Postado em 23/06/2021
Toda cidade tem sua(s) história(s) e memória(s). Conhecemos uma cidade por meio de visitação, dos roteiros turísticos, dos caminhos percorridos, do contato e convívio estabelecido com seus moradores, ou das histórias escritas, da oralidade e dos saberes de personagens que nos contam, resgatam e difundem a historicidade das cidades.
Quais são as histórias e memórias da segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo que foi fundada em 1560, e no auge de completar seus 461 anos, em 8 de dezembro, tem para nos contar? Esta cidade, da qual estamos falando, é Guarulhos.
O topônimo Guarulhos (Guaru + lhos) é formado por “Guaru”, que vem da língua indígena tupi, e pelo final de palavra “-lhos”, que vem da língua portuguesa. “Guar” designa indivíduo e a vogal “u” significa o que come, o que bebe. O final da palavra “lhos”, juntado ao termo "guaru'', não corresponde à língua Tupi. O termo era utilizado antigamente para comparar, preconceituosamente, os primeiros habitantes do território, que eram baixos, fortes e troncudos, como o peixe guaru, barrigudinho (Lebiste Selvagem).
É a cidade de suaves montanhas, de matas abertas e de amanhecer sorridente. Cidade educadora, da tecnologia, da economia, da sustentabilidade, do turismo, das festividades, dos amores, do desenho, da pintura, da poesia, da música, da dança, do circo, do teatro, dos esportes, do slam, dos becos e vielas.
Cidade dos rios e córregos, das avenidas, das ruas extensas e estreitas, dos bares, restaurantes, botecos, das praças, das igrejas, dos templos e dos terreiros.
Cidade dos grafiteiros, das lideranças comunitárias, dos escritores, dos historiadores, dos jornalistas, dos estudantes, dos trabalhadores formais e informais. Cidade palco de eventos científicos, esportivos e artísticos, cidade-dormitório, mas também cidade-moradia de aproximadamente 1.392.121 habitantes.
Sítio São Francisco, localizado no bairro dos Pimentas, em Guarulhos. Foto: @legadophotos
Território da comunidade LGBTQIA+, da comunidade preta, da comunidade indígena. Território de chegada dos refugiados, da comunidade de migrantes e imigrantes, dos gamers, dos nerds, dos Geeks, das pessoas com deficiência, da população carcerária.
Terra da mineração e cidade das pipas dançantes no céu ensolarado e dos apitos dos torneios de várzea.
Cidade que possui a maior avenida principal do mundo: a Via Dutra (BR116), que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e permite o tráfego diário de grande parte da população do município. A cidade abriga várias opções de lazer, como o Bosque Maia, o maior parque urbano de Guarulhos. Outro marco conhecido é a Praça dos Mamonas Assassinas, localizada no bairro do Cecap, que foi palco de shows da famosa banda guarulhense e representa uma homenagem aos integrantes que tiveram sua carreira interrompida em um acidente aéreo.
O Centro Educacional Adamastor é o centro cultural da cidade. Ainda na cena cultural, há o Conservatório Municipal de Guarulhos, idealizado e fundado em 1963, sendo uma referência na área musical da cidade.
O Aeroporto Internacional de Cumbica é considerado o maior aeroporto do Brasil e o mais movimentado da América Latina em número de passageiros transportados.
O Sesc Guarulhos, em sua inauguração em maio de 2019, convidou o artista plástico André Firmiano para elaborar uma série de cartões postais sobre a cidade de Guarulhos. Os desenhos revelam tanto as lembranças do ilustrador quanto o cotidiano dos moradores e as histórias dos locais. A série de cartões “Paisagens Postais: Memórias de Guarulhos” foi distribuída gratuitamente nas ações programáticas do Turismo Social que se iniciaram na unidade e podem ser acessadas através deste link.
Em tempos de pandemia na qual o ir e vir e o ato de visitar cidades foram afetados, como podemos nos conectar com as histórias e memórias da cidade?
A oralidade é uma importante ferramenta de compartilhamento das histórias e na formação e construção da identidade das cidades. E a oralidade está centrada na existência de pessoas e personagens que possam compartilhar essas histórias.
No bate-papo “Percursos de memórias e histórias afetivas da cidade de Guarulhos”, Abílio Ferreira e Suzy Santos, por meio de suas narrativas afetivas, vão traçar percursos por pontos importantes de Guarulhos.
O processo de transformação urbana da cidade será construído a partir das experiências narradas e vividas por Abílio e Suzy. A proposta central consiste no diálogo com essas experiências para pensar de que maneira os moradores interpretam e narram suas respectivas participações nesse processo histórico. Busca-se ainda apontar de que forma essa experiência social está impregnada de valores, práticas, discursos e memórias elaboradas e vividas por eles nesse cotidiano. Discute-se, sobretudo, como estes moradores construíram e, ao mesmo tempo, foram construídos por este processo.
O encontro é online e acontece no dia 26/6, sábado, às 15h. As inscrições estão abertas e são gratuitas em sescsp.org.br/inscricoes.
É Guarulhos em sua diversidade e complexidade sendo revelada por importantes personagens: seus moradores e trabalhadores!
E por falar em memórias e identidade da cidade gostaríamos de te fazer um convite: Que tal registrar e compartilhar suas memórias e histórias na Era Virtual Museu Guarulhos? Trata-se de um projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc idealizado e desenvolvido pela ONG Água Azul em conjunto com um coletivo de profissionais da cidade.