Postado em 01/01/1998
A história da fotografia na tela do computador. O Senac de São Paulo e a Fujifilm acabam de lançar um CD-ROM, com uma visão histórica dos primeiros 120 anos da arte fotográfica. São 400 reproduções, com ótima definição, de trabalhos de mais de 70 fotógrafos reconhecidos mundialmente.
Resultado de uma pesquisa realizada por Marcos Lepiscopo e Thales Trigo, do Centro de Comunicação e Artes do Senac, o produto é inédito no país.
O CD-ROM é trilíngüe - português, inglês e espanhol -,pode ser rodado em PC ou Macintosh, e contém cinco blocos: biografias dos autores das principais fotos, cronologia da história da fotografia, informações sobre a evolução da técnica fotográfica, um slide show com fundo musical, e um teste de memorização, em forma de game.
A Fujifilm investiu R$ 60 mil na produção do CD, destinados ao lançamento inicial de 2 mil cópias, e contribuiu com apoio técnico e imagens do acervo de sua biblioteca especializada em fotografia, com aproximadamente 1,5 mil títulos e assinatura de 50 revistas estrangeiras.
O CD-ROM "História da Fotografia - De 1840 a 1960" está à venda nas livrarias e nas unidades do Senac (tel.: (011) 236-2135).
O caminho da música
Quem canta seus males espanta. Foi assim que a sabedoria popular definiu ao longo dos tempos o efeito da música na vida das pessoas, atribuindo-lhe um papel que está muito além de uma simples distração ou passatempo. As 600 crianças que apresentaram dia 13 de dezembro na Catedral da Sé, em São Paulo, no Natal do Guri, um verdadeiro show de canto e orquestra são a prova viva dessa verdade.
O Projeto Guri nasceu em 1995, na Oficina Cultural Mazzaropi, na capital paulista, onde se formou o primeiro grupo musical com menores carentes. O segundo grupo, um ano depois, representou uma experiência gratificante. Foi criado na Febem, onde, segundo avaliação da Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar Social, o índice de fuga e agressividade caiu 41%. Hoje o movimento conta com seis núcleos, incluindo os do bairro do Bixiga, em São Paulo, e os das cidades de Limeira, Bertioga e Indaiatuba, além da Oficina Mazzaropi e da Febem. São 2 mil crianças envolvidas, mas já existem 40 municípios cadastrados para a expansão do projeto.
O trabalho do Projeto Guri consiste em formar orquestras didáticas, corais e outros grupos musicais com crianças e adolescentes. Os alunos têm em média cinco a seis horas de aulas semanais, incluindo ensaios. O curso tem a duração de um ano, e os interessados podem continuar os estudos na Universidade Livre de Música ou no Conservatório Dr. Carlos de Campos, de Tatuí (SP), ambos vinculados à Secretaria de Estado da Cultura.
A Sociedade Amigos do Projeto Guri, desvinculada do governo, atende pelo telefone (011) 259-9611, ramal 280.
Menino travesso
Aconteceu na passagem de ano de 1982-83: somente na América do Sul morreram 170 pessoas, 600 mil ficaram desabrigadas e os prejuízos chegaram a US$ 3 bilhões. No sul do Brasil, 5 milhões de toneladas de grãos foram engolidas pelas águas, uma perda calculada em US$ 800 milhões. O culpado? El Niño, um fenômeno climático que periodicamente se manifesta no mundo. Como neste ano, em que as travessuras do garoto voltam a conturbar as condições meteorológicas de diversas partes do globo.
Mas como qualquer menino travesso, dizem os especialistas, El Niño também tem seu lado bom. Enquanto as tempestades e enchentes assolam algumas partes do globo, em outras áreas ocorre uma redução desses fenômenos e até chove em regiões desertas, como algumas áreas do Peru e Chile. E o excesso de chuvas, embora possa ter caráter destruidor, aumenta a produtividade de algumas regiões agrícolas.
Mas, afinal, quem é, ou o que é, El Niño? Gilberto Cunha, especialista em agrometeorologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), define-o como uma anomalia na temperatura das águas do oceano Pacífico, em sua parte tropical - na costa oeste da América Latina. Nessa área, as águas são normalmente frias, e o fenômeno se manifesta justamente quando surge entre elas uma corrente de águas mais quentes (por ter sido detectado pelos pescadores da região no final do ano, o fenômeno foi batizado por eles de El Niño, numa clara alusão ao Menino Jesus).
