Postado em 03/03/2011
Situado nas terras de uma antiga fazenda – demarcada em 1642 –, o Largo São Francisco reúne um dos mais expressivos conjuntos arquitetônicos da capital. Lá estão localizados a Igreja da Ordem Primeira, mais conhecida como Igreja São Francisco de Assis, e o convento de mesmo nome – erguidos, respectivamente, em 1642 e 1647. Uma das mais célebres entidades erigidas no local, cujo prédio historicamente se confunde com o próprio largo, é a Faculdade de Direito, criada em 1827 e incorporada à Universidade de São Paulo (USP) em 1934.
Conhecida como “a faculdade das Arcadas”, em virtude da sequência de arcos em seu pátio interno – que, por sua vez, copiam as primeiras universidades europeias e viraram uma espécie de símbolo dos cursos jurídicos do país –, a instituição já foi palco de inúmeras manifestações sociais e políticas que mudaram os rumos do Brasil. Entre elas, a campanha pelas Diretas Já! e a resistência contra a ditadura militar.
O Largo São Francisco também já foi o local original de muitos bustos, estátuas, monumentos e marcos, “várias espécies de hóspedes”, como se refere o catedrático Armando Marcondes Machado Júnior – aluno da turma de 1952 – no texto de abertura do livreto Território Livre: Seus Hóspedes Ilustres, editado pela Associação dos Antigos Alunos da faculdade. Entre os “hóspedes” estão a escultura O Beijo Eterno (foto), de William Zadig, e o busto do poeta Álvares de Azevedo – ele também aluno do curso, de 1848 a 1851.
VISTAS CONTEMPORÂNEAS
Cinemateca Brasileira
Fundada por ilustres alunos do curso de filosofia da Universidade de São Paulo – nomes como Paulo Emílio Salles Gomes, Decio de Almeida Prado e Antonio Candido de Mello e Souza –, a Cinemateca Brasileira surgiu como um desdobramento, mais complexo e ambicioso, do Clube de Cinema de São Paulo, criado pelo mesmo grupo. Hoje o local é um dos grandes endereços culturais da cidade. Seu acervo inclui cerca de 200 mil rolos de filmes, que correspondem a 30 mil títulos, entre obras de ficção, documentários, cinejornais, filmes publicitários e registros familiares, nacionais e estrangeiros, produzidos a partir de 1895. Já a biblioteca concentra 1.750 títulos de periódicos brasileiros e estrangeiros. Entre os tesouros, coleções de revistas como A Scena Muda (1921-1955), Cinearte (1926-1942), Cine Imaginário (1985-1990), Cinelândia (1952-1967) e Cinemais (1996-2002). Além disso, há documentos que compõem o Arquivo Histórico da Cinemateca Brasileira e os arquivos pessoais de críticos e cineastas brasileiros, como Glauber Rocha, Francisco Luiz de Almeida Salles, Jean-Claude Bernardet e Paulo Emílio Salles Gomes.
Durante todo o mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a Cinemateca apresenta um amplo panorama do cinema feito por mulheres, na segunda edição da mostra Mulheres na Direção. Já de 11 a 27, o local vai integrar a Semana da Francofonia, promovida pelo Consulado Geral da França em São Paulo, recebendo um dos quatro ciclos que compõem a grade da mostra Clássicos Franceses.
A Cinemateca Brasileira fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo. Para informações sobre o funcionamento da biblioteca e acesso ao acervo cinematográfico, o telefone é (11) 3512-6111. E-mails: contato@cinemateca.org.br e doc@cinemateca.org.br.