Fechar X

Saúde

Postado em 28/11/2005

A obesidade é um dos principais problemas de saúde pública no mundo e o segredo para evitá-la está na educação alimentar, que começa desde cedo

 

Foi um golpe na auto-estima nacional. No fim do ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa que mostrava um País acima do peso. Segundo o relatório, 40% da população está com quilinhos a mais. Já não bastasse a triste notícia, o repórter Larry Rother, do jornal norte-americano The New York Times, inspirado pela nova notícia, tocou em vespeiro. Publicou uma matéria em que afirmava que as “garotas de Ipanema” não são mais as mesmas. E, para atestar o que dizia a reportagem, trazia a foto de três mulheres visivelmente acima do peso. Ainda que fosse, na verdade, um mal-entendido – as três mulheres eram turistas estrangeiras –, o problema é real e desperta a pergunta: por que o Brasil está engordando? A resposta é simples e pouco animadora. Estamos ingerindo mais calorias, o que não significa que estamos comendo melhor. O endocrinologista Ricardo Hauy Marum explica que uma série de fatores colabora para essa situação: “A geração fast-food e seu american way of eating (jeito americano de comer), casado com um estilo de vida urbano e sedentário, muito diferente de quando grande parte da população vivia no campo, são os principais fatores”, afirma. Além disso, o médico cita um “empobrecimento intelectual” da população em relação à maneira de se alimentar bem como uma tendência mundial. “A falta de variedade de alimentos já começa na infância, com as crianças comendo hambúrguer, batata frita, cachorro-quente, macarrão. Tudo que passa na televisão. E elas ficam naquele mundinho”, diz.

 

Além da obesidade, outros problemas ligados à má alimentação começaram a ter destaque nos últimos anos.
A bulimia e anorexia são os mais conhecidos. No primeiro, a pessoa perde o controle do que come, provocando o vômito em seguida para se livrar do sentimento de culpa. Já o anoréxico, em casos extremos, chega a definhar, mas ainda vê gordura em seu corpo, o que o leva a ingerir cada vez menos comida. “A anorexia é mais grave, pois coloca a vida em risco”, afirma o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg.

 

 

É melhor educar...

Dos três distúrbios, o mais comum é mesmo a obesidade. E o problema está afetando também os mais jovens. De acordo com Fisberg, 15% dos adolescentes sofrem de obesidade. O índice é igual para crianças de 7 a 10 anos. Há também os que ainda não são obesos, mas estão acima do peso. Eles respondem por 20% a 30% dos que estão entre 7 e 14 anos. Futuramente, caso não se tratem, a obesidade os aguarda. Como evitar isso?

 

Anos e anos comendo errado tem seu preço e, às vezes, ele é alto. Muitas doenças são resultado de todos aqueles dias de refeições rápidas, calóricas e pouco nutritivas. Só para citar alguns riscos: infarto, diabetes, colesterol alto, aumento do nível de ácido úrico no sangue e aumento dos riscos de um acidente vascular cerebral. “A maior parte das doenças decorrentes do excesso de peso é crônica”, diz o endocrinologista Ricardo Hauy Marum. “Você começa a tomar remédio e nunca pára. Sai caro para o paciente e para a saúde pública.” Evitar essa situação é um trabalho que pode, e deve, começar desde cedo. Ainda na infância. Só que ensinar as crianças a comer nem sempre é tarefa fácil e, por isso, muitas vezes os pais acabam abrindo mão do papel de guardiães de uma boa alimentação. Um dos primeiros e mais fortes inimigos nessa empreitada é a própria indústria alimentícia. “Ela quer vender, e as propagandas conseguem realmente capturar a atenção das crianças”, explica Marum. Segundo ele, estudos mostram que crianças de 2 ou 3 anos já prestam atenção às propagandas e isso pesa na formação dos primeiros hábitos alimentares. “Elas são criadas observando o comportamento dos pais, de seus coleguinhas e até dos ídolos, como personagens de desenhos animados e histórias em quadrinhos. Tanto que sempre há um bonequinho nas propagandas”, observa o endocrinologista.

 

 

O que fazer?

No caso das crianças, usar a imaginação é uma tática eficiente. “Se for uma criança de 3 a 5 anos, é importante utilizar a fantasia, o faz-de-conta, a percepção: o olfato, a visão, a audição, o paladar e o tato”, aconselha o médico. “Também é importante que a criança participe do preparo do alimento, que vá para a cozinha. Cercando-se de todos os cuidados, é claro”. É importante oferecer o alimento e não desistir na primeira tentativa malsucedida. “A criança tem neofobia alimentar, ou seja, ela resiste muito a novos alimentos. É importante insistir, oferecer uma boa variedade e cuidar da aparência do prato e do sabor da comida usando temperos suaves”, acrescenta o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg. “Uma criança de 3, 4 anos, não aceita as coisas novas e o cérebro não está preparado para captar de uma vez o paladar imediato dos alimentos. É preciso no mínimo oito experimentações para que o cérebro faça um somatório de todos os sabores que há no alimento”, completa o endocrinologista Ricardo Marum. Por fim, assim como os adultos, é importante que a criança faça seis refeições diárias, três pequenas nos intervalos entre as três grandes. E, à mesa, também é proibido proibir. “A criança pode comer de tudo, mesmo aquelas que têm de emagrecer. Se ela está abusando, então tem-se de controlar a quantidade, o excesso de alimentos e introduzir em sua dieta aquilo que ela não vinha comendo. Isso faz parte da reeducação alimentar”, diz  Marum. De acordo com os especialistas, outra peça-chave na educação alimentar das crianças é a escola. “Ela tem de participar do processo, pois os pais nem sempre podem cuidar diretamente do que seus filhos comem”, diz o endocrinologista. Segundo ele, é fundamental que a nutrição faça parte dos programas escolares. Isso já acontece no Chile e no Uruguai, por exemplo. A reeducação alimentar dos adultos é mais fácil do que a das crianças. “Ele tem consciência do que precisa. Por outro lado, só procura mudar a alimentação quando algo o pressiona. Seja relacionado à saúde, seja à estética”, explica Fisberg.

