Postado em 28/11/2019
Para esta edição da Revista do Centro de Pesquisa e Formação, tivemos a oportunidade de conversar com Pedro Barbosa e Luiz Augusto Teixeira de Freitas, colecionadores de arte contemporânea. Os colecionadores falaram sobre mercado de arte, suas coleções e sobre o papel de suas ações nas políticas culturais do sistema das artes visuais.
CPF: Vocês podem contar um pouco sobre o contato inicial com as artes visuais e como nasceu seu interesse por se tornarem colecionadores?
Pedro Barbosa: No meu caso, foi por causa da minha prima, Raquel Arnaud, que é uma dealer, e por influência da minha irmã, que abandonou a ciência para se dedicar às artes visuais em uma conjunção entre ciência, arte e educação infantil. Esse negócio da coleção é o tempo que vai criar, vem muitos anos depois. A coleção começa a se formar, eu diria, na metade dos anos 2000 e toma corpo mesmo a partir de 2010. Vendo o trabalho que o Luiz Augusto fez, chegou uma hora em que eu precisei dessa ajuda que ele tinha procurado no início. Eu me senti fraco para poder dar passos mais arrojados, e aí vim procurar uma pessoa para trabalhar comigo e peguei muitas dicas, coisas que ele fez e acertou, coisas que ele disse que errou. Aí eu coloquei um tempero próprio e segui.
Luiz Augusto Teixeira de Freitas: Eu sempre gostei de artes, desde a minha adolescência, mas nunca imaginei que fosse colecionar arte. Quando comecei a trabalhar e a ter alguma disponibilidade financeira, comecei a comprar algumas obras. Não entendia, nunca estudei arte, mas comecei a comprar algumas obras em leilões, achei que era um bom lugar, porque naquela época nas galerias era muito difícil o acesso e ter noção do que era bom e o que não era. Cheguei então à conclusão que se quisesse fazer alguma coisa com sentido era necessário aprender. Resolvi procurar alguém que pudesse me orientar, e ao mesmo tempo, por meio dessa pessoa, aprender um pouco de arte contemporânea. Acabei por encontrar um curador aqui no Brasil, embora tivesse tentado primeiro em Portugal, onde moro. Depois de algumas conversas Adriano Pedrosa colocou algumas condições e acabamos por chegar a um acordo de colaboração. Comecei a comprar obras com um critério, de forma bastante organizada, o que na época não era muito usual. Muitas pessoas consideravam que isso tornava a coleção de certa forma impessoal, mas não entendo que tenha sido este o caso. Com certeza, o fato da coleção ter tido desde o princípio alguns projetos de apoio ao sistema da arte,museus, instituições acabou por dar a ela um caráter institucional mas isso acabou por ser fundamental para dar uma grande credibilidade à coleção. Com isso tive desde o começo um acesso privilegiado às obras importantes dos artistas que me interessavam o que seria impossível para um colecionador tradicional.
Confira a entrevista completa aqui.