Postado em 23/12/2021
ALÉM DE PROMOVER BENEFÍCIOS À SAÚDE E BEM-ESTAR, ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTIVAS FORTALECEM VÍNCULOS SOCIAIS E ORIENTAM NOVOS HÁBITOS
Essencial para o desenvolvimento humano e praticada em todas as fases da vida, a atividade física durante o período de restrições sociais da pandemia e neste momento de reabertura de espaços públicos teve um papel fundamental. É que além de proporcionar inúmeros benefícios à saúde mental e física e de promover bem-estar, essas atividades possibilitaram reencontros em parques, praças e outros locais abertos da cidade. Seja qual for a modalidade escolhida — corrida, futebol, basquete, skate ou até mesmo vôlei de praia, que está se popularizando na capital paulista em quadras urbanas —, todas fortalecem vínculos sociais e viabilizam uma reconexão com a cidade.
Na capital paulista é cada vez maior o número de pessoas que ocupam parques, praças, ciclovias e outros espaços públicos para praticar atividades físicas. Principalmente nos fins de semana, é crescente o número de frequentadores destes espaços (leia Almanaque publicado na Revista E nº 302, de dezembro de 2021). Recentemente, essa demanda resultou na abertura do Parque Augusta que, após um longo período de reivindicações, foi inaugurado em novembro passado, no Centro da cidade.
Para o doutor e mestre em Estudos do Lazer Marcos Gonçalves Maciel, pesquisador e professor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), estes espaços ao ar livre têm um papel vital na promoção da saúde, mas ainda são poucos. “É importante lembrar que o lazer é um direito garantido pela Constituição. É dever do Estado promover o lazer e é direito do cidadão e da cidadã ter acesso ao lazer e que ele seja de qualidade. Então, é preciso pensar numa redemocratização e reorientação das políticas públicas para que esses equipamentos possam atender todas as camadas da população. No entanto, é muito comum a gente ver parques, praças, pistas de caminhada e ciclovias em bairros ricos, e em bairros mais pobres, outra realidade”, aponta.
Segundo o especialista, a dimensão social da saúde, que ainda compreende as esferas física e mental, precisa ser valorizada. “Não ter o contato com o outro gera uma repercussão na saúde mental porque nós somos seres sociais. Por isso, o quadro de restrições sociais vivenciado vem trazendo diversos prejuízos. A gente sabe que os índices de ansiedade e de depressão, que já eram altos antes da pandemia, se agravaram e que, infelizmente, o estresse pós-traumático vai persistir por alguns anos”, alerta.
Ajuste seu relógio: é hora de se mexer!
De acordo com o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, o comportamento sedentário envolve atividades realizadas quando se está sentado, reclinado ou deitado e gastando pouca energia. Posturas que normalmente são adotadas enquanto utilizamos o celular, o computador, o tablet e o videogame ou enquanto trabalhamos, assistimos à televisão ou à videoaula. Para evitar esse comportamento, o Guia traz algumas recomendações. Uma delas é que a cada uma hora, a gente se movimente por pelo menos 5 minutos.
Preocupados com esse cenário, pesquisadores brasileiros e de outros países concentram-se em estudos sobre os efeitos da pandemia sobre a saúde da população. Noites mal dormidas, insônias, alterações no metabolismo, oscilações de humor, encurtamento de tendões, agravamento de tensões musculares, aumento de peso e vista cansada são alguns dos relatos compartilhados em menor ou maior grau por idosos, homens, mulheres e crianças. Resultado de longas horas em frente às telas, pouca e restrita atividade física, entre outros fatores. Há, inclusive, investigações que já apontam um envelhecimento precoce da sociedade nestes últimos dois anos.
Supervisor de Esportes do Sesc Interlagos, Gabriel Damasco conta que, entre as queixas de alunos e frequentadores da unidade, estão os prejuízos à saúde relacionados à falta de socialização. “Um relato importante dos frequentadores foi da importância em rever pessoas novamente, de fazer parte de um grupo nas aulas”, destaca. Outras queixas, segundo Damasco, estavam relacionadas, principalmente, à saúde mental. “Nesse retorno das atividades e reabertura das unidades do Sesc São Paulo, tivemos um número grande de queixas como ansiedade, insônia e depressão. Por isso, esse processo de retomada tem sido um processo de escuta e empatia”, complementa.
Mesmo quem praticou alguma atividade física em casa sofreu com as restrições do espaço doméstico e com a falta de um acompanhamento profissional.
A redução do movimento corporal provocou, de acordo com o professor Marcos Gonçalves Maciel, aumento de massa corporal adiposa, dores nas costas e dores musculares, por exemplo. “E quem teve condições de fazer ginástica em casa, seja por meio de um aplicativo ou por outras ferramentas nas plataformas digitais, muitas vezes não têm consciência corporal nem têm experiência em atividade física ou não teve uma orientação adequada. Essas plataformas são importantes e facilitaram o acesso para alguns, mas a orientação profissional é fundamental no sentido de corrigir, prescrever e orientar”, acrescenta o especialista.
Lançado no segundo semestre de 2021, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, realizado pelo Ministério da Saúde, reuniu um grupo de professores e pesquisadores de diferentes regiões do país para elaboração de orientações em consonância com o guia internacional de atividade física lançado pela Organização Mundial da Saúde em 2020. E o slogan de ambos os guias é o mesmo: “Todo movimento conta”.
“Ou seja, quebrar o comportamento sedentário que, anteriormente era entendido como não fazer atividade física e que, recentemente, é entendido como tempo em tela. Com isso, pessoas fisicamente ativas podem ter um comportamento sedentário se não fizerem pequenas pausas, ao longo dia, enquanto trabalham, estudam ou realizam outras atividades em frente ao computador, celular, televisão etc.”, explica o professor Marcos Gonçalves Maciel, que participou da comissão técnica do Guia.
