Postado em 28/11/2019
Nossa sociedade ainda trava uma luta contra o estigma, a desinformação e o preconceito em relação a Aids. Nas décadas de 1980 e 1990, o desconhecimento da medicina e o alarmismo da imprensa geraram discriminação e medo em torno do HIV/Aids. Nesse sentido, diversas produções audiovisuais têm se apresentado como importante meio não só de informação, mas de sensibilização do público para questões sociais urgentes como essa.
Desde então a obra cinematográfica sobre o tema é crescente. A qualidade também é vista nas salas de cinema: de roteiros sensíveis a fotografias impecáveis. O século XXI trouxe uma filmografia nacional e internacional premiada e de importância ímpar.
Para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, instituído pela Organização Mundial de Saúde - OMS no dia 1º de dezembro, o CineSesc apresenta a Mostra Prevenção, que propõe uma pequena trajetória da representação do HIV no cinema.
O primeiro
Considerado o primeiro filme a abordar o assunto, Buddies, do ano de 1985, David, um executivo gay de 25 anos, aceita ser voluntário para atuar como um “buddy”, ou seja, um companheiro para pacientes com Aids em fase terminal. O que poderia ser um melodrama banal ou um “Love Story” gay revela-se um sensível retrato do início da epidemia e um retrato histórico de uma época.
Os premiados
O longa-metragem francês As Testemunhas, de 2007, que concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Berlim, está na programação. A mostra exibe também o filme francês 120 Batimentos por Minuto, de 2017, romanceando fatos reais a partir das lembranças do diretor Campillo, retratando a França do início dos anos 1990, com o grupo militante Act Up, que combate o preconceito e luta por prevenção, no auge da epidemia da Aids.
O curta metragem brasileiro, Sangro (2018), premiado no Anima Mundi 2019 e no Festival Internacional de Cinema de Chicago, é inspirado na história real de Caio Deroci. A animação traz a confissão íntima de uma pessoa que vive com HIV. Através de um traço sensível, a obra busca desmistificar questões que sobrevivem até hoje no imaginário social em relação ao vírus.
A presença brasileira
O cinema nacional está presente com o longa metragem Boa Sorte, da diretora Carolina Jabor e estrelado por Debora Secco. Do ano de 2014, o filme fala sobre uma história de amor. Ao lado da esfuziante garota, João redescobre o sentido da vida e decide permanecer ao lado de sua paixão – mesmo porque o objeto dessa paixão pode desaparecer em breve.
Já Califórnia (2015) de Marina Person retrata uma São Paulo no ano de 1984. Ao som do rock nacional e da new wave estrangeira, a adolescente Estela vive o ritual da perda da inocência, descobrindo o sexo e o amor e sonhando com uma viagem à Califórnia do título para visitar seu ídolo – o juvenil Tio Carlos. Mas eis que ele volta dos EUA, trazendo consigo o destino selado – descobriu-se soropositivo, tornando-se uma vítima em potencial da epidemia que começava a assombrar o mundo.
De 28/11 a 4/12, a Mostra Prevenção propõe a reflexão sobre a importância da abordagem do tema HIV/Aids no cinema e a necessidade de discutirmos essa questão nos dias de hoje. Garanta seus ingressos aqui.
Esta programação integra o projeto Contato, que acontece de 1 a 8/12 nas unidades do Sesc, com o intuito de promover a saúde sexual, a prevenção das infecções sexualmente transmissíveis, o autocuidado e o cuidado mútuo. Acesse a programação completa em sescsp.org.br/contato.