Fechar X

Parque tecnológico, uma febre passageira?

Postado em 13/11/2007

Prefeituras buscam atrair indústrias voltadas para a inovação

ALBERTO MAWAKDIYE


Arte PB

A surpreendente velocidade com que estão surgindo pelo país os chamados parques tecnológicos – áreas que reúnem médias e grandes empresas ligadas, inclusive geograficamente, a universidades ou instituições de pesquisa – começa a preocupar os especialistas envolvidos com inovação tecnológica.

Um levantamento feito em conjunto pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), vinculada ao governo federal, mostrou que já existem no Brasil pelo menos 55 iniciativas que se autodenominam parque tecnológico, boa parte delas localizadas em cidades do interior. No final da década passada, esses parques somavam pouco mais de uma dezena.

O número inclui os parques tecnológicos consolidados, os que se encontram em fase de implantação e mesmo aqueles que ainda estão em projeto. E já equivale a quase 15% da quantidade de incubadoras de empresas existentes no país – cerca de 400.

Muito mais simples e de aspirações mais modestas, as incubadoras podem ser montadas em qualquer local e não mantêm, necessariamente, vínculos com universidades. Além disso, a atividade-fim das empresas nelas residentes não é obrigatoriamente voltada para a pesquisa e o desenvolvimento, como é o caso daquelas abrigadas nos parques.

"À primeira vista, o número parece realmente um pouco alentado. Não sei se há tantas cidades brasileiras capazes de abrigar um parque tecnológico na acepção precisa do termo", afirma Guilherme Ary Plonski, vice-presidente da Anprotec e que ocupou de 2001 a 2006 a superintendência do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo. "Temo que possa estar ocorrendo no país uma certa banalização do conceito de inovação."

Plonski diz que a Anprotec e a ABDI já iniciaram outro estudo, desta vez para ver o que está, de fato, acontecendo no universo dos parques tecnológicos. Os resultados do estudo irão gerar subsídios para a modelagem de políticas públicas para o segmento.

O que há, hoje, são apenas regras gerais. Embora os proponentes sejam normalmente o poder público ou as universidades, os parques tecnológicos constituem uma figura jurídica delineada por acordos internacionais na área de pesquisa e desenvolvimento. De qualquer forma, algumas dessas regras são bastante duras, como aquela que exige, por exemplo, uma distância não superior a 4 quilômetros entre a sede do parque e uma instituição de pesquisa de renome internacional.

Inchaço

Diga-se que a suspeita de que poderia estar ocorrendo uma espécie de "inchaço" nessa modalidade avançada de produção industrial não começou com o levantamento da Anprotec e da ABDI. O governador mineiro, Aécio Neves, por exemplo, encontrou sobre sua mesa de trabalho logo ao assumir o cargo, em janeiro deste ano, nada menos do que 11 projetos de criação de parques tecnológicos em Minas Gerais.

Assustado – caso aprovasse todos eles, teria de mobilizar a máquina do governo para apoiá-los, incluindo a área econômica –, Aécio convocou alguns especialistas para certificar-se da viabilidade de cada uma das iniciativas.

Resultado: sobraram apenas três – os das cidades de Viçosa, Itajubá e Belo Horizonte, que abrigam indústrias importantes nas áreas de software para o agronegócio (a primeira) e metal-mecânica (a segunda), além de contar com universidades federais e instituições de pesquisa de qualidade reconhecida internacionalmente.

"Alguns dos projetos não tinham a menor consistência técnica e foram apresentados obviamente por motivação política", critica Paulo Tadeu Leite Arantes, diretor executivo do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional (Centev) da Universidade Federal de Viçosa. "O conceito de parque tecnológico não deve ser usado como uma panacéia, ou pode acabar perdendo todo o seu conteúdo."

