Postado em 13/03/2019
O livro de capa grande entreaberto desperta curiosidade. Chegando mais perto a descoberta... estamos diante da 1ª Edição em braile da obra de Mário Sérgio Cortella “Por que fazemos o que fazemos”. Na máquina ao lado, um ampliador de caracteres e imagens! Imagine aumentar em até sessenta vezes o conteúdo da leitura escolhida?!
Estamos na Biblioteca do Sesc Birigui, um ambiente que inclui, encanta e surpreende pelos detalhes.
Passeando pelos corredores, um convidativo pufe. Sem perceber, já estamos ali, sentados, desfrutando de alguma boa história. A minha foi “O pianista no Bordel” de Juan Luis Cebriàn. A obra nos leva a refletir sobre jornalismo, democracia e novas tecnologias. Minutos se passam como segundos, e foi então que percebi que era melhor levar o livro para casa – afinal, havia muito a descobrir ali...
Essa é a essência da biblioteca do Sesc de Birigui, com um clima acolhedor que tem aconchegado os leitores da região. Tímido em sua mesa estava o Sr. Vitor Antônio de Lima, que com 59 anos esbanja vitalidade para os livros. O já aposentado professor de Língua Portuguesa e literatura estava mergulhado em sua mais nova leitura; Utopia: A história de uma ideia, de Gregory Claeys. Ao questioná-lo sobre o porquê de estar ali, a resposta veio em poucas palavras: “Leitura é essencial, é sobrevivência, é respirar”.
Mais ao fundo da biblioteca, perto dos livros infantis, encontrei olhinhos azuis que brilhavam... era a pequena Maria Valentina, de oito anos. A menina apaixonada por livros disse que vem para biblioteca toda semana, pelo menos duas vezes! O pai, Allan Carlos Carvalho, sempre a acompanha; “Ela pega o livro aqui e já vai lendo no carro, quando chega em casa ela já acabou o livro”, contou aos risos.
No espaço, também é possível encontrar desde clássicos da literatura infantil até Romances e conteúdo educativo. Quem sabe “Reflexões sobre Shakespeare” de Peter Brook ou se preferir “Grandes Sertão Veredas” de Guimarães Rosa. Dentre as obras, obras das Edições Sesc, como “Pixinguinha Outras Pautas”. Também fazem parte do acervo “Raízes de Aninha” de Cora Coralina e “Os Sertões” de Euclides da Cunha. Escritores como Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade atraem os leitores mais clássicos.
A cultura nerd, geek e pop está representada numa seção exclusiva; Coleções como “Jogos Vorazes” e “Desventuras em série”, além de uma vasta prateleira de HQ’s. Ao todo, a biblioteca conta com aproximadamente 3200 obras, entre literatura estrangeira, brasileira, quadrinhos, poesia e artes, além de conteúdos que contemplam as principais áreas de atuação do Sesc, como meio ambiente, esportes e saúde. Variedade que atrai os leitores! A média de empréstimo tem sido de 30 a 50 exemplares por dia.
Leitura que constrói, que inclui, que transforma... todo acervo atende ao que pode ser chamado de bibliodiversidade. A bibliotecária do espaço, Jeane Silva, explica que as literaturas fazem um resgate da diversidade por meio da inclusão de obras que conversem com a cultura LGBTQ, e com o protagonismo de jovens, mulheres e negras, enfim, trazendo uma maior variedade de representações. Além disso, há ainda a ideia de biblioterapia. “Muitas pessoas vêm na biblioteca não buscando um livro apenas, mas uma reconexão, um aconchego”, destaca. Jeane defende o conceito de biblioteca viva, dentro da arquitetura do encontro. Um espaço para descobrir e se encontrar.
E aí? Deu aquela vontade de conhecer tudo isso?! A Biblioteca do Sesc Birigui funciona de terça a sexta-feira, das 13h30 às 21h30, e sábado, domingo e feriados, das 10h às 18h00.
* Por Pollyana Muniz Moda, jornalista, especialista em comunicação e marketing e atualmente na assessoria de imprensa do Sesc de Birigui