Postado em 01/07/1999
A Solteirona e o Ladrão
O espetáculo A Solteirona e o Ladrão - Ópera Grotesca em 14 Cenas, do compositor
ítalo-americano Gian Carlo Menotti, foi apresentado pela primeira vez no Brasil no teatro
do Sesc Ipiranga, entre os dias 10 e 20 de junho.
A ópera teve direção musical de Caio Ferraz, direção cênica de João Malatian e fez
parte do projeto Pocket Opera. A Solteirona e o Ladrão é uma ópera cômica moderna em
um ato, composta por Menotti sob encomenda para a rádio norte-americana NBC, em 1939, e
encenada pelo próprio autor em 1941, na Philadelphia Opera Company. Com senso de humor
peculiar, irreverência e fina ironia, aborda a frustração feminina diante da pequena
vida burguesa da cidade do interior, marcada pela solidão e pela falta de perspectivas.
"Procuramos uma montagem que nos remetesse aos EUA pós-recessão da década de 1930
e véspera da Segunda Grande Guerra, por meio de um cenário realista e uma
interpretação bastante 'teatral' dos cantores e de uma trilha gravada que forma um
segundo cenário, um cenário sonoro", conta Malatian. Este "cenário
sonoro" é representado por um aparelho de rádio, que durante o espetáculo
transmite um programa fictício, trazendo informações sobre a vida dos personagens na
cidade americana antes da chegada da televisão.
Arraial no Sesc
Nesta
época do ano, as festas populares dão o tom nas noites frias de junho. Algumas unidades
do Sesc prepararam suas comemorações abordando temas criativos. Como aconteceu no Sesc
Pompéia - Vira Brasil, Vira Portugal - mostrando um pouco da cultura de Portugal e seu
legado ao Brasil. O evento contou com uma programação permanente, constituída por
ambientação cenográfica, exposição, barracas de jogos, livros e comidas e bebidas
típicas. A cada final de semana, no deck solarium, o público teve aulas abertas de
dança, artesanato e apresentações de teatro infantil, quadrilhas, grupos folclóricos,
contadores de histórias e shows musicais.
No Sesc Santo Amaro, foi utilizada toda a praça central da unidade para comemorar sua
primeira festa junina, com direito a quadrilhas, queima de fogos e um tradicional realejo.
Para encerrar a noite, Renato Borguetti e Banda fizeram um grande espetáculo. Já no Sesc
Itaquera, a festa durou quatro dias com muita animação e shows musicais. O evento foi
dirigido para o público em geral, mas também ofereceu atividades direcionadas aos grupos
de terceira idade e escolares. Entre os artistas convidados, apresentaram-se Irmãs
Galvão, Tinoco e Tinoquinho, Renato Teixeira, Pena Branca e Xavantinho, Almir Sater e
Sérgio Reis. No Sesc Paraíso, houve uma série de atividades especiais que incluíram
excursões com participações nas festas típicas de Ibiúna e Joanópolis, uma mostra de
arte naïf com o tema "As Festas Juninas" e um encontro com "contadores de
causos". O Sesc Carmo também não ficou de fora. A unidade transformou-se num grande
arraial junino com a festa Viva São João, na qual houve apresentação de danças
típicas com integrantes do grupo da terceira idade e do Projeto Curumim.
Improvisando
O projeto Dança em Exercício, realizado pelo Sesc Santos, faz, nos meses de
junho e julho, uma incursão no tema "Na Onda da Improvisação". A idéia é
fazer emergir o potencial criador, por meio de um processo de pesquisa sobre as
possibilidades expressivas do corpo. São atividades teórico-práticas que mesclam
palestras, oficinas e espetáculos. Dentre as apresentações, destacou-se a performance
dos bailarinos da Cia. Nova Dança 4, que mostrou seu trabalho no me-zzanino da unidade.
No dia 10 de julho, será ministrada a ofi-cina Nova Dança, coordenada pela coreógrafa
Adriana Grechi. O evento termina com o espetáculo Bootstrapsãopaulo, no dia 18, às 19h,
no Teatro.
