Postado em 01/04/1999
No campo ou na cidade, as atividades esportivas relacionadas à natureza reúnem prazer físico e mental
Durante muito tempo, qualquer atividade esportiva ligada à natureza era sinônimo de pouco juízo. Consideradas radicais, essas atividades lidavam com riscos de vida, esforços físicos exagerados e uma boa dose de loucura para "encarar" o desafio. Mas a curiosidade e o desenvolvimento de técnicas e equipamentos cada vez mais seguros colocaram a aventura ao alcance de qualquer um - mesmo se tratando de um tipo radical urbano. Num planeta com cada vez menos verde, o contato com o meio ambiente promete sensações únicas. Riscos, conquistas, beleza e plenitude. É a comunhão com a natureza. Para atingi-la, esqueça o esportista musculoso, irresponsável, que "desafia" os obstáculos externos. Com novas tecnologias, a curiosidade, até então limitada aos programas de tevê do gênero, pode vir a se tornar uma realidade. Deixa de ser sonho distante e se transforma em algo de fato desfrutável. Daí, conviver com a natureza estimula em nós mesmos desafios próprios.
O alpinismo, por exemplo, considerado por muitos um dos esportes mais perigosos do mundo, vem ganhando adeptos ecléticos e nem tão malucos. As academias indoor proliferam no país, trazendo as dificuldades de uma escalada em rocha para um ambiente seguro e divertido: dentro da cidade, ao lado da casa do novo atleta. A escalada esportiva é tomada como o primeiro passo para se aventurar ao ar livre, cara a cara com a natureza. Vencido esse estágio, prepare-se: não existem mais limites, porque a sensação de prazer se torna um vício e um estímulo constantes.
Veja-se este caso: Paulo Gil Rosito escala há treze anos e é dono da primeira academia de escalada esportiva de São Paulo, a 90 Graus. Quem já o viu escalando, garante: ele fica horas dependurado no alto de uma parede, com um mínimo de dedos sobre uma também mínima agarra, pensando e estudando o próximo passo a seguir pelo muro. Nada é precipitado, nem pode porque cada movimento significa um avanço a ser bem calculado. O esporte se assemelha a um jogo - de paciência, de estratégia e de condicionamento físico.
É, acima de tudo, um trabalho de contemplação e raciocínio. "O esporte lida com os dois hemisférios do cérebro. É preciso aprender a aliar o medo com a precisão e o equilíbrio; a força física com a delicadeza dos movimentos". E vai além: "É uma dança contemporânea".
Colaborando com o Planeta
Vejamos outro caso, também emblemático da relação meio ambiente, natureza e esporte. Se no alpinismo você colabora consigo mesmo, o ciclismo vai além. Recorrendo à bicicleta como meio de transporte urbano desde a década de 1970, Renata Falzoni se apaixonou pela prática. Tanto que fazia suas bicicletas com as próprias mãos. Em 1989, liderou mais uma atividade pioneira: a formação do Night Biker's Club, junto com uma turma de amigos que tinha em comum o uso da bicicleta como veículo habitual. O grupo, que cresce a cada ano, se reúne às terças-feiras para um passeio noturno (das 21h às 24h) pela cidade de São Paulo. Fogem da loucura e do trânsito. À noite, o passeio ciclístico pela cidade desbrava escadarias, praças e vielas, lugares que passam despercebidos à luz do dia, de carro ou à pé. Um amigo levando o outro. Assim foram se formando os diversos grupos dentro do Night Biker's Club. Os núcleos vão se interligando, formando uma rede de amizades e viagens de fim de semana para pedalar em trilhas nas matas e montanhas. Além do horário, outro fator inusitado do passeio são os roteiros, sempre diferentes e com trechos off-road.
Falzoni pode ser considerada a precursora do mountain bike no Brasil. "Eu gostava de pedalar e adorava montanha. Quando a bike chegou na montanha, eu me casei com ela", conta a divertida Renata, que continua com o pique agitado, mesmo com uma filha já adolescente. Na geografia noturna da paulicéia, a ciclista encontrou desafios parecidos com as aventuras das trilhas de barro e pedra.
