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Dossiê

Postado em 01/11/2001

Cidadão de Papel
Cidadão de Papel é o nome do mais recente espetáculo do grupo Teatro X, apresentado de setembro a outubro no Sesc Consolação. A peça é fruto de uma parceria entre o Sesc, o Projeto Aprendiz e o grupo, que pretende levar o espetáculo gratuitamente a centenas de crianças e adolescentes, de modo a estimular a discussão sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade. A peça é uma adaptação do livro homônimo de Gilberto Dimenstein e conta a história de um garoto de classe média que se depara com uma realidade social violenta e excludente. Para o diretor Paulo Fabiano, a obra é um aprendizado sobre a identidade, a afetividade e o posicionamento dos indivíduos diante da realidade. "Buscamos atingir um público variado. Queremos trabalhar essa discussão independente da classe social. E a resposta tem sido muito boa. O espetáculo atinge o objetivo de estimular a reflexão e de fazer com que exista um movimento de integração entre os jovens."
"O desdobramento do projeto é criar condições para que grupos desenvolvam trabalhos culturais em suas próprias comunidades"
Paulo Fabiano, diretor de Cidadão de Papel, da Cia. Teatro X


O mundo vive hoje uma profunda crise moral. A capacidade técnica alcançada e as riquezas das nações não serviram para eliminar as crises sociais e políticas. Interesses se chocam, culturas se confrontam, o indivíduo autônomo é esquecido diante de uma sociedade enquadrada na cultura de massa. Com o objetivo de discutir como essas questões se relacionam com a ética na sociedade contemporânea, o Sesc promoveu, em parceria com a Unesco e com o Instituto Ethos, o Seminário Internacional Ética e Cultura, com a participação de intelectuais brasileiros e estrangeiros de diversas áreas. Para o professor da Unicamp Roberto Romano, que realizou uma das conferências, a ética tem sido tratada de maneira banal, perdendo sua importância para a construção de uma sociedade mais equilibrada. "É necessário apresentar e discutir os diferentes modos de compreender o papel da ética, de uma forma distinta da noção apresentada em diversos veículos de imprensa e em alguns setores da universidade e da vida pública."

Carnaval dos Animais
Aproximar a música clássica do público infantil é um dos objetivos do espetáculo teatral O Carnaval dos Animais, apresentado em outubro no Sesc Ipiranga. Com direção de Regina Galdino, a peça traz o ator Cássio Scapin como protagonista, acompanhado pe-la Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo sob a regência do maestro João Maurício Galindo. Cássio interpreta o papel de Camilo Sansão, uma brincadeira com o compositor francês Camille Saint-Saens, que compôs o concerto O Carnaval dos Animais em 1886. Para Regina Galdino, a montagem sempre é muito bem recebida. "A criança, diferente do que pensamos, tem fortes referências de música clássica, talvez por causa dos desenhos animados. Através do espetáculo, propiciamos que o interesse pela música erudita se consolide."

Dom Paulo 80 anos
Dom Paulo Evaristo Arns teve uma participação especial no Seminário Internacional Ética e Cultura, em outubro, no Sesc Vila Mariana. O Arcebispo Emérito de São Paulo, que acaba de completar 80 anos, é um dos mais árduos defensores dos direitos humanos no país. Sua luta à frente da maior arquidiocese católica do mundo tornou-o conhecido internacionalmente como um respeitado militante engajado na construção de uma igreja que se una à sociedade para construir um mundo de justiça, liberdade e prosperidade.

"A riqueza de uma Igreja não reside tanto em sua história secular, em suas catedrais e arquivos. Está em suas figuras humanas exemplares. Dom Paulo comparece como um inestimável patrimônio da Igreja do Brasil e de São Paulo"
Leonardo Boff, sobre Dom Paulo Evaristo Arns

Curta na Praça
Cine Mambembe é o nome do projeto itinerante de cinema idealizado em 1996 pelos cineastas Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky. Com um projetor de cinema, equipamento de som e uma tela desmontável, o projeto já percorreu os confins do país exibindo filmes nacionais de curta metragem a quem muitas vezes nunca entrou em uma sala de cinema. Em outubro, o Sesc Carmo promoveu o evento "Curta na Praça", reservando o espaço da Praça da Esplanada para as apresentações do Cine Mambembe.




