MARCOS VILAÇA

O acadêmico fala da importância da língua
para a cultura de um país e explica o papel da Academia Brasileira
de Letras, da qual é o atual presidente
Marcos Vinícios
Rodrigues Vilaça nasceu em Nazaré da Mata, em Pernambuco,
no dia 30 de junho de 1939. Formado em ciências jurídicas
e sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) em 1962, tornou-se, três anos depois, o primeiro ocupante
da cadeira de número 35 da Academia Pernambucana de Letras. Autor
de vasta bibliografia, conquistou alguns dos mais importantes prêmios
literários do país - como o Prêmio Joaquim Nabuco,
em 1961, por Em Torno da Sociologia do Caminhão (Editora Tempo
Brasileiro). Exerceu também funções públicas,
tanto em seu estado quanto no governo federal, além de ser membro
de conselhos deliberativos de instituições jurídicas
e artísticas, destacando-se a participação no Conselho
Diretor da Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
- órgão ligado ao Ministério da Educação
- em três ocasiões, a mais recente delas de 1984 a 1990.
Ministro do Tribunal de Contas da União desde 1998 e sétimo
ocupante da cadeira de número 26 da Academia Brasileira de Letras
(ABL), Vilaça é o atual presidente da casa - eleito em
dezembro de 2005. Em entrevista à Revista E, o jornalista, poeta
e ensaísta falou sobre os braços de atuação
da ABL e ressaltou a importância e o poder da língua para
a construção de uma cultura sólida.
Qual é a importância de uma instituição
como a Academia Brasileira de Letras? E o que ela faz de fato?
Bom, vou tentar responder. A Academia tem, sob o ponto de vista estatutário,
o compromisso de defender a língua portuguesa e a cultura nacional.
Compete-lhe essa presença de modo muito particular. Mas, afinal
de contas, o que é a defesa da língua? É organizar
o dicionário, é participar dos acordos internacionais
que visem a disciplinar o uso da língua, é a aceitação
referente a neologismos [emprego de palavras novas, derivadas ou formadas
de outras já existentes, na mesma língua ou não]
e também a incorporação de termos novos. Tudo isso
passa pela Academia e sem o endosso dela, sob o ponto de vista legal,
esse tipo de coisa [essas alterações e proposições]
não existe. Sem o parecer da Academia não há como
fazer uma lei no Brasil sobre esses assuntos específicos. Ora,
como é que a Academia atua nesses casos? Por exemplo, nós
temos o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
[obra que registra a forma oficial de escrever as palavras no português
falado e escrito no Brasil contemporaneamente], exclusivamente com palavras
em português - senão, não é vernáculo.
A Academia está preparando um dicionário, para sair em
breve, destinado a estudantes. Para isso, conta com uma equipe de 20
lexicógrafos [profissionais que elaboram dicionários,
dicionaristas] que estão trabalhando nesse projeto. E há
também aqueles dicionários que são feitos com a
participação da Academia - como o Aurélio, o Houaiss
etc. A Academia se faz presente nos assuntos ligados à Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) [composta de Brasil,
Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
São Tomé e Príncipe, e por Macau, Timor Leste e
Goa], a qual define acordos ortográficos. Há pouco tempo,
esteve aqui o secretário-executivo da CPLP, o embaixador de Cabo
Verde Luís Fonseca. A intenção de sua vinda era
para justamente buscar a participação da Academia para
mobilizar o governo brasileiro em torno da inclusão dos países
que ainda não aderiram ao acordo [Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, assinado em 1990 pelos países da CPLP,
mas que até agora não entrou em vigor por não ter
sido ratificado pela maioria desses países] e também para
aqueles trabalhos que chamamos de atualização do acordo
- que também já tem assinaturas parciais. Esse acordo
demorou muito para ser feito, agora já precisa de uma certa atualização.
E qual a posição
da Academia, ela é favorável a essa unificação?
É favorável à unificação e é
favorável também ao entendimento de que a língua
é um ser vivo. A língua não pode ser imobilizada,
não existe isso, ela está em permanente processo de mutação.
