Postado em 13/01/2006
por Índigo
Um gato nunca pensaria em fincar as garras no rosto de uma pessoa e ficar pendurado ali: uma pata em cada bochecha. Não é confortável para eles. Gatos, isso eu aprendi, sempre pensam no conforto deles. Assim, quando eu saí correndo pela casa com um gato gordo cravado nas minhas bochechas, antes mesmo de me acudir, mamãe me deu uma bronca. Minha mãe tem raciocínio lógico porque ela trabalha com isso: lógica. Eu também sou boa em lógica e por isso nós nos damos bem. A não ser em casos como esse, quando eu me encontro em situações que fogem à lógica. Ao ver aquela situação, a primeira conclusão a que mamãe chegou foi que o gato não devia estar ali. Em seguida, ela deduziu que, se o gato estava ali, era por motivo de força maior: eu.
O filho da vizinha era piloto de kart e tinha cinco pinos. Ele nem podia mais entrar em banco com a mãe porque não passava no detetor de metais. Ficava esperando no estacionamento, que nem bandido. Eu não tinha um kart, ainda. Eu tinha patins. Seria com patins mesmo. De preferência, na frente da garagem dele. A vizinha tinha cinco filhos homens, todos irresponsáveis. O meu era o mais novo. O mais velho dirigia uma caminhonete com pneus de tanque de guerra que se transformava numa arma letal. Foi meu pai quem falou da transformação em arma letal. Foi daí que me veio a idéia.