Postado em 03/02/2020
Em fevereiro, Fabiana Cozza apresenta no Sesc Vila Mariana um novo projeto dedicado às compositoras de samba, batizado de "As coisas que mamãe me ensinou", título que faz referência a um tema de Leci Brandão.
“O samba é uma Arte que sempre resistiu com o envolvimento de muitas mulheres – na verdade, é graças a elas que o samba existe. Acho fundamental estar no palco com uma banda com mulheres e com solistas que têm muito a dizer através do samba”, afirma a cantora, que convidou Teresa Lopes e Cris Pereira, de Brasília, Nilze Carvalho, do Rio de Janeiro, e Karynna Spinelli, de Recife, para participar do espetáculo.
Fabiana já dividiu o palco com as convidadas em outras ocasiões e considera a presença delas importante por refletir um movimento que é uma realidade não só em São Paulo, mas por todo o país. Tem sido cada vez maior o número de mulheres no samba que se assumem compositoras e instrumentistas, dois caminhos artísticos até então predominantemente masculinos no gênero. “É um caminho irreversível, muito feliz, muito frutífero. Que venham cada vez mais mulheres para o samba!”, celebra.
A ideia do projeto é homenagear compositoras e mulheres do samba, trazer suas heranças e protagonismos, a partir de músicas de sambistas consagradas e também de composições assinadas pelas convidadas. No repertório, a presença masculina surge em um lugar de parceria, por exemplo, em sambas compostos por Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, que serão apresentados por Fabiana.
Para ela, que nasceu e cresceu na escola de samba Camisa Verde e Branco, reduto tradicional do samba em São Paulo, é possível lutar contra o machismo neste espaço ao lembrar e falar das mulheres no samba, conscientizando as pessoas a respeito da história e da importância dessas figuras.
Ao longo de sua trajetória, de mais de 20 anos, a cantora sempre homenageou mulheres do universo do samba. Apenas para lembrar alguns projetos, é possível citar o show Fabianíssima – Tributo à Elizeth Cardoso (2009), o álbum Canto Sagrado – Uma homenagem a Clara Nunes (2012), o espetáculo teatral Razão Social (2016), escrito e dirigido por Gero Camilo, no qual interpretou Dona Zica e Clementina de Jesus, e recentemente, o álbum Canto da Noite na Boca do Vento (2019), com canções de Dona Ivone Lara.
Além disso, a cantora ressalta a importância de combater toda situação de violência, seja direta ou silenciosa, direcionada para si mesma ou para outras mulheres. “A gente precisa estar mais unida e denunciar.”