Maratona de Teatro
Está em curso desde o dia 30 de junho, no Sesc São Caetano, o I Circuito de
Teatro do Grande ABC. O evento é uma parceria entre o Sesc, o Consórcio Intermunicipal
do Grande ABC e a Secretaria Estadual de Cultura. Foram selecionados três grupos de cada
município participante (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá e
Ribeirão Pires), que percorrem o circuito composto por seis cidades, perfazendo um total
de 90 apresentações. Além dos grupos participantes, companhias de teatro já conhecidas
do grande público foram convidadas para enriquecer ainda mais o evento. Entre elas, a
Cia. São Paulo Fábrica de Teatro, que apresenta a peça A Falecida (foto), dia 4 de
julho, em Ribeirão Pires; o grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões, com Nada de Novo,
dia 11 de julho, em Mauá; e o XPTO, com seu Coquetel Clown, dia 25 de julho, em São
Bernardo do Campo. O evento conta também com a realização de oficinas que abordam os
mais diversos aspectos da produção de um espetáculo, como dramaturgia, técnica e
concepção de luz, cenografia, interpretação, design sonoro e direção. Confira
maiores detalhes no Em Cartaz deste mês.
Festival de Teatro da Terceira Idade
O Sesc de São Paulo já criou tradição na área de oficinas teatrais para
idosos. Inúmeras montagens demonstraram a capacidade de realização da Terceira Idade e
a importância da atividade artística como meio de expressão de idéias e emoções dos
representantes dessa faixa etária. Trata-se de uma importante forma de participação
social na qual os idosos exercem a sua cidadania.
Como decorrência do sucesso dessas iniciativas e objetivando estimular ainda mais a
prática dramatúrgica entre as pessoas idosas, além de possibilitar o intercâmbio de
experiências, está sendo preparado o Festival Sesc de Teatro da Terceira Idade, a ser
realizado de 3 a 8 de agosto, na unidade do Sesc de São Carlos.
O evento contará com a participação de grupos do Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de outros oriundos da capital e do
interior do estado de São Paulo, totalizando 30 elencos já inscritos.
A programação incluirá Workshops de Técnica de Estudo da Personagem, com Celso
Frateschi; Direção, com Carlos Alberto Sofredini; Interpretação, com Jairo Mattos; e
Cenografia e Figurinos, com J. C. Serroni. O público terá também a oportunidade de
participar das seguintes vivências: Expressão Corporal, com Vivien Buckup; Comédia dos
Gestos, com Hugo Possolo; O Poder da Voz e da Fala, com Eudósia Acuña; e Jogos de
Mímica, com Fernando Vieira.
Ester Góes, Ariclê Perez, Gianni Ratto e Sérgio Mamberti estarão na seção de
Depoimentos, falando sobre suas realizações e seus novos projetos. O show de abertura
contará com Mário Lago e o de encerramento será "Piaf", com Bibi Ferreira.
Dramaturgia para Adolescentes
O Sesc Consolação, em parceria com o Instituto Goethe, realizou, no período de
21 a 26 de junho, Um Mergulho na Dramaturgia para o Público Adolescente. Durante seis
dias, a programação do evento estimulou uma discussão sobre a produção cultural para
adolescentes. Pela primeira vez, profissionais de São Paulo, Rio de Janeiro, Alemanha e
Holanda, que trabalham com essa faixa etária, reuniram-se para conversar sobre suas
experiências.
O evento tentou aprofundar algumas questões que cercam o teatro para o público juvenil,
tais como a falta de incentivo, a qualidade de textos e adaptações, e as estratégias
para estimular o público.
A programação do evento contou com mesas de debate, oficinas, aulas-espetáculo com a
presença de autores, diretores e uma psicóloga especializada no assunto.
Os dramaturgos Lutz Hüber (alemão) e Ad de Bont (holandês), além do diretor do Centro
de Teatro Infanto-Juvenil de Frankfurt, Henning Faungauf, participaram dos debates. No
evento, foram apresentadas duas peças vencedoras de prêmios na Alemanha, A Filha do Rei
dos Canalhas, de de Bont, e Coração de um Boxeador, de Hüber.
Os textos foram traduzidos para o português e a montagem foi feita pelo grupo Paidéia,
dirigido por Amauri Falseti, criador e diretor do Centro Cultural e do Grupo de Teatro da
Favela Monte Azul durante doze anos.
Domenico De Masi
O dilema do desemprego coloca a estrutura social de grande parte dos países em
xeque. Enquanto se discutem caminhos para produzir novos empregos para a população
marginalizada, algumas vozes propõem outras alternativas. O italiano Domenico De Masi,
especialista em sociologia do trabalho, esteve em São Paulo no fim de maio para uma
palestra ministrada ao corpo técnico do Sesc. Durante o encontro, ele levantou pontos
surpreendentes e inusitados acerca de trabalho e lazer:
"A gente se pergunta: por quê os seres humanos são tão contrários ao
lazer?". Ele mesmo responde. "Houve épocas em que não se trabalhava tanto.
