Postado em 02/12/2020
Quem sou? E o que habita em mim?
Habita em mim, um espírito guerreiro, lutador
Habita em mim, a mulher negra
Que vê o mundo enfrentar o Coronavírus,
O isolamento social, a pandemia. Que nostalgia!
A gente não se percebia, não se via
Foi preciso esta pandemia
Para que os olhos mirassem o outro, o próximo
Para descobrir-se como pessoa
E o que verdadeiramente habita agora dentro de nós?
O medo? A incerteza?
O que habita em mim é a esperança da cura,
Da renovação. Sejamos como a fênix
Ave que das cinzas
Conseguiu vislumbrar e voar
Alcançar a liberdade, os sonhos
De simplesmente ser
E criar um mundo melhor
Habita em mim esta sensibilidade
Percepção, emoção
De tentar expressar em palavras
Amores e dores
Dores de um mundo que vê
Pessoas morrendo devido a um minúsculo ser
O que deve habitar em nós?
Dentro de mim, de você, de nós
Deve existir a fé, a força, a esperança
O sonho de reinvenção de um mundo novo
Um despertar para um novo dia...
Covid-19, com vida 2020
Janeiro, Fevereiro. Planos traçados...
Bum, estorou a notícia
Pandemia, Covid-19, Coronavírus
Nunca antes falado pela ciência
O que é isso, meu Deus?
Fica em casa, álcool em gel, máscara
Cara, o que é isso?
É a reflexão ...
Gonzaguinha já nos disse
Que a vida é a batida de um coração
Diga lá meu irmão
Percebemos o valor da existência
Mudamos hábitos, estamos distantes de nossas atividades
Usamos agora muito mais a tecnologia
Internet, instagram, plataformas digitais, lives, redes sociais
E o mundo parou
Parou para quê?
Parou para ver a vida passar
Para a compreensão do que realmente é
A minha, a sua, a nossa vida...
Um segredo vou contar-lhes
Encontrar um amigo que está esquecido
É um bálsamo para a alma
Neste exato momento
De isolamento e distanciamento,
Fiz um amigo
Mais que amigo, um companheiro, verdadeiro
Que me mantém em casa e me diverte
Me leva para lugares inimagináveis
E não me cobra nada, não tenho que ficar em hotéis nem nada
Este meu amigo sempre esteve comigo
Olhava-me na sala e eu com a pressa, nem via a sua existência
Mas com a pandemia comecei a olhá-lo,
Ele sempre ali quieto, esperando que eu me aproximasse
Primeiro, olhei, olhei
A princípio os olhos, miravam atentamente
Pouco a pouco fui encontrando a magia e conheci os grandes poetas
Cecilia Meireles, Vinicius de Moraes, Drummond, Pessoa
Sempre estiveram ali na minha estante me esperando
E eu não tinha tempo,
Hoje encontro nesta pandemia
A poesia com palavras curativas para a alma
E isso me dá uma paz, uma calma
A palavra passa a ser fantasia, lenitivo
Poesia é enfim a médica da alma
Poesia é a doce pílula
É o encantamento das palavras
É a resistência, a paciência,
A benevolência, a resiliência de que tanto preciso nesta pandemia.
Joyce Helena Ferreira dos Santos resolveu se graduar em Letras porque gosta muito de ler e se realiza trabalhando com palavras. Jogando-as aqui e ali cria poesia, crônicas ou contos. Escrever, para ela, é ser livre, é viajar, é saber que pode expressar o que habita dentro de si, isto é, o que sinte, vê ouve, enfim é uma partilha: ela e o mundo. Publicou o livro de poemas: “Soy Libre” e tem poemas nas coletâneas de Antologias Poéticas “Vôti! “e “Florilégio do Brasil” - Editora Pindorama - Birigui- SP. Também participou da coletânea de “Crônicas do Ensino Básico” pela editora Moura - Curitiba
Que sensações - palavras têm habitado em ti nestes tempos de isolamento social?
Por meio de diferentes propostas literárias, apresentamos as contribuições de atores sociais locais quanto a essas leituras sensoriais do momento que vivemos. Compartilhe seus textos, poemas e pensamentos em nosso grupo no Facebook.