
Você conhece São Paulo?
por Denise Miréle
Kieling
Você conhece
o Masp, o Museu Paulista e o Pátio do Colégio? E o Jardim
Botânico, o Cemitério da Consolação ou o Cientec?
Já viu o Hana Matsuri? Sabe onde fica a Casa da Marquesa de Santos?
Se suas respostas foram "conheço, fui quando criança"
e "já passei em frente", ou ainda "é muito
longe, nem morto" ou "Cien... o quê?", "quem
sabe, é de comer?", "ela tinha casa?", acho que
está na hora de você "viajar" por São Paulo.
Sim, viajar, mesmo que você more aqui. Quando visitamos uma cidade
que não conhecemos, andamos calmamente por suas ruas, olhando para
os lados, para cima e para baixo, entramos em igrejas, museus e parques,
perguntamos curiosidades, conversamos com os moradores. Ou seja, tentamos
extrair o máximo de informações em nossa viagem.
Mas quando moramos nela, deixamos sempre para depois aquele passeio, aquela
pergunta, não saciamos nossa curiosidade.
Quando cheguei a São Paulo para fazer a faculdade de turismo, tive
de dar uma de turista, pois conhecer os atrativos da cidade e sua história
fazia parte de meus estudos. Como as pessoas que aqui moravam não
conheciam os lugares que eu conhecia? Mais tarde, fui entender que a cidade
é exageradamente grande - vocês nem imaginam quanto tempo
levei para entender que esta megalópole está dividida em
zonas e onde elas ficavam... e que tudo nela é muito grande, inclusive
a quantidade de locais a ser visitados. Entendi que muitas vezes as pessoas
não saem por falta de tempo (isso é o que mais atrapalha),
por medo de se perder ou por não ter companhia que more perto para
poderem passear nos momentos de lazer.
Em 1996, junto com a equipe técnica do Sesc Paraíso (atualmente
Sesc Avenida Paulista), tivemos essa idéia, até certo ponto
contraditória, de mostrar São Paulo para o paulistano. Começamos
por locais já consagrados, tais como a Avenida Paulista, o Centro
Velho, os bairros da Luz, do Morumbi e do Ipiranga. Depois fomos nos aventurando
para lugares mais distantes, procuramos saber mais sobre os povos que
formaram nossa cidade e influenciaram nossos costumes, como a saborosa
gastronomia que reúne cardápios de mais de 45 países.
Fomos em busca do inusitado, como uma São Paulo rural que a maioria
desconhece, ou a observação de aves - sim, isso ainda é
possível onde os arranha-céus não chegaram. Visitamos
templos de diferentes religiões e aprendemos a admirar culturas
diferentes da nossa, aprimorando nossos conhecimentos e opiniões.
Sabe o que é o melhor dessa história toda? Que as pessoas
participaram e se entusiasmaram com a idéia, indicaram para os
amigos e nos ajudaram sempre com novas sugestões. E esse é
um dos motivos do sucesso dos passeios, que neste ano comemoram 10 anos.Tanta
coisa aprendi com esse povo paulistano que falava de lugares de que eu
nem desconfiava e contava histórias de rir e de arrepiar, que não
constam em nenhum livro, guia turístico, jornal ou revista, mas
fazem parte da vida de cada um.
Na cidade grande, descobri que, mesmo depois desse tempo todo morando
aqui, trabalhando com turismo, lendo e procurando saber mais sobre ela,
falta muita coisa para eu conhecer. Mas a maior lição foi
constatar que o paulistano realmente gosta de sua cidade querida. Seja
ele filho de bandeirante, imigrante ou "aqui ficante", todos
têm por Sampa um carinho especial e lugares prediletos, que só
existem aqui!
Antes que eu me esqueça: o Cemitério da Consolação
possui esculturas de Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Rodolfo Bernardelli,
entre outros artistas famosos, que ornamentaram túmulos de políticos,
artistas, industriais e famílias abastadas; no Cientec, ou Parque
da Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo, é
possível conhecer as nascentes do riacho do Ipiranga, e o Hana
Matsuri é a Festa das Flores, que comemora o aniversário
de Buda e acontece todos os anos, no mês de abril, no bairro da
Liberdade. Ficou com vontade de "viajar"?
Denise Miréle
Kieling, bacharel em turismo e pós-graduada em administração
do turismo e hotelaria, é técnica do Sesc São Paulo
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