 

 

Culinária inteligente - Programa do Sesc Belenzinho contempla atividades para um estilo de vida saudável

 

A exemplo de todas as unidades, o Sesc Belenzinho tem na alimentação saudável e balanceada uma de suas peças-chave. Uma das ações nesse sentido é o programa Culinária Inteligente, em funcionamento desde a inauguração da unidade, em 1999, que reúne uma série de oficinas nas quais o público aprende a aproveitar o máximo de cada alimento, o que, além de garantir a saúde, ainda evita o desperdício. Depois de preparar a couve-flor, sobrou um monte de folhas? Aproveite-as no recheio da esfiha. Quer inovar o suco de limão? É só bater a fruta com um pouquinho de couve. Desde abril deste ano, o destaque da programação da unidade sobre alimentação saudável foi ampliado. “Estendemos o foco também para a atividade física e para a relação com o meio ambiente, por meio do Casa Saudável”, explica Virgínia Baglini, técnica da unidade. A idéia é mostrar a importância da alimentação, orientar sobre formas mais saudáveis de gerenciar a casa para diminuir o impacto ambiental – entre outras medidas, combatendo o desperdício na cozinha, reciclando o lixo e usando água com moderação. Além disso, o programa procura também colocar o público em contato com uma gama de atividades físicas que privilegiam a prática em casa, como a ioga e o alongamento.

 

Para conferir a programação, consulte o Em Cartaz. Já para conseguir as receitas do Culinária Inteligente, acesse o hotsite do Mesa Brasil na página do Sesc São Paulo. O endereço é www.sescsp.org.br.

 

 

De olho no que você come - Doze conselhos fundamentais para emagrecer com saúde

 

 

 

1) Esqueça tabelas de cálculo de peso ideal. As pessoas têm organismos diferentes, portanto, seu peso ideal pode ser diferente do de uma pessoa com a mesma idade e altura que você.

 

2) É importante conhecer o peso da gordura que pode ser perdida. Atualmente, essa informação pode ser facilmente detectada em um exame chamado bioimpedância, que torna possível estabelecer uma meta correta para um emagrecimento saudável.

 

3) Emagrecer não é um processo linear. É normal perder alguns quilos, ganhar 1 ou 2, perder mais alguns...

 

4) Existe um tempo mínimo para a perda de peso. Não caia naquela de querer perder 5 quilos para a festa daqui a uma semana. Para essa quantidade, por exemplo, o tempo mínimo saudável é um mês. E essa não é uma conta proporcional. Por exemplo, para perder 10 quilos ou mais você precisa de, no mínimo, três meses.

 

5) Deixar de tomar o café da manhã, geralmente, engorda. Provavelmente você vai descontar no almoço e o organismo digere melhor pequenas porções em intervalos menores do que grandes quantidades de uma vez.

 

6) Você deve fazer seis refeições por dia.  O correto são três pequenas entre o intervalo das três grandes.

 

7) Se você utiliza adoçantes, dê preferência aos não calóricos (ciclamato e sacarina) ou aos pouco calóricos (aspartame, stévia, sucralose ou acesulfame-k). Portanto, leia sempre com atenção os rótulos para saber que tipo de produto você está levando.

 

8) Produtos das linhas diet, light, soft e low podem contribuir para sua saúde. Mas lembre-se: eles não são isentos de calorias, apenas têm menos. Portanto, pegue leve!

 

9) Não existe mágica. Emagrecer com saúde leva tempo. Só que, devido a uma brecha da legislação, a propaganda enganosa e as falsas promessas são comuns para a venda de produtos que prometem milagres. Cuidado.

 

10) Você pode ingerir líquidos durante as refeições, porém pouco. No máximo 150 ml, pois líquido em excesso dificulta a digestão e provoca inchaço.

 

11) Considerando a saúde, o ideal é evitar bebidas alcoólicas. Mas dá para conviver melhor com elas. Diminua o volume de cerveja e os petiscos que costumam  acompanhá-la. Se sua preferência é por destilados, cuide para não ultrapassar oito doses semanais, no caso dos homens, e quatro, no das mulheres. Vinho tinto e champanhe, em moderação e quando não há restrição médica, podem fazer bem ao coração e às artérias, já que possuem substâncias antioxidantes. Porém, lembre-se: todo tipo de bebida alcoólica é muito calórico.

 

12) Os brasileiros estão entre os campeões de medicamentos para emagrecer. Eles só devem ser ingeridos em situações específicas e com a orientação de um médico.

 

Fonte: Cartilha 50 Dicas Pear para Emagrecer com Saúde, elaborada pela equipe do professor doutor Ricardo Hauy Marum, disponível no site www.clinicapear.com.br.

 

Saiba mais:

Projeto Gurzi, para educação alimentar das crianças: www.gurzi.com.br

Escolha uma rede social

  • E-mail
  • Facebook
  • Twitter

adicionar Separe os e-mails com vírgula (,).

    Você tem 400 caracteres. (Limite: 400)