Agora, a Academia não entende mutação como desorganização,
não queremos desorganizar a língua. Não é
isso. Mas sim aceitar a língua no seu processo de evolução.
Esse é um capítulo no qual reconhecemos que há
interesses muito fortes de editoras e de professores, ou seja, há
interesses comerciais para que permaneça essa situação.
No entanto, há convicções, do ponto de vista técnico
ou gramatical, que têm de ser conciliadas. Tem de se encontrar
um modo comum de operação. A Academia está ciente
dessa diversidade e luta, como é do temperamento brasileiro,
por confluências. Depois de simplificar o capítulo língua
com isso que disse, é preciso ajuntar logo a seguir o fato de
que a Academia entrou firme no processo da internet. Hoje, nós
temos um portal dinâmico, o qual a Universidade de Salamanca [na
Espanha], por exemplo, considera um dos dois melhores portais brasileiros.
O outro é o da Biblioteca Nacional. Salamanca considera o portal
da Academia como fonte de pesquisa e referência. Isso há
pouco mais de um ano e meio não existia.
E o que levou
a Academia à internet?
Nos dias de hoje não se pode deixar de ter intimidade com a internet.
Por exemplo, todos os nossos seminários, conferências,
atos de posse dos acadêmicos, enfim, tudo que acontece para o
público aqui na Academia está on-line nos dias de hoje.
Recentemente, tivemos um seminário aqui sobre a favelização
nos grandes centros urbanos e o processo de interação
da Academia com essa questão foi forte. Entre outros participantes,
tivemos o acadêmico Hélio Jaguaribe, o Paulo Lins - homem
da Cidade de Deus [no Rio de Janeiro] - e a Aspásia Camargo -
falando do ponto de vista sociológico. E isso foi on-line. Outro
exemplo são as posses dos acadêmicos, que hoje são
mais acompanhadas no sistema on-line do que de pessoas aqui presentes.
Ademais, não estamos mais usando somente o auditório para
esses atos, estamos pondo telões em outros espaços da
Academia porque o público que participa desses acontecimentos
não cabe no salão. Esse portal inaugura proximamente outra
etapa que será A Academia Responde. Nós vamos acolher
perguntas sobre a língua, e um grupo de lexicógrafos -
conduzidos por Sérgio Pachá [lexicógrafo-chefe
da ABL] e pelo acadêmico Evanildo Bechara, que é um dos
melhores especialistas do mundo em matéria de língua portuguesa
- irá supervisionar as respostas. O portal da Academia, que antes
era visto por 30 ou 50 pessoas por mês, hoje é visto por
centenas de milhares mensalmente.
Ouve-se, muitas
vezes, que a Academia se exime de fazer edições consolidadas
de, por exemplo, Machado de Assis. Então, há edições
de Dom Casmurro de todo jeito, com modificações do texto,
nem sempre de atualização ortográfica. Em contrapartida,
a Academia Francesa de Letras é citada, por exemplo, como entidade
muito mais dedicada a consolidar a obra do país. O que você
acha disso?
Eu acho que é preciso considerar que a Academia Francesa de Letras,
desde sua fundação, sempre teve recursos - porque teve
dotações do setor público. A Academia Brasileira
de Letras não tem, e não quer, recursos governamentais.
Nós nos cosemos das próprias linhas, e essas linhas não
são muito fartas, mas hoje já permitem que a Academia,
por exemplo, seja uma editora de porte médio. Posso citar a co-edição
que fizemos do livro do Antonio Candido, as nossas edições
estão crescendo. E vamos fazer em 2008, centenário da
morte do Machado [de Assis], a edição completa de suas
obras. No entanto, não vamos editar porque não dispomos
de meios para isso, mas, uma vez recebendo a solicitação
de uma editora, encontraremos uma forma de compatibilizar nossa participação.