Apesar dos guias que orientam o caminho, no Night Biker's não há restrições, regras ou normas, exceto a obrigatoriedade do capacete. "Desde 1993, só pedala com a gente quem estiver protegido.
Não tem 'xepa'", brinca Renata. A preocupação procede. Em São Paulo, terra do asfalto e dos carros, todo cuidado é pouco, já que ciclista não tem vez. "Ninguém pensa nele e na sua importância para a cidade. Quem usa a bicicleta em vez de carro, economiza petróleo. Calcule o que isso representa ao meio ambiente. A cidade deveria privilegiar a bicicleta, não o carro. O automóvel polui, gasta energia, dificulta o trânsito do transporte público. Precisamos de um planejamento para ciclovias na cidade, com regulamentação de uso e espaço para os ciclistas, facilidade de locomoção das bicicletas em ônibus, metrô", reclama. Mas persiste, fazendo campanhas pró-ciclovias e pedalando, ela mesma, para cima e para baixo. Apaixonada pelo ciclismo, ela enxerga na bicicleta a somatória de vários aspectos. "É meu transporte, meu lazer, minha academia para cuidados com o físico. E, principalmente, minha contribuição ao planeta", arrisca.
Aprender sobre a legislação brasileira de trânsito já é um bom começo para quem deseja sair em cima de uma bicicleta. Pensando na importância e nos cuidados das atividades ciclísticas na cidade, o SESC Ipiranga organiza palestras sobre o novo Código Nacional de Trânsito e o papel de veículo informal nessa história. Além de legislação, a unidade ministra oficinas de mecânica de bikes e exposições. O enfoque no ciclismo começou há dois anos, com o surgimento do Clube do Pedal, uma atividade que, apesar da pouca idade, já virou moda. "Temos cerca de 300 inscritos", comemora Jonadabe Ferreira da Silva, da equipe de programação. O SESC já organizou uma mostra contando a história da bicicleta através dos selos, uma fotográfica de cicloturismo, além das atividades normais do clube, que incluem passeios urbanos e em trilhas. Este ano, em pleno domingo de Carnaval, quarenta pessoas pedalaram setenta quilômetros, do SESC Ipiranga ao SESC Interlagos. "Tinha desde crianças até idosos", lembra Jonadabe. Nos passeios fora de São Paulo, predominam os jovens e adultos. "Muita gente fica com a bicicleta encostada, com medo da cidade, de se machucar. Mas a atividade em grupo incentiva, dá mais segurança", diz. Para Jonadabe, que acompanha as pedaladas, e é, ele mesmo, um entusiasta da iniciativa, o Clube do Pedal aproxima as pessoas de uma paisagem desconhecida. "Quem participa das trilhas pelo interior de São Paulo é comerciário, não há atletas. Pela dificuldade física e até financeira, muita gente encontra no Clube uma oportunidade para conhecer o mato, as montanhas e as trilhas pela primeira vez". As atividades fora da cidade são cobradas, mas os preços são acessíveis. Já os passeios urbanos são gratuitos, mediante inscrição prévia. Além do ciclismo, o SESC Ipiranga promove viagens à Pedra do Baú, Boiçucanga, Campos do Jordão e muitas outras belezas naturais do interior e do litoral. Nessas viagens, uma alternativa ao pedal é manter o pé no chão e... caminhar. Daí, as atividades do Clube da Caminhada.
Saúde Física e Mental
Seguindo a proposta da busca por atividades físicas e esportivas com valores próprios, o SESC acredita na importância cada vez maior do contato com a natureza. "O ritmo e as condições de vida dos grandes centros urbanos, o trabalho excessivo e a preocupação com segurança fez com que, por diversas ocasiões, as pessoas acabassem relegando a um segundo plano as atividades físicas ligadas à natureza", explica Maria Luiza Souza Dias, gerente de Desenvolvimento Físico-Esportivo do SESC.