Arantes reconhece, entretanto, que o empenho de diversas cidades em abrigar um parque tecnológico é bastante compreensível. Nem tanto, como se poderia supor, pelo eventual interesse dos municípios em verbas subsidiadas – os parques recebem, tradicionalmente, pouca ajuda do governo federal. O Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI) prevê o rateio entre as instituições do país de uma verba de apenas R$ 360 milhões no período entre 2007 e 2010. Naturalmente, deverá sobrar muito pouco para cada uma delas.

A razão é outra. A verdade é que essa modalidade de desenvolvimento industrial, de inspiração principalmente européia e asiática, vem se mostrando bastante eficiente nas cidades onde os parques já estão consolidados. Nada mais natural, portanto, que outros municípios queiram também ter o seu.

A recente promulgação da Lei do Bem e da Lei da Inovação, pelo governo federal, que facilitaram o intercâmbio das empresas com os institutos de pesquisa e o acesso aos recursos das agências de fomento tecnológico, é outro fator de estímulo. E há ainda o fato, nada desprezível, de os parques tecnológicos (neste caso, do mesmo modo que as incubadoras) poderem ser montados no âmbito dos mais diferentes setores da economia, desde que tenham interface com a alta tecnologia. Poderiam, assim, pelo menos em tese, ser criados a partir de uma pequena base industrial preexistente, e nascer já minimamente auto-sustentáveis.

Dentre os parques mais bem-sucedidos, há desde aqueles voltados para a informática, como os de Caxias do Sul (RS), do Recife (PE) e de Campina Grande (PB), até os focados em produtos e serviços de biotecnologia, como o de Lavras (MG), na agroindústria, como o de Cascavel (PR), e em eletrônica e robótica, como o de São Carlos (SP).

A distribuição geográfica dos parques já consolidados também é bastante capilarizada – outro incentivo para prefeituras e entidades de ensino e pesquisa espalhadas pelo país –, embora os mais importantes estejam nas regiões metropolitanas e nas principais cidades do interior. O que faz sentido, haja vista a notória concentração das boas universidades e institutos de pesquisa brasileiros nesses locais.

Assim, dentre os maiores parques, que abrigam várias dezenas de empresas – e quase sempre ainda, agregada, uma pequena incubadora de base tecnológica – estão o Parque Tecnológico de São Paulo/Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), que funciona na Universidade de São Paulo (USP), o ParqTec, sintonizado com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e com a USP-São Carlos, o ParqCamp, da também paulista Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Tecnopuc, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, e os parques digitais do Recife e de Campina Grande.

Há grandes parques também ligados a instituições respeitáveis do Rio de Janeiro, Fortaleza, Florianópolis e no vale dos Sinos (RS). Algumas ricas cidades do interior também têm parques de certo porte e tecnologicamente prósperos, como Petrópolis (RJ), Uberaba (MG) e Ribeirão Preto (SP), estas duas últimas fortes no agronegócio.

Precondições

"Em todos esses grandes parques há um traço comum: a preexistência de universidades e institutos de pesquisa referenciais e de pelo menos algumas indústrias com viés high-tech", observa Olívio Ávila, diretor executivo da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei). "Os parques deram certo porque apresentavam as precondições para isso."

Segundo ele, para má sorte da maioria das cidades, além de as boas instituições brasileiras de ensino e pesquisa estarem concentradas em poucas áreas do país, só 2% a 3% das cerca de 90 mil empresas industriais que não estão abrigadas nos parques ou em uma ou outra incubadora são de base tecnológica – e, quando isso ocorre, trata-se quase sempre de multinacionais ou grandes empresas de capital nacional. "A verdade é que poucas indústrias do país teriam, hoje, condições tecnológicas de participar de um empreendimento desse tipo", lamenta. "Nunca houve muito investimento nessa direção."

Essa pequena base produtiva tecnológica explica, de acordo com Ávila, por que o Brasil está situado em um medíocre 48º lugar no ranking mundial da inovação, mas também o sucesso das empresas participantes dos parques. Inovação dá dinheiro para quem faz e, com pouca concorrência, mais ainda.

