Postado em 01/10/2021
3ª EDIÇÃO DE FRESTAS – TRIENAL DE ARTES
EXAMINA NOVOS MUNDOS POSSÍVEIS, SEUS CAMINHOS E SUJEITOS
As conexões entre os modos de existência não dominantes e os percursos que eles são capazes de conceber estão entre as temáticas que permeiam a terceira edição de Frestas – Trienal de Artes, cuja exposição está em cartaz no Sesc Sorocaba e em espaços públicos dessa cidade a cerca de 100 quilômetros da capital paulista. Sob o título O rio é uma serpente, esta edição reúne 53 artistas e coletivos de diferentes países, entre os quais Brasil, África do Sul, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru, Estados Unidos, França e Suíça. São obras que refletem acerca das políticas e poéticas de exibição da arte e que trazem para a prática artística discussões sobre economias de acesso, modos de exclusão e formas de consumo vigentes, além de investigar quais estratégias de solidariedade são viáveis no momento atual.
Dos 53 artistas presentes em Frestas, 32 foram convidados a criar obras inéditas para a Trienal. Fazem parte desse conjunto nomes como Jota Mombaça, Gê Viana, Paulo Nazareth, Denilson Baniwa, Vijai Patchineelam, Sallisa Rosa e Ventura Profana, do Brasil, a mexicana Lia García e a holandesa Aimée Zito Lema. Já um grupo de 15 artistas participou do programa para desenvolvimento e reflexão sobre seus processos de criação – uma das ações formativas realizadas dentro da programação de Frestas, ainda em 2020, ano em que a mostra, originalmente, seria aberta ao público. O cronograma foi modificado devido à pandemia de Covid-19, mas, como decorrência, possibilitou este programa de estudos entre artistas, curadores e equipes do projeto.
Assinam a curadoria Beatriz Lemos, Diane Lima e Thiago de Paula Souza, com assistência de Camila Fontenele e coordenação educativa de Renata Sampaio. “Para que a mostra enfim chegasse ao seu momento de abertura (21 de agosto de 2021), foi necessário recalcular algumas rotas, fabular estratégias e negociações, reimaginar o porvir. Assim, ao desaguar em Sorocaba, O rio é uma serpente intui a abertura de um portal que suscita possibilidades, reflexões e diálogos para além do agora”, descreve o trio de curadoria.
NO CURSO DAS ÁGUAS
A pesquisa curatorial para esta edição teve início em meados de 2019, com trocas e escutas junto a diferentes agentes culturais atuantes em Sorocaba e região.
A ação também abarcou comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas do Norte e Nordeste do Brasil – entraram na rota: Boa Vista e a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (Roraima), além de Manaus e arredores do Rio Tupana (Amazonas), Belém, Parque Nacional Serra da Capivara (Piauí) e, por fim, São Luís e Alcântara (Maranhão).
As viagens – especialmente os trechos navegáveis, suas curvas, bifurcações e movimentos caudalosos – permitiram aflorar o título da exposição, que circunscreve uma cosmovisão das táticas que a curadoria teve que elaborar (e recriar) durante o trabalho. “Foram as formas serpenteadas por um tempo não linear que nos ajudaram a traduzir as experiências intangíveis dos contratos, conflitos e acordos que vivenciamos, bem como as estratégias de solidariedade praticadas por todos aqueles que fazem parte da plataforma Frestas. O rio é uma serpente porque [o curso fluvial] se esconde e camufla e, entre o imprevisível e o mistério, cria estratégias em seu próprio movimento”, complementa o trio de curadoria.
EM TODA PARTE
MOSTRA REVERBERA EM
ESPAÇOS PÚBLICOS DE SOROCABA
A terceira edição de Frestas – Trienal de Artes, que pode ser visitada no Sesc Sorocaba até 30 de janeiro de 2022, como nas mostras anteriores, também aposta na descentralização da cena da arte para o interior do estado, ampliando a proximidade com os espectadores. Ao percorrer a cidade, o público facilmente percebe os ecos da exposição: na ponte estaiada que conecta os edifícios da unidade do Sesc, por exemplo, está a imponente intervenção Entidades, do artista indígena da etnia Macuxi Jaider Esbell (Brasil).
O Parque da Biquinha, por sua vez, recebe trabalhos de Engel Leonardo (República Dominicana) e de Sallisa Rosa e Sucata Quântica (Brasil). Pavimento nº 1, de Jota Mombaça, é uma obra de grande dimensão, sobre o asfalto, em avenida próxima à unidade. E o Zumví Arquivo Afro Fotográfico (foto), de Salvador, exibe uma das fotografias de seu acervo em um outdoor na cidade.
Outro pilar curatorial de Frestas é o programa educativo. Uma das iniciativas realizadas em 2020, intitulada Tópicos para a diferença e a justiça social, voltou-se para mais de 350 professores da rede pública da cidade e proporcionou a discussão direta com agentes e pesquisadores da educação e da arte de diversas regiões do Brasil, sempre com o objetivo de cogitar novas formas de pensar a educação. O foco das discussões esteve na busca do diálogo com temas que atravessam esta terceira edição, como gênero e sexualidade, infância, racismo e diáspora africana.
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Consulte também o Guia de Visitação da mostra.