Para ela, o SESC, através da formação de grupos e atividades ligadas ao meio ambiente, funciona como agente facilitador do encontro do homem com o verde. "Não queremos práticas que tenham um fim nelas mesmas. Buscamos não só desenvolver o potencial físico, mas também o equilíbrio emocional do praticante. E neste ponto o contato com a natureza é fundamental como parte do processo para o desenvolvimento integral do ser humano. Nesse sentido, a valorização dos espaços verdes da cidade entra na ordem do dia. O SESC tem, na sua programação, uma gama de atividades físicas ligadas à natureza. São esportes de terra e água que contemplam diversas preferências e habilidades. Por exemplo, o Clube da Caminhada que acontece praticamente em todas as unidades e cria autonomia para que as pessoas realizem uma das mais naturais e antigas práticas físicas."
Dentro da filosofia de criar autonomia para o desenvolvimento humano, o SESC têm em sua programação o Clube da Caminhada e também outras atividades ligadas à natureza. Elas propõem práticas corporais que propiciam a possibilidade de estimular movimentos e descobrir as potencialidades do corpo.
"Já fomos para Itatiaia e a tendência é a programação de atividades externas, nos fins de semana, aumentar", explica Mário Fernandes da Silva, chefe do Setor de Esportes do SESC Pinheiros. Em abril, o Clube da Caminhada da unidade vai visitar o Vale do Ribeira, sul do estado. Durante três dias, um grupo de quarenta pessoas deve conhecer, com a ajuda de guias especializados, um dos maiores e mais belos núcleos de cavernas do país. O Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR) ficou conhecido como um dos primeiros espaços para a prática de esportes como trekking, canyoning, boia-cross e, claro, exploração de cavernas acessíveis ao grande público.
O SESC Itaquera também abre espaço para quem gosta de caminhar. Sempre há um roteiro interessante nos arredores da unidade para que os usuários mantenham o bem-estar.
Aventura com Preservação
O professor Ivo Karmann, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, explora cavernas desde 1974, quando participava das atividades do Centro Excursionista Universitário, um dos primeiros grupos organizados de exploração na natureza. Depois, já como estudante de geologia, Karmann começou a desenvolver um interessante trabalho científico. Naquela época, pouca gente falava da riqueza geológica e biológica daqueles lugares, vistos somente como espaço para aventuras radicais de poucos seguidores. Karmann e outros estudantes do Instituto de Geociências e de Biociências da USP passaram a estudar o potencial para trabalho espeleológico (relativo ao estudo das cavernas). "Percebemos que muitas dúvidas que surgiam nas explorações ficavam sem esclarecimento. Começamos a tentar responder a essas perguntas", conta.
Em 1987, surgia a primeira matéria optativa sobre cavernas no currículo de geologia. A espeleologia, que mudou de nome e ampliou conceitos, tornou-se geologia dos terrenos kársticos (explica-se: envolve o estudo não só da caverna, mas de todos os fenômenos associados à geologia e geomorfologia dos terrenos típicos onde elas ocorrem). Karmann acredita que a evolução do interesse pela natureza cresceu muito desde a década de 1980, com a organização do movimento ambientalista e o surgimento de organizações sociais e socioambientais. "De 1982 a 1987 fizemos um movimento muito grande pela efetiva implantação do PETAR, que tinha sido decretado em 1957 mas nunca fora implementado", lembra. Hoje, apesar dos problemas, o parque tem estrutura para receber turistas, trabalha com guias da região e é um dos mais visitados no estado de São Paulo.
Porém, há ainda bastante o que fazer. O professor, que realizou seu mestrado e doutorado na região do parque, acredita que o ecoturismo seja importante no auxílio à preservação e alerta ao descaso, sem esquecer a necessidade de controle. "Nem sempre as áreas estão preparadas para absorver o impacto do turismo", conta Karmann. É preciso criar novas opções de lazer. "Por falta de outras opções, o PETAR recebe um público muito maior do que suporta. Algumas trilhas para cavernas, como a Laje Branca, viraram estradas, que já causam desabamento de encostas". O excesso de turistas também está prejudicando a fauna local. "Na caverna Água Suja, vários crustáceos estão sendo mortos por pisoteamento, chegando a ser extintos". São os desafios postos por um turismo que se quer sustentado e responsável.