De fato, as empresas que conseguiram abrigar-se em parques tecnológicos não têm do que se queixar – assim como as próprias instituições que as acolhem. Criado em 2001, em uma área urbanisticamente recuperada da região portuária do Recife, o Porto Digital, por exemplo, nasceu com 11 empresas, e hoje tem 86. Dentro dele, funcionam seis instituições de pesquisa e fomento.

Grandes exportadoras de sistemas de informática, as companhias residentes no Porto Digital oferecem mais de 3 mil empregos diretos, 80% dos quais de nível superior. A remuneração dos trabalhadores é duas vezes e meia maior que a média registrada na região metropolitana do Recife. E o parque já responde por parcela importante da receita tributária da capital pernambucana.

Na paraibana Campina Grande, algumas empresas abrigadas no Parque Tecnológico da Paraíba (ParqTcPB), vinculado à universidade federal que leva o nome da cidade, tornaram-se referências nacionais na área de eletrônica e informática, dado seu poder de inovação. É o caso da Insiel, que desenvolveu a primeira tornozeleira eletrônica para monitoramento de presos em regime semi-aberto do país – um equipamento similar ao que controlou o casal de líderes da Igreja Renascer, Sonia e Estevam Hernandes, durante seu recente julgamento nos Estados Unidos.

"O projeto levou em conta as exigências impostas pelo sistema judiciário e pelos órgãos fiscalizadores nacionais", explica Juan Pinheiro, diretor administrativo da empresa. Produzida com fibra de carbono e dotada de sensores GPS, a tornozeleira está sendo testada em presos do município paraibano de Guarabira e já despertou o interesse de autoridades do Paraná e do Rio Grande do Sul.

Os municípios que abrigam parques tecnológicos, além das vantagens tributárias diretas e da geração de emprego e renda qualificados, também são favorecidos pelos benefícios que essas instituições trazem para o portfólio econômico local. Principalmente nas cidades menores, os parques, até por inércia, como que empurram o conjunto das indústrias para a alta tecnologia.

Foi o que aconteceu com São Carlos, localizada no centro do estado de São Paulo. Tradicional centro universitário de apenas 200 mil habitantes e hoje com cerca de 500 indústrias – essa quantidade duplica quando se incluem as dedicadas ao agronegócio –, a cidade tem atualmente cerca de 150 empresas de base tecnológica, um número decorrente da natural formação de cadeias produtivas e da substituição periódica de empresas "incubadas" por novos projetos empresariais.

A maioria das indústrias são-carlenses que ficaram independentes se tornaram pequenas potências tecnológicas, e hoje têm participação expressiva no mercado brasileiro, como a MRI Tecnologia Eletrônica. Criada em 1991 e incubada no ParqTec entre 1994 e 99 – hoje a empresa é apenas uma eventual parceira da instituição –, a MRI é voltada para o desenvolvimento e a fabricação de controles eletrônicos e equipamentos para automação industrial e comercial.

"O mercado tem uma enorme demanda por produtos com alto grau de tecnologia agregada", diz Marcos Henrique dos Santos, diretor da empresa. Um item desenvolvido pela MRI foi o terminal remoto de dados (TRD). Instalado nas maiores unidades produtoras de açúcar e álcool do país, ele é empregado no processo de análise da qualidade da cana em usinas e destilarias. A empresa também atua como parceira no desenvolvimento de equipamentos para a área médica e de instrumentação, fornecendo ainda produtos para o mercado de eletrificação rural (cercas eletrônicas) e aparelhos de diagnóstico para o setor automotivo.

É esse cenário econômico quase paradisíaco que as pequenas e médias cidades brasileiras desejam alcançar, quando propõem a criação de parques tecnológicos. Há algumas que apreciaram tanto a experiência que, mesmo já contando com um parque, estão montando outro, como Canoas, na Grande Porto Alegre.

