Postado em 06/05/2004
JORGE LEÃO TEIXEIRA
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Último desejo – Mestre da cirurgia plástica e membro da Academia Brasileira de Letras, Ivo Pitanguy afirma que é cada vez maior o número de pessoas da terceira idade que recorrem a sua especialidade médica. As razões são diversas, mas nenhuma tão inusitada quanto aquela apresentada por uma senhora de 84 anos que o procurou para modificar seu agressivo apêndice nasal, explicando que narizes avantajados e feios eram característica de sua família. Cansada de ver narigões pouco estéticos nos velórios da parentela, resolvera transformar-se numa exceção à regra, preparando-se para não agredir visualmente aqueles que comparecessem a seu velório. "É uma última vaidade estética, doutor", justificou a previdente matrona.
Barbaridades – Circula pela Internet uma seleção de respostas dadas a um teste pré-vestibular feito pelo professor José Roberto Mathias, do qual constava a pergunta seguinte: "A TV forma, informa ou deforma?" A indagação deu motivo a reflexões de fazer inveja a Jô Soares, Chico Anísio ou qualquer outro humorista bem-sucedido. É ler para crer... "A televisão passa para as pessoas a idéia de que a vida é um conto de ‘fábulas’ "; "A tevê deforma os sofás, pelo fato das pessoas ficarem bastante tempo ‘intertidas’, como também nossas vistas"; "A tevê é um objeto de consumo que devemos consumir para nossa informação, formação e deformação"; "A TV deforma a coluna, os músculos e o organismo em geral"; "A tevê pode ser definida como uma faca de três gumes, pois tanto pode informar, como formar e deformar". O besteirol pré-vestibular inclui outras pérolas em trânsito pela Internet, dignas de nota, como a descoberta de que "o nervo ótico transmite idéias luminosas ao cérebro" ou aquela que definia o objetivo das sociedades anônimas como "o controle de muitas firmas ou lojas desconhecidas".
Magister dixit – O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais, Raimundo Cândido Júnior, para definir, recentemente, o que seria o tamanho ideal de um discurso, recorreu a uma comparação entre oratória e minissaia, dizendo: "Ele deve ser longo o suficiente para cobrir o assunto e curto o bastante para despertar interesse..."
Mutreta – A empresa romena Simeda deu uma colher de chá para todos os que usam os celulares como instrumento eventual para iludir seus interlocutores, com desculpas esfarrapadas, mentiras cabeludas ou piedosas, ou falsos álibis para encobrir aventuras amorosas. Lançou um acessório capaz de simular ruídos de engarrafamento no trânsito, temporais, brocas de dentista e outros sons capazes de avalizar falsas afirmativas. O dispositivo custa 10 euros, e inicialmente só poderá ser usado em celulares Nokia.
Santo forte – A devoção cada vez maior dos brasileiros a Santo Expedito, patrono de causas urgentes ou quase perdidas, chegou às páginas do jornal francês "Libération", no bojo de uma reportagem sobre desemprego no Brasil, onde se falou da crescente popularidade do santo, esperança derradeira de quem está penando nas filas para arrumar uma colocação. Qualquer dia o "Libération" descobre a grande rival de Santo Expedito no Brasil: Santa Edwiges, padroeira dos endividados...
Burocracia – Valdelice Tupinambá é uma cacique da Bahia que viveu dias de emoção ao saber, em maio último, que integraria uma caravana de índios que o presidente Lula receberia no Planalto. Ela saiu de Olivença, no sul do estado, e viajou 26 horas para chegar a Brasília, carregando consigo um presente. Vestida a caráter – tanga de embira, colares coloridos, cocar de penas de gavião, braços pintados com urucum e jenipapo –, lá foi Valdelice, com uma velha máquina fotográfica na mão, rumo ao Planalto, junto com a comitiva indígena. No palácio, porém, a emoção transformou-se em decepção, ao ser barrada pela segurança, que a impediu de conhecer pessoalmente o presidente e entregar-lhe o presente, uma peça de artesanato. Motivo: a funcionária de plantão alegou que da lista com o nome dos índios da caravana não constava o número do CPF de Valdelice.
Se non è vero... – Reflexão de Luís Fernando Veríssimo sobre os desencontros e desacertos do nosso planeta: "O mundo não é ruim, só é muito mal freqüentado".
Doce indigesto – Um bolo colossal foi levado no Dia das Mães ao Presídio Salvador, na Bahia, por um grupo de mamães carinhosas, para ser saboreado pelos rebentos encarcerados. Agentes desconfiados do peso do presente resolveram cortá-lo e comer algumas fatias, descobrindo que o recheio era pródigo em facas, estiletes e limas.
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