Homenagem
Postado em 01/07/2004
Maurício Loureiro Gama
(1912-2004)
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Bem-humorado, sempre pronto a contar uma história, Maurício Loureiro Gama era nosso mais antigo companheiro de redação. Incansável e assíduo, ignorava as limitações da idade e trabalhou praticamente até seus últimos dias.
Tudo começou no "Correio de São Paulo", passando pelos Diários, de Assis Chateaubriand. Depois foi para o rádio e a televisão, onde marcou presença como repórter e comentarista. Gostava tanto da profissão que chegou a acumular sete empregos ao mesmo tempo.
Jovial e elegante, Maurício atribuía sua longevidade à alegria. "Nunca ninguém me viu triste, gosto de sorrir, de viver", disse certa vez, quando já tinha 85 anos de idade.
Na redação de Problemas Brasileiros, a mesa que Maurício ocupava, agora vazia, evoca lembranças indeléveis. A antiga máquina de escrever, finalmente silenciosa, ainda está lá, aguardando sua chegada e pronta para alinhar as letras sob o comando de seus dedos incansáveis. Companheira de uma atividade profissional intensamente vivida, até o final de seus dias.
Amigo de todos, Maurício não perdia a oportunidade de bater um papo. Encontrá-lo no corredor ou na sala de café era a deixa para ouvir um causo, entre os milhares que colecionou na longa vida de repórter.
Eram sempre relatos engraçados, que muitas vezes envolviam gente importante, figurões da política e dos negócios um dia entrevistados por ele. E não faltavam as historinhas bem temperadas de Tatuí, a cidade natal de que se orgulhava muito e para onde voltou para o descanso definitivo.
Maurício Loureiro Gama, jornalista responsável pela revista Problemas Brasileiros, colega e amigo, deixa saudades.
Ponto final
Volta ao chão da infância o menino que se deslumbrava com os livros de Paulo Setúbal.
Regressa à Tatuí ancestral o adolescente fascinado com a oratória de Ibrahim Nobre e a poesia de Guilherme de Almeida. Ah! Os idos de 32, quando a epopéia fazia de cada lar uma trincheira!
Volta à redação dos Diários o moço enamorado da notícia, o garimpeiro de fatos, o condutor da opinião pública, o lidador do bom combate.
Regressa aos estúdios da Televisão Tupi o comentarista que trazia a paz em seus cabelos brancos e o entusiasmo nos comentários lúcidos e corajosos.
Uma edição extraterrestre anuncia em caixa-alta de nuvens:
"Atenção, atenção! Acaba de chegar ao céu o jornalista Maurício Loureiro Gama". E ponto final.
Paulo Bomfim
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