E Tome Água
Se durante muito tempo a exploração das cavernas era a aventura mais divertida para quem buscava um contato maior com a natureza, atualmente surgem outras opções. E elas surgem no rastro de uma empatia cada vez maior entre os esportistas e o meio ambiente. Seja urbano ou selvagem, digamos assim.
Os exemplos são vários. Senão, vejamos. O rafting, que é a descida de um rio e suas corredeiras com um bote e remos, é outro esporte que desperta a curiosidade dos aficionados pelo verde. Várias empresas de ecoturismo oferecem passeios pelo interior à procura de águas agitadas. Os rios caudalosos recebem também o boia-cross, o "primo pobre" do rafting. Essa modalidade ganha cada vez mais adeptos por sua facilidade, praticidade e economia. Tudo o que você precisa é uma câmara de pneu de caminhão... e um rio. E como diverte. O primeiro passeio de boia-cross realizado pelo SESC Piracicaba, no rio que deu origem à cidade, juntou num domingo 1500 pessoas e seus pneus, mais uma multidão que acompanhou o passeio pelas pontes e margens do rio. "Foi um sucesso.
Virou atração na cidade", conta entusiasmado José Antônio Lemos Borba, técnico do SESC Piracicaba. Os participantes desceram por treze quilômetros de águas, durante duas horas e meia. O corpo de bombeiros, a polícia florestal e membros da unidade acompanharam com equipes de apoio.
"Distribuímos troféus para a equipe mais numerosa e para o participante mais idoso. Ganhou uma senhora de 62 anos!", lembra Borba. "Com 23 anos de trabalho no SESC, esse evento me arrepiou, fiquei emocionado. A atividade atendeu todos os gostos, todas as classes sociais, pais e filhos. Todo mundo adorou", comemora Borba. Para ele, o entusiasmo foi fruto dessa conjunção entre esporte, aventura e natureza. "O rio Piracicaba é a menina dos olhos do pessoal da região. Brincar e aproveitar o rio é um prazer único", completa.
Mas se existe alguém que brinca e aproveita um rio em toda sua intensidade esse é Carlos Zaith, espeleólogo há dezesseis anos e fotógrafo profissional outdoor há onze. Ele é um dos precursores do canyoning no Brasil, um esporte que se propõe a explorar e percorrer rios, gargantas e cânions, numa espécie de "alpinismo" em cachoeiras. Zaith montou uma empresa especializada em canyoning, a H2Omem, e a procura pelo esporte aumenta a cada dia. "Devido à disseminação da prática, estamos bolando formas de normatizar o esporte". Entre as regras, o uso do capacete, já comum entre os praticantes, é uma das vitórias de Zaith, que tem em seu currículo um histórico de atividades esportivas na natureza. A perseverança e a vontade fizeram com que o fotógrafo participasse durante anos da diretoria da Sociedade Brasileira de Espeleologia. Além disso, Zaith conheceu - e fotografou - as províncias espeleológicas do Brasil. É colaborador de todas as revistas especializadas em esporte, natureza e aventura do país. Gosta do que faz, enfrenta medos e desafios. Mas com muita seriedade. Premissa básica para quem quer se aventurar pelas paisagens naturais, suas belezas e seus perigos. Com consciência e espírito alerta, os esportes ligados à natureza seduzem pela ação, aventura, descoberta, desafios e muita, muita adrenalina.
Natuterapia
Mas a natureza não funciona apenas como agente de aventura e produção de adrenalina. Também é terapêutica. Além do sentimento único da contemplação de uma paisagem natural, seja ela rude ou pacífica, o meio ambiente ajuda na melhoria de nossa percepção e atenção. Pensando nisso, a fonoaudióloga especializada em dançaterapia, Renata Neves, criou um conceito de educação diferente e criativo. Em seu Núcleo Morungaba, em São Paulo, ela ministra cursos para crianças de três a treze anos e jovens portadores de deficiências.