Corredores.com
É notável a importância que determinados corredores comerciais, como a rua 25 de março, a Santa Ifigênia ou a rua da Consolação, desempenharam no desenvolvimento da cidade de São Paulo. Para resgatar a contribuição deles para a metrópole, o Sesc Consolação iniciou, a partir de outubro, o evento cultural e esportivo Corredores.com. O projeto reune, através de campeonatos e festivais de várias modalidades, como vôlei, basquete e futsal, trabalhadores do comércio e serviços e empresários dos mais significativos corredores comerciais da cidade. Além disso, conta com ambientação composta de exposiçnao fotográfica e painéis retratando um pouco da história da cidade e dos corredores comerciais.

Romeu e Julieta
Romeu e Julieta talvez seja a obra teatral mais conhecida do mundo. Com ela, Shakespeare colocou o mito do amor juvenil impossível no inconsciente coletivo. Com o objetivo de resgatar a importância da obra e trazê-la para o público contemporâneo, um dos grupos mais premiados da atualidade, Os Satyros, apresentou, em outubro no Sesc Belenzinho, sua versão do espetáculo shakespeariano, com direção de Rodolfo García Vázquez.

Três Elos
Durante o mês de outubro, a Galeria Sesc Paulista trouxe a São Paulo uma amostra do trabalho da artista plástica mineira Bernadete Amorim. Na exposição Três Elos, a artista apresenta obras que exploram diversas técnicas de manipulação de fios, como crochê e trançados, que se misturam e criam um complexo retrato do universo feminino.

Toque na Vila
Marcos Suzano é um dos mais reconhecidos percussionistas brasileiros. É requisitado para apresentações e gravações no mundo todo. Já fez parte dos grupos Nó em Pingo d`Água e Aquarela do Brasil e tocou com diversos músicos, como Gilberto Gil e Marisa Monte. Sua parceria com Lenine, no disco Olho de Peixe, de 1993, rendeu um dos trabalhos mais importantes da música popular brasileira na década. Em outubro, no Sesc Vila Mariana, Suzano foi o convidado do projeto Toque na Vila, no qual apresentou seu mais recente show e coordenou uma oficina sobre técnica instrumental e rítmica.

Guimarães Rosa
O programa Beco Literário do Sesc Rio Preto homenageou em outubro o escritor mineiro João Guimarães Rosa, falecido em 1968. Palestras, narração de histórias, exposições fotográficas e exibição de filmes compuseram o evento. Para a professora do departamento de Letras Modernas da USP, Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, que proferiu uma palestra durante o evento, a obra de Rosa o coloca entre os maiores escritores não só brasileiros, mas também mundiais. "Creio que a literatura brasileira produziu dois dos grandes escritores da literatura universal: Machado de Assis, no século 19, e Guimarães Rosa, no século 20. O que Rosa conseguiu fazer do ponto de vista da técnica narrativa, de uma combinação daquilo que é mais regional com aquilo que é mais universal, é de fato um grande feito, uma grande façanha", conclui Sandra.
"Guimarães Rosa foi um homem de muitas leituras, um estudioso, interessado pelos mais diversos assuntos. Se interessava por religião, filosofia, xadrez, pintura. Foi um homem de uma formação muito sofisticada. E foi capaz de combinar essa sofisticação com o mundo sertanejo, o que resultou numa mistura muitíssimo interessante"
Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, professora da USP, que participou do programa Beco Literário do Sesc Rio Preto

Aikidô
O Aikidô é uma arte marcial originária do Japão. Criada pelo mestre Morihei Ueshida na década de 1940, a prática concentra a essência do conjunto de artes marciais japonesas, buscando coordenar à perfeição as atividades conjuntas do corpo e da mente, em profunda unidade com as leis naturais. Em outubro, no Sesc Consolação, ocorreu o Seminário Internacional de Aikidô, reunindo cerca de 400 praticantes em vivências e palestras, que contaram com a participação dos mestres japoneses Makoto Nishida e Massafumi Sakanashi, além do mestre brasileiro Wagner Bull.



Um futuro diferente
Em maio de 1996, um grande incêndio atingiu a favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo. Pela televisão, o maestro Silvio Baccarelli acompanhou a tragédia. Decidiu então que faria algo pelas crianças carentes da comunidade. Nascia o Projeto Heliópolis Ensina Música, que hoje conta com a participação de mais de cem crianças, divididas entre duas orquestras e um coral. Segundo o maestro, o projeto mudou a vida não só dos participantes, mas também de toda a comunidade. "As crianças passam pela rua com um instrumento nas costas e todo mun-do fica perguntando para onde é que elas vão", comenta Silvio. "As pessoas percebem que há para aquelas crianças a possibilidade de um futuro diferente, com dignidade." Em ou-tubro, o Coral Jovem Baccarel-li se apresentou no Sesc Ipiranga interpretando um repertório que aborda temas relacionados à cidadania, natureza e não-violência.

