Postado em 15/09/2021
Uma mulher sozinha num barco, à beira do naufrágio, como a população do mundo em tempos de pandemia, que briga com o autor-diretor dizendo: “Chega de Beckett!”. Ela está em busca de uma saída viável e deve encontrá-la no final da peça.
Embalado por uma trilha sonora eclética, G.A.L.A., do autor e diretor Gerald Thomas, e estrelado pela atriz Fabiana Gugli, o espetáculo coloca-nos diante de um mundo totalmente surreal, tropicalista inventado, com o desabafo existencial da personagem que dá nome a peça. O espetáculo estreia no dia 22/9, quarta, às 21h, com transmissão on-line pelo canal do Sesc Avenida Paulista no YouTube. Após a apresentação, haverá bate-papo com o diretor, a atriz e mediação de Dirceu Alves Jr.
"Ao receber o texto dessa nova peça, não tinha ideia de como ele poderia ser dito ou como ele poderia ser montado. Isso é muito próprio da dramaturgia do Gerald, a palavra é só mais um elemento na cena. Só quando os ensaios começam, a encenação dá suporte à dramaturgia e os sentidos e significados começam a aparecer e ganhar conexões muito peculiares. Nessa peça, especificamente, muitas imagens habitam este lugar onírico: uma mulher à deriva, rompendo uma relação, o rompimento com Beckett e seu universo, uma inversão de papéis entre musa (GALA) e criador, delírio, sonho, referências ao surrealismo, uma busca de sentido e uma imensa solidão. Por enquanto, ainda me sinto como a mulher da peça, à deriva. Não devo estar muito longe e logo, logo, devo chegar em algum lugar.", comenta Fabiana Gugli.
O nome G.A.L.A. faz referência à elegância da personagem em uma noite de gala, mas também é levemente inspirada na musa Gala Dali, de Salvador Dali.
"Quanto mais eu vivo, mais eu percebo que ninguém sabe nada. Ninguém lembra de nada. E fica todo mundo arrotando verdades. E vai se criando um arquipélago de verdades: 'isso tem que ser assim e isso tem que ser assim'. Uma espécie de ordem artificial que Deus não botou ali, mas a classe média botou ali. E quando surge uma pessoa que coloca isso em dúvida… 'mas eu não entendo, o que é que quer dizer isso?'. E isso coloca o artista como aquele que faz entender, mas não faz, o artista confunde mais. Eu vejo qualquer peça como uma pessoa em uma esteira rolante de um aeroporto sendo bombardeada por uma série de anúncios aleatórios, sendo nutrida de muitas informações diferentes e reagindo pela sua empatia ou não a elas.", comenta Gerald Thomas.
Eu sou um homem e essa foi uma viagem terrestre e extraterrestre – visitamos as pirâmides e passamos na prova do existencialismo “crucial”, a prova da sexualidade, a prova da dignidade, a prova da humanidade e da sobrevivência sendo “o outro” e “a outra”, e tudo lá no nosso Olimpo, Sancho. E tudo isso enquanto tínhamos visões terríveis. Visões verdadeiras. Visões apocalípticas. (Trecho do espetáculo)
FICHA TÉCNICA
Texto, Criação e Direção: Gerald Thomas
Atriz: Fabiana Gugli
Assistente de Direção: Lucas Brandão
Desenho de Luz, Som e Espaço Cênico: Gerald Thomas
Sonorização: Ale Martins
Montagem e Operação de Luz: Nicolas Caratori
Contrarregra: Raíssa Milanelli
Costureira: Judite Lima
Adereços: Clau Carmo
Cenografia: Casa Malagueta
Vídeo: Leandro Oliveira
Direção Técnica: Ronaldo Zero
Direção de Produção: Dora Leão – PLATÔproduções
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Realização: Sesc São Paulo