Lembrem-se de que antes do advento da indústria, antes do século 18, mesmo os escravos
nunca trabalhavam mais que cinco horas por dia, porque ele era um tipo de máquina e o seu
dono tentava não estressá-lo, pois haveria um custo muito alto se a 'máquina'
quebrasse, ou seja, adoecesse. Seria preciso jogá-la fora. Era a motivação econômica
que impedia que ele fosse submetido ao estresse. Foi a sociedade industrial que descobriu
os ritmos das máquinas. Esses ritmos são atualmente frenéticos."
(Leia a transcrição completa da palestra no SescOnline - www.sescsp.com.br.)
Pernambuco no Belenzinho
Sob o nome de Pernambuco, o compositor pernambucano Antonio Nóbrega reuniu em
seu show atual canções, danças, música instrumental e cenas teatrais de seus cinco
espetáculos anteriores. Estão presentes as quatro primeiras canções do Madeira que
Cupim Não Rói; a cena do nascimento de Tonheta e a do seu encontro com D. Deusdédite,
ambos episódios do espetáculo Brincante; o 1o movimento do Concerto em Ré menor para 2
violinos de Bach, presentes no Pancada do Ganzá; baiões, maracatus, cocos e frevos do
Pernambuco Falando para o Mundo; e as histórias e "explicações" da
aula-espetáculo Sol a Pino. A nova performance representará o Brasil no próximo
Festival de Avignon, na França e, segundo Nóbrega, além de todas as notórias
referências pernambucanas, o nome se encaixou perfeitamente porque se refere à mistura
de povos que formam o brasileiro: "Sou um pernambucano de todos os lugares do país.
Se existe uma pureza racial brasileira, ela certamente só poderia ser a mestiçagem.
Dizendo Pernambuco estarei dizendo Brasil." O espetáculo fica em cartaz dias 2, 3 e
4 de julho, no Sesc Belenzinho.
Debate Quadro a Quadro
O evento Quadrinhos, Quadro a Quadro, rea-lizado pelo Sesc Consolação, visa
difundir as variadas possibilidades de linguagem dos quadrinhos por meio de oficinas e
palestras com profissionais nacionais e estrangeiros, que vêm abordando as técnicas e os
mais diversos aspectos que envolvem a produção de um gibi. Dia 29 de junho foi realizado
o debate Ideologia e Sociologia nas Histórias em Quadrinhos, uma mesa-redonda que contou
com a participação da Profa. Lilia Schwarcz, da USP; do assessor do Ministério da
Cultura, Otaviano de Fiore; e ainda do Prof. Décio Pignatari. Os debates foram mediados
pelo Prof. Álvaro Moya e encerraram a série de palestras no curso promovido pelo evento
e que vem sendo mi-nistrado desde abril deste ano. O tema debatido foi o enfoque dado
pelas comics norte-americanas à difusão da ideologia do "american way of life"
(estilo de vida americano) no mundo globalizado.
Arte e Educação Ambiental
O Sesc Itaquera apresentou, nos dias 4 e 5 de junho, a opereta ecológica popular
Procura-se Uma Rosa, espetáculo que contou com a participação de 120 atores
infanto-juvenis. A peça fez parte do programa Pólos Integrados de Educação Ambiental,
do Sesc Itaquera, e aproveitou também para comemorar o Dia Internacional do Meio
Ambiente, 6 de junho. A opereta é resultado do trabalho desenvolvido no projeto Arte e
Amor à Natureza, iniciado em março, em que jovens entre 7 e 14 anos participaram de
oficinas que visavam desenvolver nos adolescentes a criatividade, a sociabilidade e a
cidadania, por meio de oficinas de dança popular, música e manipulação de bonecos,
além de aulas de composição, arranjo, canto, dança e construção de alguns
instrumentos de percussão. O trabalho ficou a cargo dos jovens participantes, que
desenvolveram também os cenários e os figurinos do espetáculo. O projeto foi criado
pela artista popular e cantora Dorothy Marques, por Érika Gisel Rocha e pelo artista
plástico Edson Francisco Lima e ainda contou com a participação especial dos cantores
Décio Marques, Kátia Teixeira, Manoel Pacífico e Noel Andrade Nascimento.