Já dispondo do Centro de Empreendedorismo e Parque Tecnológico de Canoas (Cecan), com várias indústrias de alta tecnologia, a cidade deve inaugurar, em 2008, o parque da Incubadora Tecnológica Empresarial São Lucas (Iteslu), da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), uma das maiores do país. O local oferecerá infra-estrutura em uma área de 15 hectares para a instalação de empresas de inovação tecnológica de médio e grande porte. A Iteslu abriga hoje 23 empresas, e várias delas serão removidas para o parque.

"A idéia é que fiquem no parque indústrias que possam fazer interface com os institutos, laboratórios e as áreas de engenharia da Ulbra, como metal-mecânica, automotiva, de energia, meio ambiente, telecomunicações, software e saúde, entre outras", informa Rosângela Fraga Alves, diretora da Iteslu.


O mau exemplo dos distritos industriais

Para os especialistas, a possível banalização dos parques tecnológicos no Brasil tem duas razões de fundo: tanto a crônica dificuldade que as cidades do interior sempre encontraram para se industrializar, como o cultivo de uma espécie de "cultura da imitação", que as faz correr atrás de modelos consagrados, em vez de investir em formas autóctones e auto-sustentáveis de desenvolvimento – financiando os pequenos empresários locais, por exemplo, em parceria com órgãos especializados.

O Brasil não pode, nem de longe, ser considerado um país em que a industrialização, que começou a tomar forma no final da década de 1950, é bem distribuída. Por razões históricas – das quais a escassez de capital para a criação de um colar de cidades médias fortemente industrializadas, como fizeram a Europa e os Estados Unidos é, sem dúvida, a mais importante –, perto de um terço da produção industrial advém ainda da Grande São Paulo, onde se concentrou a maioria dos investimentos produtivos. Outra boa parte é originada de regiões metropolitanas de capitais do sul, sudeste e nordeste do país.

Contam-se nos dedos as cidades do interior realmente industrializadas. A maioria está no próprio estado de São Paulo, como Campinas, São José dos Campos, Sorocaba e Ribeirão Preto. Caxias do Sul (RS) e Joinville (SC), na região sul, municípios do interior fluminense, algumas cidades de Minas Gerais localizadas no vale do Aço e nas montanhas do sul mineiro, e Ilhéus (BA), Campina Grande (PB) e Sobral (CE), na região nordeste, também se enfileiram entre as exceções.

Isso não quer dizer que o restante das cidades brasileiras tenha economia exclusivamente agropastoril. Para crédito principalmente das prefeituras, que jamais deixaram de despender esforços para atrair indústrias para seu território, milhares de municípios brasileiros contam nem que seja com duas ou três fábricas em seus muitas vezes incipientes "distritos industriais".

Na verdade, o que parece ser a moda dos "parques tecnológicos" foi, de certa forma, precedido pela dos "distritos industriais" – sua versão "hardware", pode-se dizer assim –, que, aliás, ainda não acabou inteiramente, apesar dos evidentes sinais de esgotamento.

Deseconomia

De acordo com Paulo Tadeu Leite Arantes, da Universidade Federal de Viçosa, esse tradicional modelo de "mini-industrialização" disseminou-se, principalmente, entre os anos 1970 e 1985, quando várias indústrias paulistanas começaram a migrar para cidades próximas, para fugir do cenário de deseconomia que pairava sobre elas. "A elevação dos preços dos terrenos, que dificultava projetos de ampliação, e o custo de mão-de-obra e de logística foram os principais motivadores dessa migração", explica.

Para disputar a preferência dessas indústrias e, claro, atrair novas, prefeituras de vários pontos do país acenavam tanto com a oferta de benefícios fiscais como de infra-estrutura praticamente gratuita nas áreas escolhidas como distritos industriais.

No entanto, foram relativamente poucas as cidades médias e pequenas que conseguiram se desenvolver a partir desse modelo. Um dos casos de maior sucesso foi o de Guarulhos, na Grande São Paulo. Colada à região nordeste da capital, a 20 quilômetros do centro histórico da Sé, e servida por rodovias importantes como a Presidente Dutra, a Ayrton Senna e a Fernão Dias – sem mencionar que em seu perímetro está também instalado, desde o início dos anos 1980, o Aeroporto de Cumbica –, Guarulhos é hoje uma das cidades mais industrializadas do país.

