Postado em 09/03/2020
Com uma história que nasce no gueto, nos anos 70, e amadurece dentro do sistema prisional norte-americano, o basquete 3x3 se prepara para mais um marco em sua trajetória: ao lado de esportes como o surfe, o skate e o BMX Freestyle, a modalidade passa a engrossar a lista de esportes olímpicos.
E já não era sem tempo! Afinal, com mais de 250 milhões de adeptos, a modalidade é um dos esportes urbanos mais praticados em todo o mundo, segundo a Federação Internacional de Basquete (FIBA).
Entre ruas e muros
Descendente do Streetball, – vertente que divide sua origem entre as ruas de Nova York e os muros de Alcatraz, famoso presídio localizado na Baía de São Francisco –, reza a lenda que foi na prisão californiana que o 3X3 começou a ganhar a forma que tem hoje. Para evitar confusões (que não eram raras nas disputas em Alcatraz), a direção da instituição exigiu que os jogos ocorressem em uma quadra menor e com apenas três jogadores de cada lado.
Agilidade, disputas acirradas e jogadas incríveis
Com dois jogadores a menos em cada time, na comparação com o basquete tradicional, a quadra do 3X3 equivale a menos da metade de uma quadra comum. Os jogos ocorrem em partidas com cerca de dez minutos de duração (sem intervalo) ou até que a primeira equipe complete 21 pontos.
O sistema de pontuação também é diferente. Apesar de lances livres contabilizarem um ponto, arremessos convertidos de dentro da área chamada de arco (similar à linha de 3 pontos do basquete convencional) também são contados um por um. As cestas realizadas de fora deste espaço valem dois pontos e não existem arremessos de três.
Outra diferença importante relacionada a esta nova modalidade olímpica relaciona-se ao dinamismo necessário. No basquete tradicional, cada equipe tem 24 segundos para concluir uma jogada de ataque. No 3X3 os jogadores têm metade deste tempo, algo que exige muita agilidade, associada à criatividade necessária para em um espaço tão diminuto e congestionado, realizar jogadas certeiras.
Tóquio, com escala em Bengaluru
Nas olimpíadas deste ano, no Japão, a primeira medalha da modalidade será disputada por oito equipes. Para entrar neste seleto grupo, o time masculino de basquete 3x3 do Brasil embarca para a Índia, onde disputará a vaga em um pré-olímpico, que promete ser tão difícil e competitivo quanto os jogos de Tóquio.
Pode vir
Para Erika Sallum, jornalista e curadora da exposição “Arremessos Urbanos – o basquete 3x3 e o basquete em cadeira de rodas celebrados na fotografia”, que segue em cartaz no Sesc Parque Dom Pedro II até o fim do mês, a modalidade é um exemplo no que se refere à inclusão.
"Mais do que uma novidade olímpica, o basquete 3x3 é a vertente mais democrática da modalidade. Nele você precisa apenas de uma cesta, meia quadra e poucos jogadores. Todos podem participar, seja embaixo de um viaduto, em um parque ou comunidade carente da periferia, como mostram as fotos da exposição Arremessos Urbanos. Se juntar também o basquete em cadeira de rodas, tem-se um cesto de diversidade impressionante de corpos, raças, classes sociais, gênero. Como diz o rap de Karol de Souza feito especialmente para a mostra, 'Basquete é inclusivo independente da idade/ De regras e estilo livre, nas quadras desta cidade”, conclui.