Volta à infância
Bons tempos em que os carrinhos de rolimã desciam a ladeira levantando poeira. Bons ventos os que levavam para as nuvens as pipas coloridas, com longas caudas de papel entrelaçado. Bons momentos os que viviam as meninas pulando corda ou brincando de amarelinha.
Hoje, para a maioria das crianças, o lazer se resume em videogame ou programa de televisão, quase sempre de gosto duvidoso. Felizmente, aqui e ali surgem movimentos de resgate da infância brasileira, como o patrocinado por Walter Ney, baiano de nascimento que se formou em pedagogia em Londrina, no interior paranaense. Ney organiza palestras com crianças da cidade para mostrar os brinquedos de antigamente e falar das vantagens que eles oferecem sobre as modernas e frias maquininhas de videogame. O livro "Tempo de infância", escrito por Walter Ney, tem o mesmo objetivo: enquanto narra fatos ocorridos na infância do autor, vai descrevendo as atividades infantis de uma época em que os meninos andavam de rolimã e as meninas pulavam amarelinha.
Informações pelo telefone (043) 348-0656 (e-mail: ney@sercomtel.com.br).
Cidadania premiada
Uma iniciativa conjunta da Fundação Getúlio Vargas e da Fundação Ford premiou os cinco projetos sociais que mais se destacaram em 1997. Foram escolhidos:
O Programa Miguilim, de Belo Horizonte (MG), que atende crianças e adolescentes de zero a 18 anos, oferecendo albergamento noturno, alimentação, higienização, lazer, encaminhamento à escola, profissionalização, inserção no mercado de trabalho, reintegração ao grupo familiar e construção de moradia.po Ação Integrada nos Bolsões de Pobreza Urbana, de Ipatinga (MG), responsável pela construção de casas populares pelo sistema de mutirão. As mulheres chegam a 80% dos participantes do movimento, que se preocupa também com iniciativas educacionais.
o Universidade do Professor, de Curitiba (PR), um projeto do estado do Paraná destinado a desenvolver a competência dos professores, utilizando seminários de atualização, cursos de especialização e outras ações, voltadas também para o pessoal de apoio.
o Programa Médico da Família, de Niterói (RJ). Equipes formadas por um médico e um auxiliar de enfermagem (este obrigatoriamente morador na comunidade) atendem 250 famílias cada uma (no máximo 1,2 mil pessoas). O enfoque é a prevenção, e o público-alvo são as áreas mais pobres. Convênios entre o poder público e associações de moradores respondem pela seleção, contratação e pagamento dos profissionais.
o Programa de Verticalização da Pequena Produção Rural, de Brasília. Pequenas agroindústrias, coletivas ou individuais, são criadas nas comunidades rurais.
O prêmio para cada um dos cinco projetos vencedores (entre 300 inscritos) foi de R$ 10 mil, pagos pelo BNDES, um dos patrocinadores do programa. Outros 15 finalistas receberam R$ 3 mil. Maiores informações: FGV (011) 281-7904 /7905.
Contra a violência
Mário Covas, governador do estado de São Paulo, participou do ato de instalação, na capital paulista, do Instituto São Paulo Contra a Violência. Formado por empresas, entidades e outras organizações, o órgão tem por objetivo promover iniciativas e criar projetos destinados a reduzir as causas da violência. Segundo José Gregori, para que "nenhum de nós fique sem resposta quando a história perguntar o que fizemos contra a violência". O instituto atende pelo telefone (011) 284-2111, ramal 1560.
Lixo real
Mais uma prova de que a estabilidade econômica ajudou as classes menos favorecidas: a produção de lixo cresceu em diversas regiões do país, superando o aumento da população. O que houve de fato foi um crescimento do consumo, que redundou em maior volume de resíduos sólidos. Um levantamento feito pela instituição Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) revelou números surpreendentes: a partir de 1995, a quantidade de lixo coletada no país aumentou 26% anualmente, enquanto a população cresceu apenas 0,4% ao ano. Os resultados regionais mostraram a mesma tendência. Entre julho de 1994 e julho de 1996, a produção de lixo domiciliar, em Belo Horizonte, aumentou 42%. Em São Paulo, somente em 1995, o crescimento foi de 12,3%. No mesmo ano, Curitiba ampliou sua frota de 40 para 51 caminhões coletores. Em Brasília, o acréscimo foi de 25% de 1995 para 1996.
A má notícia é que cresce também a responsabilidade das administrações municipais, a quem cabe coletar essa montanha agora maior de detritos, principalmente em áreas da periferia, muitas delas de difícil acesso.
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