Postado em 23/07/2020
O cenário atual incentiva reflexões e coloca questões sobre o futuro das cidades. Limitados em nossos deslocamentos ou confinados em nossos domicílios, o horizonte parece ter se estreitado, trazendo as fronteiras para a borda de nossos bairros ou, no máximo, de nossas cidades.
O processo de globalização havia nos habituado à aparente desimportância do lugar (em benefício do global) e à sensação de um mundo ilimitado e hiperconectado. Discursos dissidentes, todavia, já apontavam antes da pandemia os perigos do apagamento das trajetórias particulares de povos e comunidades. Salientavam, além disso, que o local não deveria ser pensado como oposto ao global, já que os lugares sempre funcionaram como conjuntos de relações, como fluxos de conexão e não conexão com outros lugares, e que as cidades desde muito tempo atuavam em redes.
Apesar da evidência dos impactos da quarentena na vida urbana, social, cultural e psicológica dos indivíduos e das coletividades, esses impactos, entretanto, não implicam necessariamente uma automática mudança de padrões de consumo ou dos modos de nos relacionarmos com a cultura ou o ambiente. Assim, pensar outras vivências sociais e culturais requer um exercício deliberado da vontade e a implementação de ações pautadas em outros percursos da imaginação.
As cartografias possíveis são um convite ao exercício da imaginação traçado sobre o território, propondo uma busca pelos sentidos do nosso lugar a partir da escuta, da crítica e da invenção.
Cartografar é um exercício do pensamento, é acompanhar as linhas que fazem e refazem o lugar como a tessitura do vivido. A proposta do projeto é, portanto, conhecer e mapear as iniciativas e os agentes que atuam em ações artísticas, culturais, esportivas, sociais e de saúde em Bauru e na região na qual a cidade está inserida. Cartografar para conhecer o que aproxima e distancia pessoas, grupos e coletivos que atuam em nosso território. Mapear para destacar as interações que ainda não acontecem, mas que já habitam esse lugar em forma de potência: uma cartografia dos possíveis, na qual todos possam escutar e ser escutados.
Com base nesse mapeamento, será articulada a realização de um Fórum temático dedicado a pensar a “Invenção de realidades socioculturais durante e após a Pandemia”. A intenção é que o fórum possa motivar a criação de novos espaços para a construção de propostas colaborativas, reforçando a composição de redes entre as iniciativas na cidade de Bauru e seu território. O projeto busca, assim, fomentar o diálogo entre os produtores e os cidadãos, a discussão sobre as estratégias culturais (compreendendo cultura numa acepção ampliada, incluindo as formas coletivas de ser, conviver e se expressar) e sociais que estão acontecendo na cidade de Bauru e região e que correspondam as demandas do agora. Trata-se de um chamamento para o exercício coletivo e colaborativo de invenção de possibilidades para cenários posteriores à quarentena.
Para responder a pesquisa, acesse o formulário clicando no link bit.ly/cartografias_possiveis
O formulário estará disponível para preenchimento até o dia 7 de agosto - inscrições prorrogadas até 16 de agosto.