Postado em 01/06/2020
A produção e a formação de artistas entre 15 e 30 anos é o foco da Mostra de Arte da Juventude (MAJ), que faz parte do calendário da cidade de Ribeirão Preto desde 1989. A mostra se consolidou como uma relevante ação do Sesc no campo das artes visuais. Sua última edição, realizada entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, reuniu obras em suportes variados, como pintura, gravura, escultura, vídeo e performance. A reprodução aqui de alguns desses trabalhos amplia o acesso a uma amostra do que as novas gerações estão pensando e criando.
Quais temas interessam aos jovens? Quais assuntos guiam a motivação e a pesquisa de seus processos criativos? Além de levantar essas reflexões, a MAJ tem aberto espaço para novas possibilidades de fruição e de contato do público com essa nova cena de artistas. “Através do desenho tenho refletido sobre os limites do corpo, o processo cíclico de vida e morte, pensando também em conceitos como a abjeção, o limite entre corpo e não corpo, e o paralelo entre decomposição/composição”, conta Catarina Sabino, uma das artistas selecionadas na última edição da mostra.
Desde 2017 a MAJ tornou-se bienal. Em sua edição mais recente, os artistas selecionados vivenciaram um roteiro intenso: conversas com curadores, visitas a galerias, centros culturais, institutos e museus, além de uma visita mediada pelo jovem curador Diego Matos a Entrevendo, exposição de Cildo Meireles que esteve, de outubro de 2019 a fevereiro de 2020, no Sesc Pompeia. Essa frente do projeto tem como objetivo criar um espaço de troca entre os artistas e também com outros profissionais do campo, como curadores e gestores.
Técnica de programação do Sesc Ribeirão Preto, Elisangela Pimenta evidencia o papel de construção de saberes da Mostra de Arte da Juventude, ação que se firmou como um estímulo à produção de artistas jovens e que se insere em uma programação regular de artes visuais, incluindo cursos, oficinas e encontros. “A ideia é uma formação permanente, mesmo entre as edições, com ações ao longo do tempo.”
Produção de artistas jovens destaca memória, questões raciais, sociais e de herança colonial em suportes tão variados quanto a pintura e a performance
Entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, o Sesc Ribeirão Preto recebeu a 29ª edição da Mostra de Arte da Juventude (MAJ). Com curadoria de Ana Roman e Marcelo Amorim, foram apresentados os trabalhos de 17 artistas (entre eles, duas duplas) entre 15 e 30 anos de idade, de várias partes do país. Nessa edição, surgiram algumas linhas condutoras nos temas abordados: o corpo, o tempo, o cotidiano, dilemas sociais. Na visão de Marcelo Amorim, “a abordagem política foi a maior convergência, pois se estendeu e ecoou em trabalhos sobre a nossa herança colonial, questões raciais e de classe”. Para Ana Roman, é possível observar, no recorte dessa edição, tanto “artistas que trabalham com a questão da memória e que tratam dessa memória de um jeito bem poético e pessoal” quanto artistas que lançam um olhar sobre o Brasil contemporâneo diretamente.
Leia matéria sobre os 30 anos da Mostra:
Confira algumas entrevistas com os artistas selecionados da Mostra: