Postado em 01/07/1998
Não basta tomar o remédio certo para curar uma doença. É preciso também tomá-lo da maneira correta, para que o medicamento tenha o efeito desejado. Quem faz esse alerta é o professor de toxicologia e diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Seizi Oga.
Segundo ele, não é recomendável ingerir remédios junto com chá, leite ou sucos, uma vez que esses líquidos podem fazer com que o organismo elimine algumas substâncias contidas nos medicamentos
.Desde a Antiguidade, os chás são usados como antídoto de venenos, principalmente os amargos e aqueles que "amarram a boca", por conterem uma substância chamada tanino, que induz o organismo a eliminar toxinas. Os sucos também contêm tanino, em pequena quantidade, mas podem provocar o mesmo efeito dos chás. E, no caso do leite, algumas substâncias contidas nos medicamentos podem reagir com o cálcio e ser eliminadas pelo organismo.
Seizi Oga diz que a interação de medicamentos também é um risco para quem toma mais de um remédio por vez, já que um pode potencializar os efeitos do outro, provocando uma intoxicação, ou então anular seus efeitos. Ele explica, por exemplo, no caso de antibióticos, que a penicilina e a tetraciclina, por atuarem de forma diferente no organismo, quando utilizadas em conjunto não eliminam as bactérias da doença e, conseqüentemente, não curam o doente.
Em busca de nova droga
Seizi Oga, que é também pesquisador, vem trabalhando no desenvolvimento de uma droga para mudar o mecanismo de absorção de fármacos pelo organismo. Ele explica que, quando um remédio é ingerido, a maior parte do medicamento vai para a corrente sanguínea, passa pelo fígado, onde sofre biotransformações, volta para a corrente e só depois chega aos órgãos que necessitam do tratamento. Contudo, uma pequena parte do remédio passa primeiro para a linfa e depois cai diretamente na corrente sanguínea, sem passar pelo fígado. Portanto, a parte absorvida pela linfa pode ser mais bem aproveitada pelo organismo, uma vez que chega aos órgãos sem ter sofrido biotransformações. O objetivo da pesquisa de Seizi Oga é encontrar uma droga que direcione mais medicamento para a linfa, quando for necessário, para que seu aproveitamento seja melhor.
A força da mulher
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as mulheres são responsáveis por mais da metade de toda a produção de alimentos no mundo. Nas áreas rurais, são elas, quase que exclusivamente, que cuidam da nutrição das crianças, além de serem as principais produtoras e processadoras de alimentos para suas famílias. Na maior parte do mundo, as mulheres passam cerca de cinco horas por dia coletando lenha e água e até quatro horas preparando alimentos.Por essa razão, a FAO anunciou, no dia 8 de março último - Dia Internacional da Mulher - que o tema deste ano para o Dia Mundial da Alimentação será: "A mulher alimenta o mundo". Essa escolha visa enfatizar a significativa contribuição da mulher no lar e à segurança alimentar da família.
O objetivo do Dia Mundial da Alimentação é fortalecer as ações de solidariedade em âmbito nacional e internacional para o combate à fome e à desnutrição, assim como às suas causas básicas. Atualmente, cerca de 800 milhões de pessoas no mundo não conseguem suprir suas necessidades básicas diárias de energia, por não disporem de alimento suficiente.
Mapas para cegos
Com tecnologia trazida do Canadá, a pesquisadora Regina Araújo de Almeida, da Universidade de São Paulo (USP), pretende dar novo impulso ao trabalho que vem desenvolvendo há nove anos com linguagem gráfica tátil, que facilita o aprendizado de geografia por pessoas cegas.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) doou ao Departamento de Geografia da USP um computador canadense com software e equipamentos adaptados para a confecção de mapas para deficientes visuais. O programa permite traçar e imprimir mapas em relevo e dotá-los de mensagens sonoras.
Uma nova etapa do projeto prevê a adaptação desses recursos gráficos táteis à elaboração de mapas para pessoas da terceira idade, com informações sobre linhas de metrô, ônibus e arredores de suas residências.
Questão ambiental
O lixo e os efluentes líquidos provenientes de hospitais são um problema em grande parte das cidades brasileiras, pelo alto risco de disseminação de infecções. Pensando nisso, a empresa White Martins apresentou, na feira Hospitalar 98, que aconteceu em São Paulo, de 17 a 20 de junho, um novo processo de incineração de resíduos hospitalares, no qual a queima é enriquecida com oxigênio e destrói todos os agentes patogênicos, transformando os resíduos em lixo comum. Esse sistema reduz a quantidade de lixo para menos de 5% do volume inicial, poupando espaço nos aterros sanitários, além de apresentar emissão de gases inferior à de um ônibus urbano.
Para os efluentes líquidos, a empresa desenvolveu pequenas estações de tratamento que utilizam oxigênio para acelerar o processo de decomposição orgânica e, depois, ozônio para desinfetar a água, eliminando os riscos para a população e o meio ambiente.
Obras de Benedito Calixto recuperadas
A Bolsa de Café de Santos, depois de 76 anos de sua inauguração, investe na recuperação das obras de arte que compunham seus suntuosos ambientes. Do acervo constam cinco telas e um imenso vitral assinados pelo renomado pintor santista Benedito Calixto, que vêm sendo recuperados desde março último pela equipe da restauradora Sílvia Regina Ferreira, contratada pela Spenco Engenharia e Construções, empresa responsável pelo serviço. As telas, enormes - uma delas mede quase 4 metros de largura por mais de 2,5 metros de altura -, retratam momentos históricos da cidade de Santos e estão fora de catálogo.
A fachada do prédio da Bolsa de Café, toda decorada com esculturas que representam a agricultura, a navegação, o comércio e a indústria, também está passando por um trabalho de recuperação. As obras maiores e que mais atraem a atenção, criadas pelo escultor alemão Van Emelin, estão fixadas a mais de 30 metros de altura e encontravam-se em péssimo estado de conservação.
Já totalmente restauradas, todas essas peças, além de muitas outras, em breve passarão a fazer parte do acervo do Museu do Café, que será instalado no próprio prédio da Bolsa de Café de Santos.
Mea culpa
Oito anos depois da elaboração do documento que ficou conhecido como "Consenso de Washington", e que continha dez recomendações de reformas macroeconômicas para tirar a América Latina e o Caribe da crise dos anos 80, o Banco Mundial (Bird) divulgou, no final de junho, um estudo em que chama a atenção para as distorções provocadas pela execução de políticas em prol do mercado sem que haja um quadro institucional adequado. Intitulado "Depois do Consenso de Washington: a importância das instituições", esse estudo também aprofunda o debate sobre a necessidade de adoção e aperfeiçoamento de regras que definam o comportamento de organizações e de indivíduos nas economias de sociedades democráticas.
Ao que parece, em menos de uma década o Bird despertou para as nocivas conseqüências daquelas recomendações, tanto que em suas conclusões exalta a necessidade de instituições sólidas, que garantam a produção de bens públicos de qualidade, como "ar limpo e ruas seguras", por exemplo. Por óbvias que possam parecer, essas considerações não constavam do Consenso de Washington, que, à exceção da proteção ao direito de propriedade, ignorou as possíveis distorções que as mudanças institucionais poderiam acarretar, centralizando suas recomendações em tópicos como liberalização comercial, desregulamentação de mercados e privatização de empresas públicas.
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