Postado em 31/07/2020
EXUBERÂNCIA DA FAUNA E DA FLORA DO PANTANAL
É RESULTADO DA VARIEDADE DE BIOMAS
Com um território de cerca de 150 mil km2, o Pantanal é o menor bioma brasileiro em extensão ao mesmo tempo que preserva um dos maiores percentuais de cobertura vegetal ainda em condições similares à original. Ou seja, uma área de aproximadamente 120 mil km2 (que no Brasil abrange os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), formada por campos inundáveis, florestas e savanas, entre outros exemplos. Sua importância é tão grande que, na Constituição brasileira, é designado como Patrimônio Nacional. Além disso, é considerado Reserva da Biosfera e Sítio do Patrimônio Mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
De acordo com o professor de Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Sandro Menezes Silva, costuma-se afirmar de “forma genérica” que o Pantanal, embora esteja sob ameaça, é o bioma mais conservado do Brasil. “Sua biodiversidade é notável, não tanto pelos seus números, mas pelas contribuições que os biomas vizinhos têm na sua flora, fauna e dinâmica ecológica”, explica.
O fotógrafo João Farkas fez expedições à região para documentá-la. Durante os cinco anos de trabalho, fez registros que resultaram no livro Pantanal (Edições Sesc São Paulo, 2020). A vivência também trouxe aprendizados geográficos. A existência de uma inter-relação de “solo seco, molhado, vegetação flutuante, subaquática e terrestre oferece riqueza e uma peculiaridade visual. A questão dos reflexos, das transparências cria oportunidades fotográficas únicas. Acrescente-se a variedade de aspectos entre os vários Pantanais”, relata, baseando-se na conexão entre o território brasileiro e os demais exemplificados no livro.
João Farkas cria linguagem visual com imagens inusitadas para retratar paisagem
Em sua experiência, o fotógrafo João Farkas, autor de Pantanal (Edições Sesc São Paulo, 2020, 160 páginas), revela que cada bioma exige uma aproximação visual, e com o Pantanal o arsenal estético é particular. Recorre ao poeta Manoel de Barros (1916-2014) para a tarefa de descrever a região onde “terra e água se misturam e se fecundam”. Para Farkas, a amplidão e horizontalidade são intensas: “As coisas estão muito próximas ou muito longe do ponto de vista do fotógrafo. Isso acabou me levando a uma visão aérea, quando a composição se torna interessante, sem a onipresença do horizonte”.
Para se aventurar com rumo, a bússola fica por conta do professor de Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Sandro Menezes Silva, que assina um texto ao final do livro sobre as características do Pantanal e discorre sobre pontos esclarecedores da fauna, agropecuária, turismo, povos indígenas. Em contraste com a destruição de algumas espécies, “o Pantanal mantém populações saudáveis, como é o caso da arara-azul-grande, da onça-pintada, do cervo-do-pantanal e do tatu-canastra”, comenta o professor.
Farkas tinha como meta “fugir de imagens-clichês”. A riqueza estava no inesperado. Ao priorizar imagens inusitadas, conseguiu “atenção ao trabalho, cuja missão subjacente é alertar as pessoas para o processo de degradação ambiental do bioma”. Para atingir seu intento, propôs uma nova abordagem: “A visão aérea, a variedade de situações geográficas e a necessidade de fugir de imagens já vistas me levaram a uma aproximação abstrata com a paisagem”.