais eficaz para encorajar jovens a se exercitarem.
Para o professor Rubens Junior, essa constatação se aplica a pessoas de todas as idades. Segundo ele, quem busca atividades físicas apenas por indicação médica tende a se desestimular, caso os resultados não sejam visíveis em pouco tempo. “Se encontramos um grupo de pessoas para praticar alguma atividade, independentemente de o médico pedir, e aquilo é prazeroso, a probabilidade de incorporar a prática à vida é muito maior”, diz.
Esporte para Todos
A prática esportiva com foco no lazer e no prazer é um dos conceitos do Esporte para Todos, movimento internacional que surgiu na Europa, na década de 1960, com o objetivo de disseminar a atividade física entre a população. No Brasil, ele apareceu pela primeira vez como campanha governamental em 1977.
Mesmo depois da extinção do programa em 1979, os ideais permaneceram no Brasil influenciando iniciativas na área até hoje. “O Esporte para Todos tem como base o sentimento recreativo e mobilizador, que está ligado a práticas esportivas não formais”, afirma Edison Valente, doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor do livro Esporte...Para Todos? (Edufal, 1997). Como o objetivo é a sociabilidade e o esporte pelo prazer, as regras podem ser adaptadas em função dos participantes envolvidos.
Dessa forma, todas as pessoas, independentemente de idade, habilidade ou deficiência, podem participar de uma mesma atividade e as potencialidades de cada uma são desenvolvidas considerando suas limitações. “É possível fazer uma vivência de golbal [o objetivo do jogo é fazer gol usando as mãos, cada time tem três jogadores] com deficientes visuais e pessoas sem deficiência vendadas”, explica Junior. “Dessa forma eu consigo vivenciar a situação da pessoa que não tem visão e faço parte de um jogo desenvolvido para os cegos. É uma inclusão às avessas.”
O movimento tem como objetivo não só estimular a iniciação esportiva, mas alterar o cotidiano. “É importante ver a prática como parte de um estilo de vida ativo, que inclui o utros hábitos, como subir de escada em vez de elevador, aproveitar pequenas distâncias para caminhar em vez de ir de carro, ou seja, adquirir comportamentos ativos encarados de forma natural”, conclui Luciana Itapema.
Férias em movimento
Com o tema Esporte para Todos, o Sesc Verão 2012 convida à prática esportiva
De 7 de janeiro a 26 de fevereiro, as unidades do Sesc na capital, interior e litoral promovem o Sesc Verão 2012. O evento oferece ao público diversas atividades esportivas, vivências, instalações, além de bate-papos, encontros com atletas, demonstrações de modalidades esportivas e exposições. “A ideia do Sesc Verão é oferecer modalidades diversas para que as pessoas conheçam e escolham aquela com a qual elas mais se identificam”, afirma Eduardo Uhle, educador físico e assistente técnico da Gerência de Desenvolvimento Físico e Esportivo (GDFE) do Sesc.
Entre as principais atrações estão a instalação interativa Praia de Paulista, com quadra de areia, barracas e pista de caminhada no Sesc Pinheiros; a escultura multimídia do Sesc Belenzinho, que reproduz em tempo real imagens e sons captados nos espaços de práticas esportivas e vivência; e bate-papo com Sandro Dias, hexacampeão mundial de skate, no Pompeia, e caiaque no rio Tietê, em Birigui.
Com o tema Esporte para Todos, o Sesc evidencia valores do movimento para estimular que cada um pratique o esporte que lhe seja mais prazeroso, alinhado ao seu nível de habilidade. “O foco não é a busca de resultado, mas promover um espaço de esporte pelo lazer”, completa Uhle.