Agora, não é só com Machado que esse tipo de coisa
acontece. O problema está nas obras do Jorge Amado, do João
Ubaldo [Ribeiro], do Graciliano Ramos, esse problema de distorção
de edições que você encontra entre os antigos e
os modernos. É um problema que está sempre presente. Mas,
voltando às coisas da Academia, mantemos uma cátedra de
assuntos brasileiros na Universidade de Oxford. Pouca gente sabe disso.
Já estiveram por lá José Murilo de Carvalho, Ana
Maria Machado e Sergio Paulo Rouanet. No próximo ano, certamente,
estará o Ivan Junqueira.
Não há
uma compreensão desses organismos de poder ligados à cultura
no Brasil no âmbito internacional? Nós somos muito tímidos
nisso?
Muito tímidos. E, depois, veja que, quando a Real Academia Espanhola
fez o dicionário da língua espanhola, o fez com a 17 academias
de países que falam espanhol. Aqui, nós trabalhamos sozinhos.
Portugal escreve de um jeito e não aceita implantação
- assina, mas não aceita o acordo ortográfico. Com a pacificação
e o crescimento em Angola, e o mesmo acontecendo em Moçambique,
daqui a pouco os problemas não serão somente em Portugal,
estarão também em Angola e Moçambique. Este último
é um país com uma vertente para a comunidade britânica
muito forte. Daqui a pouco, o português começará
a sofrer pressão, e aí acontecerá como em certas
áreas da Ásia onde se falava português, mas hoje
não se fala mais.
E uma das soluções
para arrumar isso seria a implementação do tal acordo?
Claro. Quando [Antonio de] Nebrija escreveu a gramática castelhana,
que é uma das mais antigas do mundo, a fez como um exercício
de poder. Língua é poder. Eu entendo a língua como
uma questão de segurança nacional, não é
essa coisa meramente passageira de a gente falar, conversar, torcer
por futebol e cantar samba. Não é só isso, a língua
é um mecanismo de poder. Quando o Tribunal de Contas da União,
por exemplo, faz cursos para técnicos de tribunais de contas
de países hispano-americanos, sabemos que as aulas estão
sendo dadas em português, mas estamos passando também o
sentimento da brasilidade, e isso é exercício de poder.
É preciso que a língua seja entendida assim. Agora, não
é só nisso que a Academia está presente, estamos
tratando de manter viva a memória: aqui nós temos um programa
de concertos musicais e também fizemos um ciclo sobre os primeiros
presidentes. Essa preocupação é constante e a imortalidade
está nisso, temos o compromisso de manter viva, bulindo, flamejante,
a memória dos que nos antecederam. Antes, dizia-se que a Academia
era uma coisa isolada, elitista etc. Mas estamos mostrando que somos
voltados para as humanidades, não só para as letras literárias,
digamos assim. Aqui nós tivemos, por exemplo, o ingresso recente
do cineasta Nelson Pereira dos Santos. E fazemos o seminário
Brasil, Brasis, que consiste em uma sessão por mês tratando
de temas pouco ortodoxos para uma academia de letras. Nós já
tratamos de literatura e moda, de literatura e culinária, de
literatura e arquitetura, de literatura e crescimento econômico
e desenvolvimento social. Ainda neste ano discutiremos futebol, mídia,
o folhetim e a novela. Ou seja, a Academia é para as humanidades.
Ela é situada em um tempo e em um espaço - é uma
academia brasileira e está situada no século 21, com seu
desenvolvimento em internet etc.
A posição
da Academia em relação à língua portuguesa
dentro de um contexto geopolítico é algo pouco ventilado
na imprensa e pouco discutido nos organismos governamentais, não?
Acho que o governo se preocupa muito com coisas menos profundas, e a
imprensa, meu caro, é muito preocupada com o escândalo.
E isso é um processo que se retroalimenta. É preciso que
a imprensa se volte para alimentar aquilo que produz. E o que produz
pensamento é um grupo como esse que existe nesta casa [a ABL].
Aqui se produz pensamento, aqui se produz reflexão, e é
preciso que a imprensa veja que também existe esse outro mundo.
Um mundo que faz e não que desfaz e mata.
