Postado em 31/10/2021
EXPOSIÇÃO BIRICO APRESENTA A ARTE ENRAIZADA NA REGIÃO CENTRAL DE SÃO PAULO
Muitas histórias pulsam no território da chamada Cracolândia, na Luz, região central da capital paulista. Há arte, vida e afeto florescendo ali, dia após dia, em meio à rede de atuação sociocultural que acolhe a população em situação de vulnerabilidade presente no local. Nesse ambiente atuam artistas, coletivos e grupos que têm em comum a vivência, a preocupação social e a luta por direitos humanos. O resultado de alguns desses trabalhos pode ser visto na exposição Birico – Poéticas Autônomas em Fluxo, em cartaz no Sesc Bom Retiro. A mostra reúne 158 criações de diferentes linguagens artísticas, como fotografia, lambe-lambe, pinturas e peças gráficas. Obras que refletem olhares únicos, poéticos, sobre a paisagem urbana precarizada, as diversas identidades e formas de existência e o cotidiano marcado pela desigualdade e violência, provando que a arte é, também, uma poderosa estratégia de resistência.
A exposição apresenta impressões de obras de artistas urbanos, como Mundano, Mag Magrela e Paulestinos, além de Renata Felinto e Monica Ventura, nomes da arte contemporânea. Ganham espaço na mostra trabalhos de veteranos pouco conhecidos fora das imediações do território, como Yori Ken, Dentinho e Índio Badaross. Birico é, ainda, o nome do coletivo criado em 2020 para oferecer suporte e gerar renda emergencial para artistas da comunidade durante a pandemia da Covid-19.
RESISTIR EM CONJUNTO
Sob a mentoria da artista Maré de Matos, o coletivo Tem Sentimento produziu a bandeira gigante que ocupa o vão central da unidade do Sesc. O trabalho traz os dizeres “Atenção: Aqui tem Sentimento”, e é um convite à reflexão sobre a maneira como a população que convive no fluxo é constantemente tratada pela sociedade – ora estigmatizada, ora invisibilizada.
Entre as obras coletivas produzidas para a Birico também se encontra Marmitômetro e Repressômetro. Nas palavras da comissão curatorial, formada por Frederico Filippi, Julio Dojcsar, Pablo Vieira, Raul Zito e Sol Casal, “os painéis de led que exibem uma comparação entre bombas e marmitas mostram uma visão clara entre duas forças opostas de ação: a da solidariedade e a da repressão, exibida de maneira quantitativa, quase didática, para que o público reflita sobre as questões mais urgentes da vida, num estágio extremo”.
O Repressômetro apresenta números da violência policial no território a partir dos dados coletados pelo movimento Craco Resiste. No lado oposto, a quantidade de marmitas distribuídas no Teatro de Contêiner Mungunzá, espaço cultural situado na região e uma das áreas expositivas da mostra.
Para a educadora Felipa Caldas, apresentar as obras reunidas na mostra é, também, um passeio pela própria vida. “Contar essas histórias é muito gratificante. É algo que vai adiante. Outras pessoas precisam saber que estas pessoas existem. Elas têm esse direito – de saber – e quem está aqui, de ser reconhecido”, explica. Birico também pode ser vista nos gradis externos da unidade do Sesc Bom Retiro e pela internet, nos conteúdos audiovisuais criados exclusivamente para a exposição. Fica em cartaz até 27 de fevereiro de 2022.
Para agendar a visitação (APP Credencial Sesc SP ou pelo computador)
Para conhecer o processo de curadoria e o trabalho dos coletivos envolvidos na exposição
https://sesc.digital/colecao/exposicao-birico
Para acompanhar as ações do coletivo Birico
www.instagram.com/birico.arte/
Para conhecer os coletivos integrantes
É de Lei
Birico
https://www.instagram.com/birico.arte/
Coletivo Tem Sentimento
https://www.instagram.com/coletivo_temsentimento
Craco Resiste
https://naoeconfronto.weebly.com/
Teatro de Contêiner Mungunzá
https://mungunzadigital.com.br/
Em destaque no centro: Coletivo Birico. Biricar, 2020. Objeto Tridimensional | Matheus José Maria
Giuliano Ziviani
Raul Zito. DEScobrimento I, 2018. Lambe-lambe | Giuliano Ziviani
Sol Casal. Simulato, 2009-2020. Lambe-lambe | Giuliano Ziviani
Dentinho. Isso É um Cachimbo, 2020. Lambe-lambe | Giuliano Ziviani
Lau Guimarães. nosotras, 2017-2020. Lambe-lambe | Giuliano Ziviani
Chip Thomas. Procession to 2nd site, 2020, Lambe-lambe