Postado em 03/02/2019
A partir do dia 5 de fevereiro, o Sesc Avenida Paulista recebe o minicurso Quatro Séculos de PoetAs Silencidas, que resgata algumas poetas dos séculos 18, 19, 20 e 21 que, por estarem à margem do cânone, principalmente por questões de gênero, raça e/ou classe social, foram e são constantemente silenciadas e esquecidas.
Por meio de revisitações aos textos e poemas, a poeta Lubi Prates* propõe interpretações e debates que joguem luz sobre a importância e a potência dessas escritoras. Perguntamos para ela como revelar, por meio da poesia, a luta das mulheres através dos séculos e qual a importância de se fazer esse resgate histórico de quatro séculos. Ela ainda indicou 5 poetas contemporâneas para você conhecer melhor.
“Quando iniciei essa pesquisa, há três anos, me incomodava perceber o óbvio: nós, poetas de hoje, não somos as primeiras a lutar por espaço no cânone literário, composto em grande parte por homens brancos. Mas, então, onde estariam essas mulheres, sobre as quais não sabemos nomes, não temos muito registros?
Comecei um estudo bibliográfico e tive acesso a uma relação de poetas, notas sobre suas vidas e produção, e fui percebendo que muitas, muitas delas escreveram sobre a posição da mulher na sociedade - e se nomeavam como feministas, sobre raça, orientação sexual e sexualidade, sobre seus posicionamentos políticos, etc.
Assim, entendi que a poesia sempre foi uma arma para as mulheres. Então, por que elas foram e são apagadas da história da Literatura? É uma pergunta que deixo para respondermos ao longo das aulas.
Eu acredito muito nesse resgate do passado como uma forma de reparação, uma forma de dizermos que somos muitas e somos antigas e trazer essas poetas para atualidade é contarmos as nossas histórias com as nossas bocas.”
1 - Ana Rüsche (@anarusche)
2- Conceição Evaristo (@conceicaoevaristooficial)
3- Luiza Romão (@luiza_romao)
4- Jarid Arraes (@jaridarraes)
5- Tatiana Nascimento (@tatiananascimentocanta)
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*Lubi Prates é poeta, editora e tradutora paulistana. Tem três livros publicados, "Coração na Boca" (2012), "Triz" (2016) e "Um Corpo Negro" (2018), que foi contemplado pelo PROAC com bolsa de criação e publicação de poesia, além de diversas participações em antologias nacionais e internacionais e da plaquete trilíngue (pt, esp e ingl) "De Lá/Daqui". Organizou o festival de poesia produzida por mulheres [eu sou poeta] (São Paulo, 2016) e o Otra forma de ser (em Barcelona, 2018). Em 2018, foi convidada do Festival Literário de Votuporanga, Festival Internacional de Poesia do Uruguai e do La Juntada - Festival Internacional de Poesía Joven da Argentina. Participou da organização da "GOLPE: antologia-manifesto", um grito de diversos artistas contra o golpe político que sofreríamos no Brasil. É sócia-fundadora e editora da "nosotros", editorial, e é editora da revista literária Parênteses, além de participar do conselho editorial do selo CAROLiNA - da editora Linha a Linha, para escritoras negras, e da revista Deriva. Dedica-se à ações que combatam a invisibilidade de mulheres e negros na literatura. Atualmente, cursa Mestrado na Universidade de São Paulo.