Quinteto
São poucos os grupos brasileiros que têm o privilégio de completar 30 anos de carreira. Em outubro, no Sesc Pompéia, um dos ícones da cultura nordestina, o Quinteto Violado, comemorou o trigésimo aniversário com o show "Visão Futurística do Passado", que incluiu o lançamento do disco ao vivo de mesmo nome e contou com a participação do Balé Brasílica de Recife e do trio Matulão. Para Toinho Alves, um dos fundadores do grupo, a data é um marco não só para o quinteto, mas também para a música brasileira. "É uma grande vitória, sobretudo para nós nordestinos. Mesmo porque influenciamos vários movimentos, entre eles o manguebeat, como até Chico Science um dia declarou".

Fotografia e cidadania
Em outubro, o Sesc Itaquera recebeu a exposição Fotografia e Cidadania, com imagens produzidas pelos jovens da Febem. A exposição é fruto do projeto de mesmo nome desenvolvido pelo fotógrafo João Kulcsàr desde 1999, e que conta hoje com a participação de cerca de quatrocentos jovens. Segundo João, os cursos não se limitam a ensinar a técnica. "As crianças passam a consumir criticamente as imagens que chegam até elas. Além disso, esse trabalho gera a oportunidade de a sociedade compreender a situação dos internos a partir do próprio registro fotográfico deles", conclui.
"Mesmo estando nas piores condições, não devemos cruzar os braços, pois o maior homem do mundo morreu de braços abertos"
Peterson, interno da Febem, comentando sua foto na exposição Fotografia e Cidadania, do Sesc Itaquera


Mamíferos e pegadas, aves e bicos

Em outubro foi lançado o livro Mamíferos e Pegadas, Aves e Bicos, no Sesc Ipiranga. A publicação, produzida pela Coordenadoria de Educação Ambiental, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, tem como objetivo apresentar às crianças, por meio de ilustrações, fotos e textos, as diversas espécies de animais que habitam a Mata Atlântica. Para a pedagoga da Coordenadoria, Maria Julieta Penteado, as crianças normalmente têm poucas informações sobre a fauna da Mata Atlântica. "Em geral se fala muito sobre a cobertura vegetal e se deixa de falar de quem vive nela."


O fazer literário
Ziraldo foi o convidado da mais recente edição do Encontro com o Fazer Literário, do Sesc Catanduva. O projeto, que acontece desde o ano passado, já teve escritores como Ignácio Loyola Brandão, Lygia Fagundes Telles e Moacyr Scliar, e pretende incentivar o prazer e o hábito da leitura e da escrita através do conhecimento dos processos criativos de importantes autores contemporâneos. Palestras, debates e oficinas com a participação de estudantes e professores compõem o projeto, que desde maio destaca a literatura infanto-juvenil. Para o professor de literatura brasileira da Unesp, Sérgio Vicente Motta, Ziraldo tem um diferencial em relação aos outros escritores infantis. "Ele tem uma mente predominantemente visual, e por isso suas ilustrações e textos se complementam. Não há uma reiteração, há um interessante diálogo entre essas duas linguagens. E com isso Ziraldo atinge um efeito poético riquíssimo", afirma o professor.

Frases

"O pessoal pensa que eu uso drogas. E eu digo sempre que minha droga sou eu mesmo"
Hermeto Pascoal, enquanto demonstrava os inusitados instrumentos criados por ele, em show no projeto Letra e Música no Sesc Vila Mariana

"Maradona e Pelé são os melhores jogadores do mundo. Minha obra é dedicada a fronteiras e nacionalismos, raças e paixões. Nem altura, nem cor, nem nacionalidades são tão importantes quanto inteligência e habilidade"
Miguel Angel Rios, artista plástico argentino, sobre sua vídeo instalação que apresenta os dois jogadores com as camisas trocadas, na exposição The Overexcited Body, no Sesc Pompéia

"Eu era engenheiro mecânico. Em 89, quando o Collor ganhou a eleição em função de sua imagem, percebi que era importante trabalhar com a educação visual das crianças, e para isso decidi usar a fotografia"
João Kulcsàr, fotógrafo que organizou a exposição Fotografia e Cidadania, com fotos das crianças da Febem, em outubro no Sesc Itaquera

"Nós sempre pensamos que, se somos 'novo circo', é porque estamos fazendo circo agora. É como o dia: sai o sol pela manhã e é um novo dia, mas os dias são tão antigos como a história da Terra. O circo é o mesmo, só se introduziram novas referências"
Marcel Escolano, da companhia circense espanhola Los Galindos, que se apresentou em outubro no Sesc Itaquera



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