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Oxigênio
à vontade
A
respiração é uma função orgânica
inata, mas nem por isso dispensa atenção e, às vezes,
até treino
Ao
responder à pergunta: "Você pensa na sua respiração
durante algum momento do dia?", muitos certamente diriam que não.
Salvo os profissionais ligados a áreas como fonoaudiologia ou educação
física, a maioria entrega-se à naturalidade da ação
e, a não ser quando o ar poluído das grandes cidades dificulta
o processo ou o cansaço causado por uma atividade física
faz lembrar como é importante o movimento de inalar oxigênio,
a ordem é simplesmente seguir o fluxo da dobradinha inspirar e
expirar. No entanto, há cuidados que precisam ser tomados para
garantir que esse movimento faça pelo nosso organismo todo o bem
que ele pode fazer. Foi justamente para esclarecer dúvidas e refletir
sobre a importância de respirar de maneira mais adequada que o Sesc
São Paulo realizou dois eventos que tiveram como tema esse processo
metabólico: o Corpo (Com) Ciência - Respiração,
na unidade Santana, e o Opção Saúde - Respiração,
Saúde e Bem-Estar, no Vila Mariana. O objetivo de ambos era chamar
a atenção para os benefícios de uma respiração
adequada - e conseqüentemente os problemas que o ato executado de
forma "incorreta", como o feito pela boca, por exemplo, podem
trazer ao organismo, além de dar dicas de reeducação
respiratória. "Dizemos que a respiração é
adequada quando o ar é respirado pelo nariz e percorre seu trajeto,
sem obstrução", ensina Carla Maria Colombo, fonoaudióloga
dos Amigos Metroviários dos Excepcionais (AME) em texto publicado
no site da instituição (www.ame-sp.org.br).
"Mas, quando há algum impedimento para a passagem do ar pelo
nariz, notamos várias alterações além do desconforto
respiratório."
A fisioterapeuta Patrícia Borges, que participou do evento do Sesc
Santana, explica que a postura do corpo é um dos reflexos da respiração.
É isso mesmo. O modo como respiramos influencia na posição
do esqueleto. "Por exemplo, se o mecanismo da respiração
de uma pessoa funciona com uma respiração muito 'alta',
como dizemos, pegando as costelas da parte mais superior, essa pessoa
vai ter a característica física de cabeça 'anterior',
ou seja, mais para trás", afirma. "Assim como, quando
o indivíduo tem uma respiração mais abdominal, a
tendência é o aumento da lordose lombar, o que favorece que
ele tenha o abdômen maior."
Respirador
bucal
Entre os problemas de respiração que mais chamam a atenção
dos especialistas está o respirador bucal - ou, como o nome sugere,
o que faz a respiração pela boca.(veja
boxe Respire Aliviado)Segundo explica a fonoaudióloga
Carla Maria Colombo, o caso não pode ser considerado uma doença,
mas merece atenção e tratamento adequados. "Existem
várias causas para que uma criança não respire pelo
nariz e a presença de amígdalas ou adenóides aumentadas,
bem como a ocorrência de rinites não são raras."
Carla Maria explica ainda que o ar respirado pela boca é mais agressivo
ao organismo, pois é recebido no estado em que se encontra no ambiente,
com impurezas, frio e menos úmido, deixando o aparelho respiratório
mais suscetível a doenças e alergias. "Normalmente,
o respirador bucal apresenta problemas em relação ao sono.
Com uma respiração difícil, o sono não é
tranqüilo e pode ser interrompido muitas vezes. Por dormir mal, ele
apresenta pouca disposição para praticar atividades físicas,
e no caso das crianças, até para brincar."
Nos adultos, alguns "desvios" respiratórios podem estar
ligados ao estresse do dia-a-dia e à ansiedade. "Nosso corpo
sempre acompanha nosso processo emocional", afirma a psicóloga
Rosemary Carosini, também presente no evento do Sesc Santana. "Deveríamos
aprender, desde crianças e até nas escolas, sobre o processo
respiratório", recomenda, "para entender a influência
que a respiração tem em nossa 'vida orgânica', profissional,
familiar e psicológica. A bem da verdade, só sabemos que
não podemos ficar sem ar, pois não agüentaríamos
muito tempo, mas não aprendemos a importância mais ampla
do respirar." Por esse motivo, organizamos uma lista de dicas para
respirar melhor. Veja no quadro abaixo.
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Respire
aliviado
Orientações
para uma respiração mais adequada
1)
A respiração deve ser sempre nasal, salvo exercícios
específicos, por conta do aquecimento, umidificação
e filtração do ar.
2) A respiração deve ser lenta e profunda. É
importante procurar respirar menos vezes por minuto.
3) É essencial usar o diafragma - músculo que divide
o abdômen do tórax - na respiração. Se
deixamos de "usá-lo", fica flácido. Isso
causa a visceroptose - queda das vísceras sobre o estômago,
pois é o diafragma que mantém a sustentação
adequada.
4) O leite materno é fundamental para uma respiração
adequada. Uma das dicas para evitar que o bebê comece a respirar
pela boca é amamentá-lo. Isso porque, durante a amamentação,
o bebê precisa sugar o leite de boca fechada, logo, o ar não
vai passar. Quando se usa a mamadeira, a tendência é
o leite entrar mais rapidamente, sem que a criança precise
sugar. A criança fica de boca aberta e o ar entra também
pela abertura, por isso ela pára de inalar pelo nariz. Se
for necessário usar a mamadeira, a dica é ficar de
olho no bico, que deve ter o menor buraco possível, forçando
o bebê a sugar.
5) Evite a chupeta e não deixe a criança chupar o
dedo. Além de esses hábitos causarem problemas para
a dentição, produzem o mesmo efeito da mamadeira.
6) Como perceber se seu filho está respirando direito enquanto
dorme? Observe se ele ronca ou baba.
7) Problemas já instalados exigem a procura de médicos.
8) E, por último, sinta o ar entrando pelo corpo. Perceba
o caminho que ele percorre, se ele passa pelas costelas ou pelo
abdômen. Respirar é uma forma de autoconhecimento.
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