Postado em 08/06/2021
“Criar novos hábitos”
“O uso do ócio criativo”
“Cultivar uma horta ou jardim”
“ Ler um livro inteiro com mais de 300 páginas”
“ Ir para a cozinha...”
Essas e inúmeras dicas ouvimos demasiadamente desde que entramos na rotina da quarentena. Porém, o que ninguém estava preparado era em como lidar com seu próprio “eu”.
“Não estou afim!?” – Vou dar uma saída.
“Não quero pensar sobre isso?!” – Vamos tomar uma gelada.
E assim são todas as nossas desculpas para que a colisão não aconteça.
Mas e agora? Não podemos sair, não podemos nos reunir, não temos escapatória. Já fizemos dietas, exercícios em casa, meditação, conversamos com os pets todos os dias.... Dormimos por horas a fio. Pagamos contas. Limpamos a casa.
“Nossa, o pão ficou delicioso!!!”
Misteriosamente já foram embora um ano de nossas vidas. Estamos fugindo de nós mesmos por um ano!!!
O mergulho em nossas profundezas, assusta. Olhar para dentro de si, amedronta. Parar para pensar, dá medo.
Descobrir quem nós somos, o que somos ou não capazes de fazer, desanima, frustra.
Dizer não, porque não quero, dói. Desfazer laços, recomeçar ciclos: causa ansiedade, choro e desespero.
Nunca foi e nunca será fácil pegar as tralhas e mergulhar, mas é necessário. Precisamos fazer a faxina mental e moral. E para isso, exige-se um item básico: coragem.
O momento? É agora, é esse. Já!
E você? Já teve coragem de mergulhar profundamente dentro de si?
Ao deparar-me com o medo e o desespero de um isolamento social, algo me pegou de surpresa. Ao longo dos dias confinada, após longos e profundos mergulhos dentro de mim, notei que a minha proximidade com o Divino foi se afunilando e fazendo mais sentido.
E reflito: A palavra de ordem é amor. Não sabemos amar. Somos feitos para tal, mas não o sabemos viver. Sabemos conjugar, moralizar, romantizar e enfeitar. Mas não o sabemos viver. Nem a ciência ou a física foram capazes de definir o que são os sentimentos em nosso corpo, em nossa mente. Mas acreditamos piamente que sabemos amar.
Sabemos, de fato!? Vivenciando um caos humanitário global!?
Sabemos, de fato!? Onde nossa única preocupação é se o nosso salário irá cair na conta para poder planejar nossa próxima compra, e lá fora temos pessoas passando fome!?
Sabemos, de fato!? Onde em meio ao auge da tecnologia a ostentação do “ter” é a nova moda!? Você tem que sorrir, estar feliz, ser magra, fotos em lugares paradisíacos...
E temos pessoas morrendo debaixo de nossa janela...
Será mesmo que sabemos amar?
Será mesmo que sabemos o sentido e a importância desse ato?
A complexidade e a exigência do peso que essa simples palavra carrega!?
Será mesmo!?...
Não existe sensação melhor nesse mundo do que a conectividade com o Divino. Sentir seu pulmão respirando, com saúde, sentir a paz do estômago cheio, ouvir seu coração pulsar nas veias de seu corpo.
Sabe o que é isso?
É a capacidade de estar espiritualmente conectado.
O encontro com Deus, Oxalá, Senhor, Jeová. Os nomes e adjetivos são infinitos, mas a sensação é uma só: Paz.
O florescer da natureza,
O sol da manhã,
O canto dos pássaros,
A companhia de um cão.
Isso tudo é Ele
Ou Ela,
Nos dizendo que o simples preenche. O natural é o suficiente. A conexão aumenta e tudo faz sentido.
Um respiro profundo,
Uma oração pela humanidade,
Um sorriso amigo,
Um ouvido apenas para ouvir, sem julgar.
Isso torna-se a espiritualidade conectada. Tudo fazendo sentindo, tudo fluindo. Em meio ao caos e ao desespero, busquemos nos encontrar. Um mergulho em nosso íntimo, o agir da conjugação, amor.
É assim que sai o mais bonito gesto...
Ieda Menani de Souza nasceu em 5 de maio de 1993 em Rinópolis-SP, sendo natural de Piacatu. Ieda sempre estudou em escolas públicas. Após a conclusão do ensino médio, a autora interessou-se pela arte dramática, para a qual conseguiu uma bolsa de estudos integral pelo Senac Araçatuba, concluindo em 2014. Durante o curso de arte dramática, Ieda escreveu um monólogo, que foi elogiado por todos que ouviram e assistiram a atuação do texto, o que a motivou em continuar e, então, deu origem a sua primeira obra “Consequência”, lançada em 2016. A autora que é bilíngue (Inglês), também formou-se em Artes Visuais pela Unip - Araçatuba, em 2019 e é pós-graduada em Transtorno do Espectro Autista. Em 2017, seu conto "A Próxima Boneca" foi escolhido para fazer parte da Antologia Arquivos do Mal, lançado em agosto do mesmo ano. Atualmente é professora de língua inglesa no Centro de Estudos de Línguas, é casada com a professora Gel Zilli e tem uma labradora.
Que sensações - palavras tem habitado em ti nestes tempos de isolamento social?
Por meio de diferentes propostas literárias, apresentamos as contribuições de atores sociais locais quanto a essas leituras sensoriais do momento que vivemos. Compartilhe seus textos, poemas e pensamentos em nosso grupo no Facebook.