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Bloco de notas

Postado em 01/09/1997

Desemprego em foco

As economias crescem, mas o número de empregos diminui. Afinal, o que há de errado com o desenvolvimento atual?

É essa pergunta que o sociólogo José Pastore tenta responder em A agonia do emprego (LTr Editora Ltda.), obra que reúne ensaios do autor publicados na imprensa entre 1993 e 1996.

Pastore, um estudioso do tema, reconhece a complexidade do assunto, mas procura apontar algumas soluções. Em sua opinião, o Brasil sofre duplamente com a globalização: além de a abertura da economia ameaçar os empregos internamente, a baixa qualificação deixa fora do mercado de trabalho milhares de brasileiros. Sem falar nas leis extremamente rígidas na área trabalhista e previdenciária, que dificultam as contratações.

Dividido em cinco seções, A agonia do emprego descreve a política de empregos no Brasil, analisando na primeira delas temas como profissões do futuro, trabalho temporário, serviço público, mão-de-obra infantil, tecnologia e robotização. Outras seções tratam dos encargos sociais e flexibilização do trabalho, conflitos trabalhistas, capacitação e produtividade. A última parte descreve as manifestações culturais do trabalho, reunindo temas específicos como sexo no trabalho, estresse, fiscalização e aposentadoria.

Como será o mundo do trabalho no próximo milênio? Com certeza será completamente diferente do atual. O livro de José Pastore ajuda estudiosos, pesquisadores e governantes a preparar-se para enfrentar essa nova realidade.

Aulas para o Brasil

O país falha tragicamente na área educacional, entre outras, mas felizmente algumas entidades conseguem, a duras penas, ocupar o vácuo deixado pelo governo. É o caso do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac), uma organização não-governamental fundada em 1981 que até o começo de 1997 já havia atendido a 40 mil jovens e adultos interessados em escolarização básica.

A ação do Ibeac é descentralizada, sendo dirigida por conselhos comunitários que se reúnem por regiões. Esses conselhos foram criados pelo Ibeac em associação com diversos setores da sociedade civil, como Igreja, entidades de classe e clubes de serviço.

O projeto conta com monitores e coordenadores pedagógicos, e as aulas acontecem em período noturno. O programa não se limita à alfabetização e oferece a oportunidade de os alunos continuarem os estudos na rede pública de ensino.

Em dificuldades, porém, para manter seus programas, o instituto vem solicitando o apoio de empresas, entidades e pessoas físicas, para cobrir um custo estimado em R$ 80 anuais por aluno.

O Ibeac fica em São Paulo, à Avenida Dr. Arnaldo, 2083, telefone (011) 864-3133, fax 65-3211.

Made in Japan

Uma revista brasileira, escrita em português, produzida em Tóquio, impressa em duas gráficas (no Brasil e no Japão) e vendida nos dois países. É a "Made in Japan", publicação que acaba de ser lançada pela Patrimônio Tokyo Ltd., com o objetivo de mostrar o Japão real, sob o ponto de vista de quem vive lá.

A equipe jornalística, chefiada por Júlio Moreno, reúne profissionais que há anos moram no Japão e outros "importados" do Brasil. O público-alvo não são os nisseis ou sanseis que formam a maior colônia japonesa do mundo fora do Japão, somando 1,2 milhão de pessoas, mas o brasileiro comum, interessado por exemplo em equipamentos eletrônicos, motos, máquinas fotográficas, carros revolucionários, brinquedos e outras novidades do gênero. E os 200 mil trabalhadores brasileiros que hoje vivem na Terra do Sol Nascente.

Educação e mídia no Itaú

O Instituto Cultural Itaú prepara-se para sediar, em maio de 1998, dois encontros internacionais sobre mídia e educação: o II World Meeting on Media Education e o I International Congress on Communication and Education. O instituto, criado em 1987, especializou-se no uso de novas tecnologias voltadas para projetos educacionais e culturais. Em sua sede (Avenida Paulista, 149), uma série de eventos preparatórios vêm sendo realizados, em parceria com a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas pessoalmente ou pelo fax (011) 238-1786. 

Índios de verdade

O Dia do Índio é religiosamente comemorado nas escolas de primeiro grau, assim como nas classes pré-escolares. É comum ver pelas ruas, nesse dia, crianças com adereços que lembram a data, como cocares feitos de cartolina ou pinturas no rosto.