Foi inaugurado,
em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa - com a participação
da Academia - e que é um sucesso. Há também programas
de televisão só sobre o português e colunistas nos
jornais que falam sobre a língua. Isso é uma coisa recente.
Como você analisa o fenômeno?
Acho isso ótimo, e a Academia estimula esse tipo de coisa. Tive
longas conversas com o presidente Cavaco Silva [Aníbal António
Cavaco Silva, presidente de Portugal] já por duas vezes e o estimulei
o máximo que pude para que ele também faça em Portugal
um museu da língua. Não para repetir o museu de São
Paulo, mas para fazer sob outros ângulos. É preciso fazer
isso. Quer ver uma coisa? Já viu um quadro chamado Soletrando
no programa do Luciano Huck, na TV Globo, no sábado? É
uma coisa interessantíssima, e a Academia está interessada
em colaborar com isso. Estamos procurando permear esses espaços
exatamente para dar essa consciência do que significa poder nacional
por meio da língua.
A Academia reúne
alguns intelectuais extremamente capacitados. Não poderia, por
exemplo, contribuir com políticas públicas na área
de educação?
Mas nós não estamos capitulados como entidade educacional.
Nós não somos uma universidade, por exemplo. Atuamos dentro
de um espaço em que é possível atuar. Envolver-nos
na questão da educação está além
de nossas forças, é uma coisa ambiciosa demais. Se for
para fazer malfeito, é melhor ficarmos quietos.
O cantor Roberto
Carlos ganhou na Justiça e o livro Roberto Carlos em Detalhes,
de Paulo César Araújo, foi recolhido. Qual é a
posição da Academia sobre a censura?
A Academia é contra a censura. Mas se ele se sentiu agredido
moralmente é a Justiça que decide se o livro deve ser
recolhido ou não. Aí é uma outra questão,
já não é um caso de censura. Porque o sujeito não
pode ter liberdade para agredir. Agora, censura no sentido mais genérico,
de censurar a arte, não pode.
As últimas
"aquisições" de acadêmicos têm sido
variadas. Há o Nelson Pereira dos Santos, que é cineasta,
e o bibliófilo José Mindlin...
Tem o Celso Lafer, que é um filósofo; o Domício
Proença, que é um lingüista e lexicógrafo.
Então, veja que são quatro linhas distintas.
Isso
é uma coisa pensada pelos próprios acadêmicos veteranos?
O processo de escolha é daqueles que se inscrevem, daqueles que
querem ser acadêmicos. É claro que às vezes nos
sensibilizamos mais por uma candidatura. Nesses casos, adotamos determinada
pessoa não por um juízo de mérito, mas por um juízo
de circunstância. Por exemplo, o Lafer tinha tudo para ser acadêmico
em qualquer momento e em qualquer cadeira. Mas a cadeira onde esteve
Miguel Reale fica muito própria para ele. Então, a Academia
é um conjunto que envolve homem, obra e circunstância -
e isso não é o presidente que está falando, é
simplesmente o Marcos Vilaça, o homem. Porque precisamos de gente
digna para estar conosco para sempre, não é só
quando está vivo, não. Mário Quintana não
foi acadêmico porque as circunstâncias não o favoreceram.
Aí dirão que Quintana não está, mas Bandeira
e João Cabral estão. Interpretar a Academia somente pela
ausência de determinada pessoa não é justo, tem-se
de interpretá-la por quem está nela. Mário Quintana
não está, mas porque perdeu a eleição para
o maior cronista da imprensa brasileira do século 20: Carlos
Castelo Branco. Outro tipo de maluquice que ouvimos: "José
Sarney é acadêmico porque foi presidente da República".
Não é nada disso! Ele foi acadêmico muito antes
de ser presidente. Esse tipo de crítica apressada me magoa muito.
Em relação
à questão regional, como ela se articula dentro da Academia?
Por exemplo, o peso do Sudeste.
