Postado em 01/06/1998
Quase todas as conquistas do homem, em milênios de civilização, interferiram gravemente na natureza. Desde o momento em que a terra começa a ser cultivada para receber as sementes, o curso dos fenômenos naturais vem sendo alterado indefinidamente. O domínio da agricultura impingiu à espécie a obrigação de controlar a natureza, interferir nos ciclos até então imutáveis e adequá-los à sua comodidade.
Mas há 200 anos, quando a interferência humana passou a ser sistemática, devido ao emprego maciço de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, o meio ambiente vem sendo atrozmente agredido. A necessidade insofismável de progresso, há muito tempo arraigada na mentalidade ocidental, encontrava na natureza um empecilho a ser imediatamente extirpado. E a troca predatória – de avanços tecnológicos por florestas dizimadas – prosseguiu por décadas. Somente quando o homem percebeu que ferindo a natureza destruía sua própria essência, repensou a decisão equivocada e passou a tratar o meio ambiente com mais respeito.
Se antes a idéia de progresso era diametralmente antagônica à preservação da natureza, hoje esses dois conceitos podem conviver harmoniosamente, ao menos em teoria. A ressalva infelizmente é real. Os especialistas, por meio da Agenda 21 (protocolo assinado durante a ECO-92 que pontua as diretrizes da preservação ambiental até o final do próximo século) já nos apresentaram a noção de desenvolvimento sustentável, que privilegia as comunidades locais, a partir da utilização racional dos recursos naturais. Mas na prática são poucos que seguem esses preceitos e os interesses econômicos muitas vezes atropelam o bom senso. A matéria de capa desvenda os novos rumos da educação ambiental, as leis que punem os infratores e as ações benfazejas que permitem o progresso ser parceiro da natureza.
Os tempos modernos, corridos e estressantes, também prejudicam e muito a boa saúde. As matérias Mundo Ativo e Alimentação e Saúde são um guia para uma vida saudável. A exposição O Brasil Encantado de Monteiro Lobato, em cartaz no Sesc Pompéia, recebeu cobertura completa e, nesta edição, a vibrante figura do Pai da Emília mostra as suas outras faces.
O Em Pauta debate quem são os responsáveis pela programação das tevês e, na entrevista, Jacques Marcovitch, reitor da USP, apresenta um amplo panorama do papel que a Universidade desempenha diante das mudanças imprevisíveis que abalam o mundo.
Danilo Santos de Miranda
Diretor Departamento Regional do SESC-SP