Carta ao leitor

Já foi exaustivamente demonstrado que a educação faz enorme diferença no desenvolvimento de uma nação. No Brasil, entretanto, essa constatação é apenas uma teoria, porque na prática o que se viu até hoje foi uma sucessão de tentativas de tapar o sol com a peneira, uma vez que o ensino de qualidade esteve sempre ao alcance de poucos. Essa realidade perversa, agravada pela alta concentração de renda, fica evidente no número de analfabetos que o país possui, que se contam aos milhões. Vários programas já foram implementados com o objetivo declarado de eliminar o analfabetismo, mas nenhum deles conseguiu tal intento, e foram sendo substituídos por outros e outros... Na matéria de capa, apresentamos um balanço da situação atual e o projeto com que o governo pretende combater esse mal antigo.

Esta edição traz, no entanto, duas boas notícias. Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a implantação de um programa pioneiro de reciclagem transforma o que antes era considerado lixo em matéria-prima para ração, adubo e geração de energia. E, por falar em energia, o gás natural encontrado pela Petrobras na bacia de Santos, no litoral paulista, triplica as reservas brasileiras desse combustível e pode ser de grande valia para a indústria nacional.

Outro assunto, também presente neste número, é mais polêmico. Considerada um tabu por muitos – certos profissionais da área de comunicação evitam até mesmo falar sobre a questão –, a censura é uma realidade e está presente nas redações com mais freqüência do que se imagina. A publicação de notícias sofre interferências de várias naturezas, desde legais, por meio de liminares, que não raro dão origem a sérios conflitos entre o Judiciário e a imprensa, até aquelas mais veladas, que se justificam com o argumento de que determinado assunto não se enquadra na linha editorial do veículo.