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Mulheres

Postado em 14/03/2007

REVISTA E - PORTAL SESCSP

 

 

OLHARES SOBRE O FEMININO

 

 

Exposição traz a visão de artistas de diversos cantos do mundo sobre a mulher no mundo contemporâneo


 

"Como podemos retirar das mulheres o medo?" A pergunta é feita pela cientista política Adelina von Fürstenberg, fundadora da organização não governamental (ONG) Art for the World - "arte para o mundo" em inglês -, entidade cultural sem fins lucrativos que busca nas linguagens artísticas o caminho para promover o diálogo e a compreensão entre povos de diferentes culturas, além de encorajar a solidariedade e fomentar a educação. "Medo dos homens, de outras mulheres, da maternidade, da insegurança, da velhice, de si próprias." Segundo Adelina, por mais que a civilização tenha amadurecido, ainda há "a enorme distância" entre as culturas desenvolvidas e subdesenvolvidas, nas quais, afirma, "persiste uma visão de mulher submissa".
A mulher, seus medos e sua condição e papéis na sociedade do século 21 são a tônica da exposição Mulher, Mulheres - Um Olhar sobre o Feminino na Arte Contemporânea, em cartaz na unidade provisória Sesc Avenida Paulista de 9 de março a 10 de junho. A mostra, com curadoria da própria Adelina, traz instalações, fotografias, vídeos, slides e performances de 19 artistas, homens e mulheres, de 11 países - México, Suíça, Japão, Brasil, Estados Unidos, Itália, Coréia, Grécia, Alemanha, Etiópia e Sérvia. Nos trabalhos, a mulher é retratada por meio de diferentes imagens. Desde a de mãe e companheira até a de profissional e a artista, passando pelas figuras da irmã, da amante e da santa. "Não tem nada a ver com 'arte feminina'", avisa a curadora. "Trata-se de reflexão sobre a mulher na sociedade contemporânea." Mulher, Mulheres chega ao Brasil após uma primeira temporada em Florença, na Itália, onde deu início à série de considerações que pretende fazer acerca dessa multiplicidade por meio da arte.

 

PRESENÇA BRASILEIRA
Os trabalhos dos cinco artistas brasileiros participantes se inserem no campo de questionamentos que permeiam a exposição. Usando a fotografia como suporte, Rochelle Costi cria uma série de backlights [painéis cuja iluminação é posicionada atrás da imagem exibida] para criticar a transformação da estética contemporânea por meio de procedimentos cirúrgicos - ligados às mulheres, sobretudo às ocidentais. Lenora de Barros mostra uma série de imagens de uma cabeça coberta por um gorro e em constante contato com duas agulhas - "como se estivessem fechando o olhar dessa pessoa", explica. Rosana Palazyan utiliza o bordado - técnica culturalmente ligada aos "afazeres femininos" - na composição de sua obra. Nelson Leirner discute a dependência econômica e a globalização empregando um jogo de combinações de técnicas. Já Fabiana de Barros mostra outro de seus trabalhos interativos por meio dos quais busca estabelecer uma relação individual com o espectador.
Para Nelson Leirner, uma das principais questões femininas ainda em discussão hoje é "a igualdade com o homem". Nesse contexto, ele destaca a relevância do evento. "Essa exposição é importante para mostrar diferentes pensamentos e conceitos individuais em um grupo de artistas", declara. Segundo ele, um diferencial da mostra é trazer a visão masculina sobre o universo da mulher. Lenora de Barros acredita que um dos maiores questionamentos femininos da atualidade é "carregar a responsabilidade de procriação, salvação, manutenção e até mesmo a perpetuação do mundo". Como exemplo, ela cita o poeta Décio Pignatari. "Foi ele que escreveu que 'a mulher tem o relógio da história na barriga'."

 

Ver boxe:

Riqueza que vem da seca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riqueza que vem da seca
Sesc Pinheiros expõe trabalho das bordadeiras do Piauí que gera renda para mais de 800 famílias da caatinga, além de contribuir para a preservação da cultura local

 

De 10 de março a 8 de abril, o Sesc Pinheiros apresenta a exposição Bordados da Caatinga - Mulheres Bordadeiras do Piauí, resultado de projeto social iniciado em 1965 no município de Dom Inocêncio, localizado no polígono da seca, na Região Nordeste do país, que beneficia mais de 800 mulheres e famílias por meio da renda que gera.
Além de reunir e exibir as peças bordadas por essa comunidade, o evento do Sesc terá um ponto-de-venda para a aquisição dos trabalhos. O destaque entre as atividades previstas fica por conta da oficina de confecção de bordados, ministrada pela bordadeira Maria da Conceição Leal.
A iniciativa do projeto piauiense é do padre Manuel Lira Parente, que orientou a articulação da população local após observar a intensa migração no período da seca e as precárias condições de subsistência que o povo do semi-árido enfrentava ao se instalar em favelas no Sudeste do país. Atualmente, a tradição dos bordados é ensinada a meninas na escola do município e tornou-se uma das mais importantes ferramentas de geração de renda nos longos períodos de estiagem. Além disso, o trabalho já conseguiu colaborar para a permanência das famílias em casa, mesmo em épocas de seca, contribuindo significativamente para a redução da migração forçada e para a preservação da cultura local. Os bordados da caatinga já foram expostos em países como França e Estados Unidos e em diversas instituições de diferentes estados brasileiros.

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