Fechar X

Nesta edição

Postado em 01/04/1999


Cada vez mais, o ser humano procura fazer um movimento de retorno ao seu berço original. Premido pelo gigantismo dos prédios, acossado pelo trânsito caótico, perturbado por doenças tipicamente urbanas, como o estresse, o habitante das grandes metrópoles vislumbra a necessidade ditada pelo sonho e pela angústia de voltar a manter contato com sua origem, embrionária na natureza. É difícil não identificar uma pessoa que não aspire à convivência mais íntima com o verde, os morros e o meio rural. A busca por uma paisagem que o desligue por completo do modus vivendi em meio a alamedas e avenidas tomadas por automóveis e pelo ar repleto de aditivos químicos. Mesmo que não se trate de um renhido ecologista, esse nosso cidadão urbano procura alternativas a um estilo já vazado em esgotamento e críticas. Não é por outra razão que assistimos, nos últimos anos, a silenciosa explosão de grupos que abraçam os esportes realizados em contato com a natureza atingir um número cada vez maior de adeptos. Ao lado de um retorno ao meio ambiente de sua origem, o ser humano parece desejar o experimento de emoções menos padronizadas e que resultem, por fim, na manutenção de seu próprio bem-estar. Ou seja, o habitante das grandes cidades, em qualquer quadrante do planeta, percebe a urgência de obter alternativas a uma rotina que o condena brutalmente ao sedentarismo, à diminuição de seu período de vida e, enfim, à qualidade real de sua vida.

É do que trata a matéria de capa desta edição ao reportar as experiências de pessoas que encontram em esportes como o alpinismo, o ciclismo, a canoagem, entre outros, um escape às mazelas pregadas pelo gigantismo. O texto trata também da adaptação de algumas dessas atividades ao meio urbano, como a escalada em paredes indoor e os passeios noturnos de bicicletas por ruas paulistanas. Estamos diante de uma forma de trazer à vizinhança de nossas casas o prazer que se verifica no contato estrito com a natureza. A reflexão trazida após a leitura deste texto indica vários caminhos, porém um dos mais importantes mostra a necessidade cada vez mais premente de dar às populações urbanas ]ernativas para suas vidas estressadas e forradas de problemas trazidos pelo crescimento desordenado das cidades brasileiras. O SESC, através de suas unidades, tem colocado à disposição dos paulistas programas de esporte e lazer que, com certeza, os auxiliam a encontrar uma maneira de valorizar o prazer de viver.

Ao lado da matéria de capa, outros destaques da revista são o evento Solos de Teatro, no SESC Ipiranga, que, em março, apresentou monólogos de Denise Stoklos e, neste, traz Fernanda Montenegro; a cobertura da exposição A Ressacralização da Arte, em cartaz no SESC Pompéia até dia quatro de abril, além do texto Arquitetura da arte, sobre as intervenções artísticas nas áreas de convivência das unidades do SESC.

No Em Pauta, discute-se o papel das fundações de fomento à cultura e, na Ficção Inédita, um conto de José Roberto Torero. Aproveite.

Danilo Santos de Miranda
Diretor do Depto. Regional do SESC


Escolha uma rede social

  • E-mail
  • Facebook
  • Twitter

adicionar Separe os e-mails com vírgula (,).

    Você tem 400 caracteres. (Limite: 400)