Postado em 26/08/2021
Uma das questões sociais de maior importância, a moradia, é tema da série #CruzamentosdeTerritórios, parte do projeto Isto não é um Mapa, e que estreou nas redes sociais do Sesc Bom Retiro no dia 17 de agosto. A série de vídeos aborda este tema pela perspectiva da comunidade LGBTQIA+, sendo o resultado do encontro entre espaços de acolhida de pessoas LGBTQIA+ do centro de São Paulo, a “Casa 1” e o “Coletivo Tem Sentimento”, e as/os artistas, Leonarda Glück, Bruno Novaes e Aretha Sadick.
O projeto "Isto não é um mapa" é fruto de um mergulho na região onde o Sesc Bom Retiro se insere, local histórico na cidade de São Paulo com importantes instituições culturais, entre elas, a Osesp, a Pinacoteca e o Museu da língua Portuguesa, entres outras, convivendo com a chamada “Cracolândia” e a “Favela do Moinho”, locais marcados pela vulnerabilidade social. A mostra, composta por projetos inseridos na região, apresenta os territórios por meio de cartografias afetivas, poéticas, sociais e micropolíticas, das ações sociais intensificadas no contexto da pandemia às narrativas de processos históricos da produção dos espaços da cidade, das resistências coletivas, e do viver à cidade.
Para Affonso Lobo, técnico de programação do Sesc Bom Retiro e um dos idealizadores do projeto, a proposta desta edição surgiu do interesse em trazer a intersecção entre moradia e gênero com o foco em pessoas trans e travestis (transvestigêneres), destacando o quão importante são essas "moradas" como territórios de afeto, pertencimento, liberdade e (re)existência. “Convidamos um grupo de artistas que desenvolveram em 2016 um espetáculo performativo cartográfico que se realizava em deslocamento pelas ruas de São Paulo em busca de conexão com a cidade, inspirado na obra do artista José Leonílson, construído como se cada cena fossem cartas para um diário íntimo”, completa.
Affonso cita a escolha das instituições participantes no contexto dos territórios da unidade. “As casas e o coletivo escolhidos são importantes organizações que se localizam no centro expandido da cidade e que atuam nos territórios do entorno do Sesc Bom Retiro e que são o foco das cartografias sociais, poéticas e afetivas que o projeto apresenta desde a primeira edição em 2020.”
A “Casa 1”, iniciou suas ações em 2017 como uma república de acolhida, que já abrigou cerca de 380 jovens LGBTQIA+ expulsos de casa pela família. É uma casa temporária que realiza um trabalho multidisciplinar em prol da autonomia das pessoas acolhidas. Além da moradia, alimentação e transporte, recebem suporte de assistência social, apoio para os estudos, empregabilidade, atendimentos de saúde clínica e mental, assim como acesso à programação do centro cultural.
Vanessa Soares, representante da Casa 1, destaca a importância desta parceria: “A Casa 1 se preocupa desde seu início com a elaboração de políticas que acolham as subjetividades. Em nossos espaços Casa de Acolhida, Clínica Social e Galpão Cultural reconhecemos a importância de ações multidisciplinares que ampliam os debates sobre direito à moradia, ocupação dos espaços públicos e de espaço de lazer e cultura para população LGBTQI, por isso nossa parceria junto ao Sesc Bom Retiro na ação Cruzamentos de Territórios é muito significativa.”
“Partindo das propostas de mapear recortes afetivos, poéticos e sociais, experimentamos nas oficinas um alargamento dos aspectos sociopolíticos que elaboram novas possibilidades de resistência, de afirmação das identidades e de autonomia dos sujeitos. Portanto, nós enquanto instituição apostamos em propostas de integração e de expansão como a que participamos e nos colocamos abertos aos diálogos que reforçam direitos e qualidade de vida da população LGBTQI”, completa.
Já o "Coletivo Tem Sentimento", atua no bairro da Luz desde 2016 na redução de danos com projetos de geração de renda para mulheres cis e trans a partir da costura e com ações de autocuidado na região conhecida como “Cracolândia”, bem como atua junto a outros coletivos em ações sociais para pessoas em situação de vulnerabilidade social na região.
ASSISTA A SÉRIE COMPLETA
Sobre os mediadores:
Bruno Novaes é artista e educador, integra o Práticas Compartidas, grupo de pesquisa e produção em arte e educação. Possui obras no acervo do MAR - Museu de Arte do Rio de Janeiro e do Museu da Diversidade Sexual de São Paulo.
Leonarda Glück é atriz, dramaturga, performer, curadora e diretora teatral. Trabalha com a fusão entre linguagens — teatro, dança, performance, literatura, música, vídeo, artes visuais e cibernéticas — bem como com suas estreitas relações com o corpo e suas ressonâncias afetivas.
Aretha Sadick é atriz, modelo, performer e cantora que usa destas plataformas para falar de suas experiências e questionamentos enquanto uma artista negra e mulher trans no Brasil.
Confira as ações já realizadas:
Protagonismo e Articulação do Território
Série de webdocumentários sobre o trabalho realizado por diversos agentes que atuam no centro da cidade de São Paulo: Cia Pessoal do Faroeste, UNEAFRO, Pastoral do Povo da Rua, Casa Florescer e Abrigo Dom Bosco. Teve como abertura o documentário realizado em parceria com o Sesc Vila Mariana, dentro do projeto Teatro e Ação Social, com a Cia Mungunzá de Teatro, Coletivo Tem Sentimento, Associação Agentes da Cidadania – Mulheres da Luz - em campanhas contra a fome na periferia e no centro da capital durante a pandemia. Casa do Povo, Coletivo Tem Sentimento, Associação Agentes da Cidadania – Mulheres da Luz, em campanhas contra a fome na periferia e no centro da capital durante a pandemia.
Lugar de Música
Série de podcasts que aborda a produção musical do território, com reflexões sobre a materialidade da apresentação ao vivo, as formas de circulação e consumo da música. Entrevistas com representantes de importantes blocos de carnaval de rua do centro de São Paulo como Ilu Oba De Min, Ilu Inã, Classe A, Blocolândia, Minhoqueens e Agora Vai.
“Habitação de Interesse Social no centro da cidade de São Paulo: panorama histórico e horizontes possíveis”. Realizado no dia 29/04/2021, o debate teve a participação de Benedito Barbosa, Carmen Silva e Nabil Bonduki e abordou temas como os mutirões autogestionados, as ocupações no centro de São Paulo, as saídas possíveis com a parceria-público-popular (PPPop), a autogestão, a concessão para uso e a locação social, as experiências bem-sucedidas, avanços, retrocessos e desafios para o planejamento urbano e a habitação social.
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