Nos distritos industriais de Cumbica, Itapegica e Bonsucesso, há 564 indústrias e 413 transportadoras, de nomes arquiconhecidos como Petrobras, Bardella, Dupont, Randon, Pfizer, Yamaha e Editora Saraiva, por exemplo. "A cidade soube aproveitar as circunstâncias favoráveis. Melhor que isso, temos ainda muito espaço disponível para oferecer às indústrias", diz Antônio Carlos de Almeida, secretário de Desenvolvimento Econômico do município.

A maioria das cidades, contudo, não teve a mesma sorte, por estarem muito distantes dos grandes centros, por não serem tão bem providas de rodovias ou ainda por não terem suficiente mão-de-obra qualificada. O excesso de competição – a chamada "guerra fiscal" – também pesou. Hoje, quase não existe município brasileiro de certo porte que não tenha seu distrito industrial ou que não planeje implantá-lo.

Há milhares de distritos no país com um número insignificante de empresas, sem falar daqueles que continuam rigorosamente vazios, principalmente no nordeste, em muitos casos por malversação dos benefícios fiscais. Em 1995, um grupo de 457 indústrias foi acusado de ter recebido US$ 532 milhões em subsídios da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e não ter tirado os projetos do papel.

Outro problema é que as indústrias, hoje, nestes tempos de globalização e comunicação instantânea, não têm pátria. Elas podem até ser atraídas para uma determinada cidade, mas, dependendo de sua atividade-fim, mudam-se para outra na primeira oportunidade, se isso lhes for conveniente.

No ano passado, quando lhe perguntaram qual seria hoje o melhor lugar do mundo para montar uma fábrica, um alto executivo da Philips mundial simplesmente respondeu: "Um navio". Assim, de um dia para o outro, todo o investimento de um município pode escapar pelo ralo. É uma experiência dramática por que muitas cidades brasileiras já passaram, como São José dos Pinhais (PR), quando perdeu a montadora da Chrysler, anos atrás.

São José tinha outras empresas para atenuar o golpe, mas, quando a cidade depende praticamente de uma única indústria e esta resolve partir, a experiência pode ser aterradora.

Antes de se tornar o vigoroso pólo da área de eletrônica e tecnologia de informação que é hoje – quase um megaparque tecnológico – Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, por exemplo, passou por uma crise dessas. Com grande sacrifício fiscal, a cidade conseguiu atrair, nos anos 1990, uma grande produtora de componentes eletrônicos, a Waytec, que rapidamente empregou 4 mil pessoas, mais de 10% da população do município.

No entanto, a empresa permaneceu em Santa Rita apenas cinco anos. A prefeitura de Ilhéus, cidade baiana que também começava a se dedicar à produção de eletrônicos, fez à Waytec uma proposta que Santa Rita não conseguiu cobrir. Da noite para o dia, a cidade tinha 4 mil desempregados. Algo parecido aconteceu com a vizinha Itajubá, quando uma fabricante de autopeças portuguesa também resolveu se mudar.

O caso de Juiz de Fora, ainda em Minas Gerais, é igualmente emblemático. O governo mineiro e a prefeitura local investiram milhões de dólares nos anos 1990 para atrair a Mercedes-Benz, que começou a produzir ali o Classe A. Esse carro, como se sabe, não vingou no Brasil. Uma fábrica que deveria gerar 12 mil empregos hoje é responsável por cerca de mil. A unidade virou uma plataforma de exportação, e é certo que a Mercedes só não abandona Juiz de Fora por razões contratuais. 

 

Comentários

Assinaturas


 

Escolha uma rede social

  • E-mail
  • Facebook
  • Twitter

adicionar Separe os e-mails com vírgula (,).

    Você tem 400 caracteres. (Limite: 400)