Isso não pesa. É claro que existe um cuidado para que
a Academia seja brasileira, não seja carioca. Mas sempre teve
um contingente maior de pessoas nascidas no Rio de Janeiro porque, é
claro, a Academia é nascida aqui. E as participações
variam: já houve oito pernambucanos, hoje somos três, mas
são 25 pernambucanos no total. Então, existem bancadas
mais fortes: Rio, São Paulo, Minas, Pernambuco e Bahia. Esses
cinco estados sempre têm um contingente grande.
Como você vê quando personalidades, algumas bem expressivas,
se recusam a se candidatar ou entrar na Academia?
Não acho nada demais. Há os que querem e os que não
querem. Gilberto Freyre, por exemplo, não quis; Carlos Drummond
nunca desejou; Sérgio Buarque de Holanda idem; e Antonio Candido
não quer. E, olha aí, quando fomos buscar um livro importante
para consignar as comemorações dos 110 anos, editamos
quem? Antonio Candido, o qual não quer ser acadêmico. No
entanto, não faltou convite a ele. Ele não quer, mas nem
por isso ficamos com preconceito. Também fizemos homenagens aqui
a Drummond, e faremos sempre. A mesma coisa serve para Erico Verissimo.
Sérgio Buarque de Holanda foi tema de seminário para nós,
no ano de aniversário de Raízes do Brasil [de 1936, uma
das principais obras de Buarque de Holanda, trata da herança
histórico-cultural que moldou o povo brasileiro]. Colocamos em
pé de igualdade o Guimarães Rosa e o Sérgio, um
acadêmico e um não-acadêmico, e festejamos com igual
intensidade.
Levar a Academia
ao povo, por assim dizer, é uma vontade própria da casa
ou é importante somente para alguns membros?
Acho que é a vontade da Academia. Não vejo ninguém
rejeitar isso. É claro que alguns são mais entusiasmados
do que outros, mas isso é normal. A questão do entusiasmo
é muito de momento. Por exemplo, nós desfilamos na Mangueira
porque o enredo era sobre a língua portuguesa. Então,
está explicado por que a Academia tinha de participar, dar palpites
nos textos, orientar quais eram as histórias da língua.
Quer dizer, quando consultados, prestamos essa assessoria para essa
escola de samba. Mas não interferimos, nós respondemos
às questões que foram levantadas. Enfim, sabe quem foi
o acadêmico mais animado que estava no carro alegórico?
Antonio Olinto, de 88 anos, era o mais animado entre todos nós,
o maior "pé-de-samba".
Houve projetos
de lei que queriam retirar da língua portuguesa do Brasil expressões
em outros idiomas. Qual a sua posição sobre esse policiamento
da língua?
Foi como eu disse: a língua é um ser vivo. Não
dá para aplicar um radicalismo dizendo que isso ou aquilo não
pode. O português se socorre do quê? Do latim, do grego.
Então, por que hoje não pode se socorrer do inglês?
Já se socorreu tanto do francês! Em Portugal se usa rés-do-chão,
aqui usamos térreo. Em Pernambuco chamamos carpete de alcatifa,
por causa da origem árabe. Acho muito mais violento escrever
"ki koisa", isso, sim, é erro de português. Eu
não poderia, então, conversar com meus netos porque eles
dizem deletar? Teria de dizer que eles têm de usar apagar, porque
é o correto? Pode ser deletar, sim, por que não poderia?
O mesmo vale, por exemplo, para check-up. Só porque é
imortal [como são chamados os membros da ABL] acha que não
precisa mais fazer check-up? [risos]. No entanto, em alguns casos se
usam expressões em inglês por pura bobagem. Acho que temos
de trabalhar, fazer um convencimento, trabalhar a juventude e explicar
que não precisa disso. Por exemplo, a palavra sale [venda] está
por toda parte. Outro dia fui a uma livraria para o lançamento
de um livro da Barbara Freitag e havia várias expressões
em inglês - sold out [esgotado] etc. Não precisa disso.
Você vai aqui à Barra [da Tijuca, no Rio de Janeiro] e
é a Miami piorada - não sei como se pode piorar Miami,
mas eles conseguiram.
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