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Teatro Nacional

Postado em 30/07/2008


Projeto Palco Giratório chega a São Paulo em formato de festival, com trabalhos em artes cênicas de vários cantos do país
 

Quando esteve em São Paulo para apresentar seu musical As Folias do Látex, em 2007, o escritor e dramaturgo amazonense Márcio Souza, em conversa com a Revista E, lamentou a falta de intercâmbio teatral entre as regiões do país. “Não há um programa que possa distribuir os espetáculos de arte do Brasil”, afirmou. O problema ao qual se referia o autor é clássico: no cenário nacional das artes cênicas, boa parte do burburinho se concentra no chamado eixo Sul-Sudeste – ou no eixo Rio-São Paulo, para restringir mais o perímetro e, infelizmente, se aproximar mais da verdade. Por outro lado, o teatro brasileiro é uma malha com pontos espalhados por todo o território nacional. Do Amazonas de Márcio Souza, na Região Norte, ao Nordeste do Grupo Piollin, de João Pessoa, na Paraíba, passando pelo Giramundo Teatro de Bonecos, de Minas Gerais, e pelo Grupo Teatro que Roda, de Goiânia, Região Centro-Oeste, a cena brasileira tem vários sotaques, métodos e estéticas. E promover a circulação de artistas e espetáculos é contribuir para que o país conheça a si próprio.

Foi com esse objetivo que o Departamento Nacional (DN) do Sesc criou, há 11 anos, o projeto Palco Giratório, uma ação voltada para a difusão cultural e para o desenvolvimento das artes cênicas – teatro e dança – no Brasil, também de olho na democratização ao acesso à produção artística. Além de promover a circulação das produções, o projeto também visa explorar as possibilidades dos espaços cênicos que cada Sesc possui nos diferentes estados. Em algumas cidades, as apresentações extrapolam a unidade e acontecem em locais alternativos. “O Palco Giratório é uma iniciativa que já se consolidou como uma das ações mais importantes realizadas sistematicamente no país na área das artes cênicas”, escreve o diretor-geral do Sesc Nacional, Maron Emile Abi-Abib, no catálogo do projeto. O assessor técnico em teatro do DN, Sidnei Cruz, complementa dizendo que, ao ter como objetivo educar “os sentidos dos espectadores brasileiros”, o projeto “é uma forma de ação cultural que procura ampliar os espaços para pesquisa”.

Parada estratégica



Desde março deste ano, 18 espetáculos estão rodando pelo Brasil por meio do Palco Giratório. A itinerância deve terminar em novembro. No entanto, em agosto, o circuito faz uma parada importante: todas as produções se encontrarão em?São Paulo para o Festival Palco Giratório, realizado pelo Sesc São Paulo nas suas unidades da capital e da região do ABC, Santos e Campinas. “Os espetáculos circulam pelo país de duas formas”, explica a assistente para área de teatro da Gerência de Ação Cultural (Geac) do Sesc São Paulo, Flávia Carvalho. “Uma delas é por meio das chamadas ‘etapas’, quando um espetáculo é apresentado isoladamente em um estado. A outra forma é a reunião de todos os trabalhos de uma só vez no formato de um festival.” Flávia conta que o envolvimento do departamento paulista da instituição é total, abrange desde as discussões que estabeleceram as diretrizes curatoriais – o Sesc São Paulo sediou o encontro realizado entre os departamentos regionais no ano passado – até a realização do evento agora em agosto. “O Sesc São Paulo já realiza uma série de circulação de trabalhos pelo interior”, afirma Flávia, referindo-se ao programa de itinerância realizado pela instituição em âmbito estadual. “De modo que estamos familiarizados com esse modelo proposto pelo Departamento Nacional.

Nossa contribuição para o projeto é fazer com que o público paulista tenha acesso a uma produção fora do eixo Sul-Sudeste. São espetáculos que vêm do Nordeste, do Norte, enfim, produções às quais nós pouco temos acesso.” Simone Avancini, assistente para área de dança da Gerência de Ação Cultural (Geac) do Sesc São Paulo, diz que, por outro lado, essa itinerância é fundamental para as próprias companhias, que têm a chance de apresentar trabalhos em locais diferentes. “Nós não conhecemos no Brasil uma iniciativa semelhante”, declara a técnica. “O Sesc tem uma rede imensa de espaços cênicos, de centros culturais, em todas as regiões, então esse é um trabalho realmente único, que promove uma circulação em todas as regiões do Brasil.”


Espetáculos em rotação

Conheça alguns destaques do Festival Palco Giratório

Rio de Janeiro
 
Para quem ainda não conhece o trabalho da Lia Rodrigues Cia. de Dança, essa é uma boa chance (e, para quem conhece, vale a pena rever). A coreografia trazida para o festival é Encarnado (foto), a mais recente no repertório do grupo, criada durante uma residência na Favela da Maré, no Rio. De forte impacto visual, os movimentos de Encarnado discutem a banalização da violência e da morte. Sesc Pompéia, dia 13, às 21h.

 


  
Paraíba
 
Boa oportunidade de conferir o consistente trabalho dos paraibanos do Grupo Piollin. E a dose será dupla: Alguns Rascunhos – A Gaivota (adaptação de A Gaivota do dramaturgo russo Anton Tchekhov), nos dias 28 e 29, às 21h30, no Pompéia, e o seu maior clássico: Vau da Sarapalha (foto), considerado pela crítica carioca, Barbara Heliodora, “um dos mais extraordinários exemplos de criação corporal que temos visto em nossos palcos”. O espetáculo, ganhador do Prêmio Shell, em 1993, é apresentado há dez anos pelo grupo em ocasiões esporádicas – e essa é uma delas. Dias 30 e 31, às 21h30, no Sesc Pompéia.

 

  
Goiás
 
Quer descobrir como é o teatro feito no coração do país? Então vá ver Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote (foto), com o Grupo Teatro Que Roda, de Goiânia. O espetáculo conta a história de um executivo cansado da rotina que passa a encarnar o sonhador Dom Quixote de La Mancha, personagem clássico criado pelo escritor espanhol Miguel de Cervantes. Dia 20, às 12h, no Sesc Carmo.

 

  
Rio Grande do Sul
 
Teatro dos pampas com a Cia. do Giro, que desembarca em São Paulo o espetáculo Larvárias (foto). A experiência é curiosa: conceitual, a peça mostra um “imenso mundo branco” de onde surgem máscaras-larvas em diferentes estados e formas. Vale a pena conferir a solução visual encontrada pelo grupo. Dia 21, às 21h, no Sesc Ipiranga.


Confira a programação completa no Em Cartaz desta edição

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