Postado em 11/06/2019
A despeito de suas diferenças de estilo e opinião, os músicos de jazz preferem encontrar objetivos musicais comuns. Ao abraçar, reciprocamente, nossa criatividade e ao tomar decisões inteligentes de forma coletiva, buscamos a consagração do palco. O jazz de alta qualidade, dinâmico, imprevisível, equilibrado e ao mesmo tempo expressivo, é a Democracia em ritmo e melodia.
E é imbuídos deste espírito de coletividade que temos a honra de estar com vocês em São Paulo. Neste mundo cada vez mais agitado em que vivemos, de intensa comercialização predatória com seus crescentes recursos tecnológicos, cujo intento é o choque e o exibicionismo, é de suma importância que nos mantenhamos inabaláveis no que tange à essência e o valor de nossa humanidade. Essa fé no significado real de ser humano é sem dúvida a força por trás do princípio que norteia o Sesc no uso da cultura como ferramenta de educação e transformação.
Foto: Piper Ferguson
Durante as duas próximas semanas, teremos o privilégio de dividir com vocês uma pequena amostra de nosso vasto repertório musical. Composições de Duke Ellington, Count Basie, Dave Brubeck, Miles Davis, Mary Lou Williams, Dizzy Gillespie, Benny Goodman, e Thelonious Monk, entre outros. Trazemos também, em nossa orquestra, dez habilidosos compositores e arranjadores, algo nunca antes visto. Acreditamos que toda nossa música seja moderna devido à improvisação. Será um prazer partilhar a música de nossos ícones, a música do grande gênio brasileiro Moacir Santos, e nossas próprias modestas contribuições. Receberemos alguns grandes colegas brasileiros de longa data no palco e na sala de aula: Nailor Proveta, Ari Colares, Hamilton de Holanda, Daniel D’Alcantara, e Guga Stroeter. Tudo isso em prol de nossa humanidade e cultura mútua – uma verdadeira obra de amor absoluto. Todas as noites, tenho o privilégio de tocar com músicos dedicados e de grandioso talento e originalidade, e mal posso esperar para que vocês possam ouvir suas vozes.
O jazz, em seu âmago, afirma a crença na comunidade e na dignidade da vida humana. E, se assim o permitirmos, o jazz pode nos mostrar – de formas que jamais imaginamos – exatamente quem somos, onde estivemos e para onde devemos ir.
Abraços,
Wynton Marsalis
Em parceria com o Sesc São Paulo, a Jazz at Lincoln Center Orchestra com Wynton Marsalis vai circular pela primeira vez por diversos pontos da Capital e Grande São Paulo com uma extensa agenda que mescla apresentações e ações educativas. Durante os 13 dias, os 16 músicos da big band fazem 11 concertos (dois deles comentados), apresentam dois ensaios abertos, promovem duas palestras, um encontro com Wynton Marsalis, além de reservar quatro dias de workshops para músicos, onde serão trabalhados os elementos de formação do jazz. Conheça a programação completa em sescsp.org.br/jlco