Postado em 17/01/2020
Eu nasci assim. Eu cresci assim. Vou ser sempre assim. Gabriela...
Esse é o refrão de Modinha de Para Gabriela, que Dorival Caymmi escreveu por encomenda e Gal Costa emprestou seus agudos. Era a abertura de uma novela da Rede Globo, no horário nobre de 1975.
Os versos representavam a liberdade da personagem Gabriela, que ganhou o mundo em 1958, nascida da imaginação de Jorge Amado, um dos mais festejados autores brasileiros, com 49 livros publicados em 80 países.
O Clube de Leitura da Terceira Idade traz o romance Gabriela, Cravo e Canela para os encontros do Leituras de Verão, com a jornalista e historiadora Josélia Aguiar. Biógrafa de Jorge Amado e atual diretora da biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, Josélia vai discutir a obra em dois sábados, dia 18/1 e 1/2, às 15h, na Biblioteca do Sesc Avenida Paulista.
Conversamos um pouco com ela para esquentar os encontros:
1) Como você analisa a presença da mulher como protagonista na obra de Jorge Amado, especialmente no livro Gabriela, Cravo e Canela?
Desde os primeiros livros, ainda nos anos 1930, notamos um presença feminina com características especiais. O embrião da personagem Gabriela, por exemplo, está numa outra, chamada Rosa, "a pessoa mais livre de Ilhéus". A partir de Gabriela, sem dúvida as protagonistas se tornam mais fortes, personagens centrais, títulos dos livros.
2) Você poderia indicar outros livros do Jorge Amado, que tenham a mulher como protagonista?
Em Mar Morto, Lívia surpreende no final. Em Terras do Sem Fim, Don'Ana Badaró também se destaca. E temos sobretudo Dona Flor, Tereza e Tieta, grandes heroínas suas.
3) Como a obra de Jorge Amado se relaciona com a cultura popular, a música, a religiosidade afrobrasileira e outros elementos da cultura Baiana?
Jorge Amado trouxe a cultura popular e religiosidade baianas para seus romances, numa época em que não eram bem vistas. Podemos dizer que são principal marca de sua literatura.
4) Na sua opinião, quais são as diferenças entre o livro e as adaptações de Gabriela para o cinema e televisão?
Cada adaptação é obra de outro autor. As adaptações tornam a obra mais popular, mas criam por vezes impressões equivocadas sobre as obras.
5) Com base na sua experiência como diretora da biblioteca Mário de Andrade, comente sobre a relação dos idosos com a leitura. Quais são as particularidades desse público? Como você pretende abordar o assunto no Clube de Leitura da Terceira Idade?
Crianças que foram leitoras se tornam adultos leitores. É um desafio formar novo público de idade acima de 60, mas se trata de um tipo de atividade extremamente absorvente, potente e, de certo modo, barata, ao alcance de todos. Numa biblioteca, os livros podem ser emprestados, ou seja, não se gasta nada.
CURIOSIDADES
Primeira adaptação televisiva, Gabriela, Cravo e Canela estreou na programação da TV Tupi um ano após o lançamento do romance. Estrelada por Jannette Vollu, a trama ia ao ar duas vezes por semana em capítulos de 20 minutos de duração. A gravação era feita sem interrupções e a tv exibia sem nenhuma edição.
(Foto: Arquivo TV Tupi)
A segunda adaptação para a TV consagrou Sonia Braga, em 1975. Nesse ano, o livro chegava a sua 51ª edição, com capa de Di Cavalcanti. A atriz repetiria o papel na primeira adaptação para o cinema, de Hector Babenco, em 1983.
(Fotos: Cedoc TV Globo / Divulgação)
Em 2012, a Rede Globo traz novamente a obra de Jorge Amado ao horário nobre, com Juliana Paes no papel principal.
(Foto: divulgação novela Gabriela / TV Globo)
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