Renata sempre buscou espaços públicos e abertos para suas aulas. "Não me interessa trabalhar dentro da escola, apesar de termos um espaço ótimo. Queremos o contato com a comunidade", conta ela. Especialmente com os portadores de deficiência, a fonoaudióloga procura sempre atividades em parques e praças. "É necessário resgatar a cidadania dessas pessoas. Ter consciência de que o parque é de todos, inclusive dele", ressalta. Seguindo essa filosofia, Renata trabalha também em favelas, na Febem e em grupos comunitários mais carentes. "Usamos a dança na tentativa de promover a inclusão social das crianças desmotivadas e marginalizadas". Mas Renata lança mão de outro recurso fundamental: a integração com a natureza. "Uma atividade corporal na natureza se auto-sustenta. Propõe desafios salutares. Pedras para subir, morros para rolar abaixo, árvores para subir. As crianças são sábias e muito criativas, acabam desenvolvendo atividades corporais muito melhores e mais amplas em espaços abertos do que entre quatro paredes".
Renata acredita que o contato com o meio ambiente altera a abordagem da educação para crianças acostumadas com sala de aula, cronogramas e agendas definidas. "Não precisa ser tudo programado. Nossos professores propõem etapas, sugerem descobertas. Mas em termos de desafios, a natureza é bárbara. A própria criança passa a entender seus limites e conquistas.
Estimulamos a criança a se inspirar no vento ou na folha que cai da árvore para a construção de seu movimento. Ou até mesmo a própria sombra, com a ajuda do sol". Mesmo nas aulas internas, as crianças são orientadas a reagir conforme o meio externo, observando e ouvindo a chuva ou analisando as texturas das folhas. O trabalho, que já existe há dez anos, educa de forma lúdica, tornando as crianças mais atentas e sensíveis, com senso aguçado de observação. "Ela conquista consciência de si e ao mesmo tempo ajuda na construção do grupo", completa Renata.
Admirar um pôr-do-sol ou sentir a brisa no alto de uma montanha pode trazer um sentimento de tamanha plenitude quanto o de caminhar por várias horas e chegar a um riacho, ou alcançar o topo de uma parede. Descer as corredeiras de um rio numa bóia ou passear à noite de bicicleta pela cidade. Quando essa conjunção entre corpo e alma acontece de forma equilibrada, sentimos a comunhão com a natureza que, afinal, somos nós também.
Academia 90 Graus: 240-8775; Núcleo Morungaba: 883-6274; Night Biker´s Club: 887-6351; H2Omem: 3982-6892.
A escalada esportiva surgiu nos anos de 1940 como alternativa de treinamento de alpinistas no período de inverno. No Brasil, a escalada esportiva ou o alpinismo foi, por muito tempo, um esporte praticado por poucos e somente na rocha. As estruturas artificiais começaram a surgir timidamente a partir dos anos de 1980. O SESC tem realizado várias aulas abertas e pequenos cursos de iniciação.
No SESC Ipiranga (foto), que possui uma estrutura de 80 metros quadrados de área escalável, são realizados campeonatos com a presença de escaladores de vários estados brasileiros e países do Mercosul. As outras unidades que possuem paredes de escalada são Rio Preto, Piracicaba, São Carlos, São José dos Campos, Catanduva, Taubaté e Vila Mariana.
Os Clubes da Caminhada do SESC tiveram início em 1993, numa atividade realizada na USP, denominada Anda São Paulo. A partir daí, o SESC Ipiranga desenvolveu um programa com o objetivo de reunir alunos dos cursos e freqüentadores do parque da Independência para caminhadas orientadas pelas ruas do bairro e parques da cidade. Num segundo momento, outras unidades estenderam as atividades para trilhas fora da capital. Atualmente, quase todas as unidades desenvolvem programas voltados à prática da caminhada, palestras abordando assuntos ligados ao meio ambiente, depoimentos de personalidades como o alpinista Waldemar Niclevicz e outros. As unidades de Itaquera e Interlagos propiciam caminhada monitorada por roteiros que aproveitam o verde natural que envolve ambos os centros campestres. As atividades contam com a participação expressiva de crianças, jovens e adultos.
