Postado em 24/09/2020
O Programa Curumim é uma ação do Sesc São Paulo no âmbito da educação não formal que nasceu em 1987. Hoje, em 33 unidades de todo Estado, recebe crianças entre 7 e 12 anos com ações educativas de caráter processual e permanente.
São premissas do programa o desenvolvimento de atividades que contemplem o protagonismo infantil, a experimentação, a cooperação, a convivência e a autonomia visando o desenvolvimento integral, a ampliação de repertório sociocultural e uma educação cidadã voltada a valores democráticos.
No cotidiano, esses aspectos são abordados por meio da ludicidade e utilizando diversas linguagens como oficinas de artes, esportes, teatro, cinema, literatura, música, rodas de conversa e muitas brincadeiras!
Todos esses elementos fazem com que a rotina do Curumim seja de intensa convivência e troca não apenas com as crianças mas também com as pessoas responsáveis por elas. Com a interrupção temporária das atividades presenciais nas unidades do Sesc, esta convivência também foi interrompida. Mas, apostando no trabalho educativo como promotor de potencialidades e de criatividade, as educadoras Juliana Thomaz, Patrícia Janaína Santos, Marcia Andrulis e Sidnei Bruno, do Sesc Santo André, desenvolveram o Projeto “Diários”.
Foi enviado às crianças pelo correio um pacote contendo um caderno sem pauta, uma caixa de lápis de cor, um lápis, o livro “A vida não me assusta” (poema de Maya Angelou ilustrado com obras de Jean-Michel Basquiat da editora Darkside Books) e uma carta. Instaurou-se o correio como uma outra dimensão por onde ocorrerá a comunicação durante esse difícil período. O livro e o diário passam a ser encarados como amuletos, e tornam-se objetos encantados que ajudam a sustentar a coragem!
As cartas enviadas periodicamente mantém o laço afetivo com cada criança e tornará possível partilhar dessa experiência num momento futuro. As crianças também terão construído uma narrativa visual para contar aos colegas sobre sua quarentena.
Com este material será ativada a criação desse potente espaço de produção subjetiva e íntima que são os diários: uma forma poética de registrar esse momento histórico que vivemos, com as dificuldades, os medos, os pensamentos e (por que não?) as alegrias a partir do ponto de vista das crianças do Curumim.
“Diário é aquele caderno secreto onde você pode colocar coisas que não diz pra ninguém, mas pode colocar as que você diz também! Você pode dizer coisas que você tem vergonha, e coisas que você tem orgulho. Pode falar do que você tem medo e do que te dá coragem. Pode escrever uma piada ou um poema. E pode rabiscar uma folha inteira de raiva ou de alegria. Pode fazer jogo da velha ou colar uma dobradura. Pode fazer um desenho ou uma colagem. Ele é seu! É como se fosse o livro da sua vida.
Como primeiro registro no seu diário você pode contar o que está achando de receber esse pacote do Curumim. Você olhou o livro? Ele é um livro muito poderoso e ajudou muita gente a ter coragem! Guarde ele e seu diário como amuletos, ainda vamos falar muito sobre eles!”
(Trecho da primeira carta enviada em 05/06/2020)