Lamentavelmente, grande parte dessas lembranças é fortemente influenciada pela televisão, e o resultado da produção infantil quase sempre traz a caracterização do pele-vermelha americano, com machadinhas de guerra, longos cocares, cachimbo da paz e coisas do gênero. Pouco se ensina, entre nós, sobre os hábitos do índio brasileiro, aquele mesmo que habitava esta terra antes do descobrimento.

Culpa exclusiva da televisão? Nem tanto. Na verdade, faltam no mercado editorial obras que retratem, com todas as pinceladas, o verdadeiro índio brasileiro. Os livros existentes, principalmente os infantis, tratam os índios de forma genérica, sem se preocupar com a grafia correta, com a etnia e localização das tribos e registram a mitologia indígena de forma superficial, desprezando uma grande riqueza de lendas e simbologia.

É por essa razão que merece elogios o lançamento de duas pequenas obras de Luís Donisete Benzi Grupioni, antropólogo paulista que se dedica a pesquisas de campo entre os índios (foto). Viagem ao mundo indígena e Juntos na aldeia (Berlendis & Vertecchia Editores Ltda.) são dois livros com histórias sobre índios de grupos diferentes, retratando rituais e situações cotidianas vividas por crianças e jovens indígenas. Os desenhos, coloridos, que se intercalam ao texto foram produzidos pelos próprios índios e, no final de cada história, um quadro demonstrativo registra dados sobre a tribo referida na narração, sua localização no país e seus costumes. Não falta inclusive uma bibliografia para o leitor insatisfeito que quiser aprofundar-se no tema.

"Há muita desinformação e preconceito em relação aos índios", diz Donisete na introdução de Juntos na aldeia. "Conhecendo-os melhor, talvez aprendamos mais sobre nós mesmos e sobre nossa sociedade", completa o autor. Suas duas obras são um bom começo para esse aprendizado.

Gerenciando pessoas

Qual é a relação entre Tempos modernos, de Charles Chaplin, Viver, de Akira Kurosawa, 2001, uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick, e a gestão empresarial? Uma forma de responder a essa pergunta é acompanhar o percurso do consultor José Antonio Küller ao longo de Ritos de passagem: gerenciando pessoas para a qualidade (Editora Senac, 328 páginas).

O autor não se limita a traçar uma trajetória histórica da gerência. Visualiza horizontes e direções rumo a um melhor relacionamento entre as pessoas e seu trabalho. Nessa perspectiva, ele estuda a relação entre as empresas e seus funcionários priorizando o desenvolvimento do indivíduo enquanto ser humano completo.

A evolução das formas de trabalho e da gerência é enfocada a partir de um eixo central: a criatividade. Dessa maneira, torna-se possível um aprimoramento humano integral, em que o trabalho seja a expressão da própria individualidade e do sentimento cooperativo para atingir objetivos comuns.

O principal ponto da obra está justamente na argumentação de como a gestão de pessoas é uma responsabilidade indelegável de quem coordena trabalhadores.

A motivação para o trabalho é enfatizada. Mostra-se por que um autêntico progresso individual e coletivo pode trazer resultados extremamente positivos para a organização como um todo.

O essencial seria conseguir uma reeducação em função dos parâmetros que a sociedade globalizada exige. Küller verifica, portanto, formas de implantação de projetos de ação "re": "reeducar", "reunir" e "recriar".

A base dos projetos "re" é tornar cada funcionário um ser humano completo enquanto exerce suas atividades profissionais.

O estudo de Küller mergulha no universo cinematográfico para revisitar diacronicamente a história da administração de empresas e dos sistemas de gestão. Seu objetivo maior, no entanto, reside na busca de um caminho para que a qualidade total possa caminhar ao lado da satisfação vivenciada pelos artesãos medievais na moldagem individual das peças que produziam. Assim, a patética imagem de Chaplin sendo tragado por uma máquina em Tempos modernos não se concretizará.

Radiologia moderna no Senac

O Senac de São Paulo, entidade voltada para a formação profissional e atualização empresarial na área de comércio e serviços, inaugurou em agosto um laboratório de radiografia de novíssima geração. O equipamento tem a marca Siemens e se destina ao treinamento de futuros técnicos em radiologia. O curso tem duração de 1.380 horas, e seu conteúdo, além das aulas práticas, abrange física radiológica, processamento de filmes, anatomia, enfermagem e proteção contra efeitos da radiação. Os cursos do Senac na área de saúde são oferecidos no Centro de Educação em Saúde, à Avenida Tiradentes, 822, em São Paulo. Informações pelo telefone (011) 227-3055.

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