Em Interlagos, natureza em abundância
Se estimular as atividades esportivas ligadas à natureza é uma das propostas do SESC, na unidade Interlagos isso é cumprido à risca. Com 500 mil metros quadrados (mais de 20 mil deles de mata atlântica), é um dos poucos redutos de área verde ainda existente em São Paulo. Dentro dessa ilha de descanso, qualquer atividade física já está, necessariamente, inserida no meio natural. "Nosso intuito é sempre aproveitar o privilégio que o espaço da unidade oferece", explica Andrea Cristina Bisatti, coordenadora de programação do SESC Interlagos.
Antigamente, os paulistanos conheciam a unidade como SESC Campestre devido a sua localização praticamente fora da área metropolitana. O espaço era rodeado de sítios, chácaras e fazendas que sumiram com o crescimento da cidade e os conseqüentes loteamentos. Hoje, a mancha urbana "encostou" na unidade, e o SESC tornou-se um oásis verde para a região. São três lagos, bosques, viveiro de plantas, playgrounds, campo de futebol e quadras esportivas espalhados pelas matas e gramados, além da vizinha represa Billings. "As encostas de grama servem como arquibancadas, a vista da piscina dá para a represa e as quadras estão entre a mata. Todo o espaço privilegia o contato com a natureza", explica Andrea. Por tudo isso, o Clube da Caminhada do SESC Interlagos utiliza o próprio espaço para acolher os praticantes. A cada domingo há um percurso diferente, com cerca de cinco quilômetros. Os caminhos são batizados de acordo com as diferentes paisagens: a Trilha das Águas passa pelos lagos e pela represa; a Trilha da Mata Atlântica, pela vegetação nativa preservada na unidade; a Trilha da Composteira visita a produção de adubo a partir das folhas e galhos da varreção da unidade e conhece o viveiro de plantas, onde o adubo é aproveitado. No final da caminhada há sempre uma aula ao ar livre com temas bastante variados, desde respiração até educação ambiental.
No Dia do Trabalho, primeiro de maio, o SESC vai promover o Festival Esporte e Natureza. No evento, haverá demonstrações de esportes como canoagem, iatismo e balonismo. Além da demonstração, algumas atividades vão oferecer vivências emocionantes. "Teremos um balão preso ao chão, que alçará vôo até cerca de 30 metros, para o visitante sentir um pouco a emoção do esporte", conta Andrea. Para os que têm medo de altura, haverá festival de pipa e bumerangue e exposição sobre rallies, como o Camel Trophy e o Granada Dakar. "Vamos abranger esportes de água, terra e ar", explica Andrea.
O primeiro de maio apresenta mais uma edição da tradicional Corrida do Trabalhador: uma competição rústica, que percorre cinco mil metros dentro das dependências da unidade, passando por aclives, declives, matas e bosques. O SESC Interlagos é famoso pelas corridas que promove, sempre integradas à natureza. No Circuito Natureza, as equipes precisam atingir um determinado percurso dentro de um determinado tempo, suplantando obstáculos que testam a habilidade e a resistência dos competidores.
Outra atividade importante promovida pelo SESC Interlagos é a programação do Challenge Day. O evento, reconhecido pela Unesco, surgiu no Canadá como forma de incentivar as pessoas a realizar atividades físicas. No ano passado, o SESC promoveu um autodesafio para os paulistanos-mirins.
Foram sete mil crianças praticando balonismo, ginástica, dança, atividades circenses, canoagem, esportes de quadra, skate, patins, entre muitos outros (na foto, balonismo realizado na unidade em 1998).
O Sampa Biker's é outro grupo que também promove passeios urbanos, além de cicloturismo nas cidades próximas à capital, outros estados e até a países do exterior. A cada dia é mais freqüente o número de ciclistas em todas as partes do mundo. O cicloturismo, expressão moderna da inquietação humana de mobilidade, sempre levou os povos a se movimentarem em todas as épocas.
Há vários exemplos de aventureiros sobre duas rodas. Entre os mais inusitados está o caso do sueco que pedalou até o Nepal com o objetivo de subir o monte Everest. Com a popularização do mountain bike, as bicicletas ficaram mais leves e com câmbios que diminuíram o esforço nas subidas e permitiram andar em trilhas e em todo o tipo de terreno fora da estrada.