Diante desse cenário, ficou ainda mais evidente a importância de movimentar-se como um autocuidado primordial e um hábito incorporado ao dia a dia em casa, no trabalho, no parque, numa praça ou nos arredores de onde moramos. “Esses pequenos movimentos de quebra do comportamento sedentário já auxiliam você, mentalmente, a sair daquela rotina, daquela tensão, assim como desperta o próprio corpo também”, reforça Maciel.
PROGRAMAÇÃO PRESENCIAL E VIRTUAL PROMOVE A IMPORTÂNCIA DO LAZER EM AÇÕES FÍSICO-ESPORTIVAS NO COTIDIANO DAS PESSOAS
De 4 de janeiro a 13 de fevereiro, o Sesc São Paulo realiza a 27ª edição do Sesc Verão, que neste ano traz como mensagem central: Lazer levado a sério. Neste ano, a campanha marca a abertura das unidades do Sesc São Paulo para reencontro com o público, com todas as medidas de segurança e cuidados necessários, para o exercício do lazer em atividades físico-esportivas. Uma programação ampla, diversa e plural que busca a manutenção e o cuidado com a saúde mental, física e social.
Para o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, “a edição deste ano do Sesc Verão promove o reencontro do público com o Sesc e o lazer, com todo o cuidado que o momento ainda pede”. E complementa: “Assim, levar a sério as práticas de lazer significa ter a certeza de sua importância para a qualidade de vida e para o desenvolvimento dos cidadãos”.
Esta 27ª edição do Sesc Verão também incentiva um público de todas as idades a encontrar um espaço diário para a experimentação de atividades que sejam divertidas e saudáveis, além de promoverem socialização e trocas. Entre diferentes atividades, como cursos, oficinas e conversas, será possível conhecer novas ideias e novas práticas que possam fazer parte do seu cotidiano. A programação será realizada de maneira híbrida, ou seja, tanto no ambiente virtual quanto presencial, nas unidades do Sesc São Paulo, seguindo protocolos e regras municipais de combate à Covid-19. Saiba mais: www.sescsp.org.br/sescverao.
Confira alguns destaques da programação:
AVENIDA PAULISTA
Pedalada Noturna
Nesta pedalada acompanhada por educadores de atividades físicas do Sesc, o percurso de média intensidade (cerca de 20km) tem como saída e retorno o Sesc Avenida Paulista, passando pelos principais pontos gastronômicos da cidade de São Paulo. (Dia 8/1, sábado, das 19h às 20h30. É necessário trazer bicicleta e capacete. Em caso de chuva, o passeio será cancelado)
CAMPO LIMPO
Bate-Papo - A Pluralidade do Lazer Levado à Sério no Futebol
Esporte, jornalismo esportivo e paradesporto são temas deste bate-papo com o ex-jogador e comentarista Caio Ribeiro, a apresentadora Karine Alves e o campeão paralímpico de futebol de 5, Gledson da Paixão (Guegueu). (Dia 16/1, domingo, das 16h30 às 18h30).
SANTOS
Vivência - Canoa Havaiana na praia
Este tipo de prática físico-esportiva já foi considerado, exclusivamente, um meio de locomoção há três mil anos. Originária da Polinésia, subregião da Oceania, composta por mais de mil ilhas espalhadas pelo Oceano Pacífico, entre elas, o Havaí, a canoa havaiana vem ganhando cada vez mais popularidade no Brasil. O formato da canoa havaiana inclui uma peça conhecida como flutuador, ligada por meio de hastes ao casco principal onde ficam os praticantes que, neste tipo de embarcação, podem trocar de lado durante as remadas. (De 8/1 a 12/2, sábados, das 8h às 10h)
ITAQUERA
Breaking na Quebrada - São Mateus em Movimento
Dança de rua criada nos anos 1970, no Bronx, bairro da cidade de Nova York, essa linguagem da cultura Hip hop chegou ao Brasil na década de 1980 e fará parte dos Jogos de Paris em 2024. A iniciativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) é de trazer mais jovens para a competição, jogando luz sobre diferentes estilos, uma vez que cada país tem um estilo próprio de breaking. A fim de convidar mais pessoas para conhecerem e experimentarem essa prática, a Federação Paulista de Breaking realiza essa atividade trazendo atletas-dançarinos do grupo São Mateus em Movimento. (Dia 22/1, sábado, das 12h às 16h)
SANTANA
Enduro a pé - Transporte ativo e Tecnologia
Nesta caminhada pelo entorno da unidade, serão abordados aspectos históricos da região, relacionando a oferta de equipamentos esportivos do entorno à adesão de hábitos mais saudáveis. Estas relações serão amparadas pelas orientações de um guia que utilizará a tecnologia de geolocalização para enriquecer a atividade. (Dia 23/1, domingo, das 10h30 às 12h30)
PRESIDENTE PRUDENTE
Festival Vôlei de Areia, com a participação da atleta olímpica Ana Patrícia
Bicampeã Mundial Sub-21 em 2016 (Suíça) e 2017 (China), campeã dos Jogos Sul-Americanos de Praia 2019 (Argentina), quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, dentre outras conquistas, Ana Patrícia participará desta atividade aberta ao público. Além do festival de vôlei de areia, haverá um bate-papo com a atleta olímpica sobre a prática e os desafios essa modalidade esportiva. (Dia 22/1, sábado, das 9h10 às 13h, e das 14h às 17h30; Dia 23/1, domingo, das 9h10 às 17h30)