Romantismo na Música
Com a curadoria da professora e pianista Marina Brandão, a série Romantismo, em cartaz
no Sesc Vila Mariana até 17 de agosto, celebra o sesquicentenário da morte de Frédèric
Chopin e o cinqüentenário da morte de Richard Strauss. Além dos espetáculos, o projeto
conta também com oficinas sobre esse longo e fértil período da música erudita. Com
Romantismo, o Sesc Vila Mariana dá continuidade ao evento Concertos Históricos, que
conta com a participação de mais de 400 músicos e apresenta mais de 30 concertos para
um público superior a seis mil pessoas. A atração de abertura (02/06) foi o Quarteto
Amazônia (foto), no programa Quartetos Românticos, que mostrou obras de Strauss e
Dvorák. Com elogiada atuação camerística, o conjunto é formado por Cláudio Cruz e
Igor Sarudiansky (violinos), Horácio Schaefer (viola) e Alceu Reis (violoncelo). Veja a
programação do evento no Em Cartaz.
Um Certo Olhar
A série Solos de Teatro trouxe para o palco do Sesc Ipiranga, nos dias 24 e 25 de junho,
o ator Raul Cortez. Nos meses anteriores, o evento, que tem o objetivo de focalizar o
processo cênico e criativo dos atores, apresentou Denise Stoklos, Fernanda Montenegro e
Gilberto Gawronski. Na apresentação, Raul Cortez encenou a peça Um Certo Olhar - Pessoa
e Lorca, em que o ator dialoga com o público como um contador de histórias, num
espetáculo que discute os 500 anos do descobrimento do Brasil. As poesias consagradas
declamadas foram entremeadas por entrevistas e poemas menos conhecidos. "Juntar dois
poetas ibéricos, aparentemente tão diferentes, ajuda-nos a compreender um pouco mais a
nossa identidade, por vezes tão contraditória". Raul Cortez dança, canta e
sapateia com o acompanhamento dos músicos Cesar Assolant e Marcos Vinícius Penna. O
espetáculo tem a direção de José Possi Neto.
Vôlei Adaptado
Entre os dias 4 e 6 de junho, mais de 500 idosos participaram do Encontro de Vôlei
Adaptado, realizado pelo Sesc Santos. Esse evento faz parte das comemorações do Ano
Internacional do Idoso, instituído pela ONU. O vôlei adaptado foi criado para
possibilitar a prática esportiva alternativa e apropriada para as pessoas acima de 50
anos. Além da atividade esportiva, o programa do encontro, que reuniu equipes de São
Carlos, Taubaté, Praia Grande, São Paulo, Campinas, São Sebastião, São José dos
Campos, Cubatão e Santos, contou com extensa programação cultural, incluindo um baile e
um concorrido city tour pela cidade.
Método Kodály
Acontece no Sesc Vila Mariana, até o dia 10 de julho, o Simpósio Nacional Sobre o
Método Kodály. Fundada em 1993, a Sociedade Kodály do Brasil é uma entidade sem fins
lucrativos, que tem como objetivo difundir o método Kodály e fazer sua adaptação para
os músicos e educadores musicais do Brasil.O método é um processo educacional que visa
o aprendizado integrado da música por meio de atividades que envolvem o trabalho de voz e
sua integração com as demais partes do corpo. A versão brasileira do método,
devidamente adaptada à nossa realidade, além de estar baseada em repertório nacional,
já vem sendo aplicada com sucesso há uma década em cursos de música. A programação
do evento é composta por cursos, oficinas, e apresentações musicais e contará com a
presença de professores universitários, regentes e compositores.
Música para Relaxar
O projeto Segundas no Carmo oferece shows de música popular brasileira, gratuitos ao
público que circula pelo centro velho de São Paulo. Num horário alternativo, sempre às
18h30, as apresentações reúnem quem esteja saindo do trabalho. No último dia 7 foi a
vez de Renato Teixeira mostrar seu talento apresentando canções conhecidas do grande
público, como Peguei a Viola e Romaria. Além de cantar, Teixeira narrou
"causos" ao longo do espetáculo, que ainda contou com a participação das
cantoras Daúde e Virgínia Rosa. As apresentações ocorrem de 15 em 15 dias no Sesc
Carmo.