Combustíveis, royalties e bicicletas

As recentes descobertas de grandes jazidas de óleo em águas profundas suscitaram uma questão polêmica: a destinação dos royalties e das participações especiais nos lucros gerados pela exploração petrolífera. A definição dos limites marítimos estaduais, cujo critério de demarcação está expresso na lei, é um dos pontos em discussão, uma vez que poços localizados defronte ao litoral de São Paulo, segundo a interpretação legal, encontram-se em águas fluminenses. Para se ter uma idéia das distorções decorrentes dessa situação, basta dizer que, no primeiro trimestre deste ano, dos R$ 1,8 bilhão em participações especiais pagas aos estados, o Rio de Janeiro ficou com R$ 1,79 bilhão. É esse o assunto da reportagem de capa desta edição.

Em outra matéria, mostramos que, embora os poluentes emitidos por veículos automotores tenham comprovada relação com o aumento da mortalidade nos grandes centros urbanos, as novas metas da legislação ambiental correm o risco de ser adiadas. Diante dos expressivos investimentos necessários para atender aos parâmetros de concentração de enxofre no diesel que deveriam vigorar a partir de janeiro de 2009, a indústria baseada no petróleo, escorada na importância econômica que adquiriu no país, tenta transferir essa implantação para dezembro de 2010.

Este número traz ainda outro tema relacionado à preservação ambiental e à qualidade de vida. O Brasil, assim como diversos outros países, vem investindo no assim chamado combustível do futuro, o hidrogênio. O interesse em viabilizar a utilização em larga escala dessa fonte de energia limpa se expressa no desenvolvimento de dois protótipos – um ônibus e um carro – já em fase de testes.

Aliás, a edição fala também de um veículo que não emite poluentes e que oferece ainda a vantagem de melhorar o condicionamento físico do condutor. Trata-se da tradicional bicicleta, da qual o Brasil é o terceiro maior produtor mundial e cujo uso como meio de locomoção as prefeituras das grandes cidades estão agora tentando estimular. O desafio é ampliar a rede de ciclovias e sua conexão com terminais de outras modalidades de transporte de massa.