Postado em 21/12/2018
EPOPÉIA DO SERTÃO
Obra-prima do escritor mineiro João Guimarães Rosa inspira espetáculo-instalação em cartaz no Sesc Pompeia
Foto: Sabrina Moura
São 250 sertanejos, ou melhor, bonecos de feltro, que cumprimentam, um a um, os próximos estrangeiros de Grande Sertão: Veredas, montagem baseada em uma das principais obras de Guimarães Rosa. Os bonecos de tamanho humano compõem a instalação que se soma ao espetáculo em cartaz durante os meses de janeiro e fevereiro, no Sesc Pompeia. Dispostos como personagens, os bonecos convidam o público a experimentar um cenário caótico e árido. Dentro de uma arena-gaiola é que ficam os atores-pássaros de Rosa por mais de duas horas.
Cada espectador recebe um par de fones de ouvido. Um recurso que permite uma imersão sonora em quatro camadas: trilha sonora, vozes dos atores, efeitos sonoros e sons ambientes. Dessa forma, a diretora Bia Lessa convida a plateia a dissolver-se nas fronteiras entre literatura, teatro, cinema e artes plásticas enquanto uma epopeia é narrada por Riobaldo (Caio Blat). Jagunço que atravessa o sertão para combater seu maior inimigo, Hermógenes (José Maria Rodrigues) e onde também descobre o amor.
“O espetáculo de Bia Lessa tem importância de várias matizes como a questão política e das relações de poder. Homens e mulheres diante do ‘sertão da vida que temos que atravessar inexoravelmente, além das determinações de um mundo que não escolhemos mas já dentro dele nascemos. Tudo isso impresso numa literatura que Rosa nos deixa ainda hoje como experimental, erudita e popular, permeada de uma oralidade eminentemente brasileira”, explica Sérgio Luis Oliveira, assistente de Teatro da Gerência de Ação Cultural do Sesc São Paulo.
Após temporada em 11 cidades brasileiras – a estreia em 2017 ocorreu no Sesc Consolação –, o espetáculo-instalação já recebeu diversos prêmios, como o Shell de Melhor Direção e Melhor Ator (Caio Blat). Sua volta ao Sesc São Paulo dá sequência aos festejos dos 110 anos de nascimento do pai de obras que perpetuam sabedoria em frases como: “A gente morre é para provar que viveu” (Grande Sertão Veredas, 1956).
Homens e mulheres diante do “sertão” da vida
que temos que atravessar inexoravelmente,
além das determinações de um mundo que não escolhemos, mas já dentro dele nascemos.
Sérgio Luis, assistente de Teatro da
Gerência de Ação Cultural do Sesc São Paulo
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL
Foto: Evelson de Freitas
Ao adotar diversas estratégias de sustentabilidade na construção de sua unidade na Avenida Paulista, o Sesc recebeu a certificação LEED® (Leadership in Energy and Environmental Design), na categoria Silver, emitida pelo U.S. Green Building Council (USGBC) com o objetivo de avaliar o desempenho ambiental de um edifício. Atualmente, esse é o selo de maior reconhecimento internacional (mais de 160 países). Com projeto executado por Omar Maksoud Engenharia Civil, a unidade recebeu pontos por requisitos como: uso racional da água, qualidade do ambiente interno e manejo de materiais e recursos.
AGUARDE NA LINHA
Foto: Divulgação
A partir do dia 25/1, os frequentadores do Sesc Consolação poderão embarcar numa máquina do tempo. Na exposição Não Temos Condições de Responder a Todos, viajamos até a década de 1980 e primeira metade dos anos 1990. No acervo, fitas K7, bolachões, cartazes de shows, entrevistas, cartas, fotografias da época e outros objetos relacionados ao desenvolvimento audiovisual de um período sem softwares de edição, nuvens ou redes sociais. Uma época em que a conscientização sociocultural era feita pelo pensamento e atitude “faça você mesmo”. Para isso, participam como materiais expositivos acervos do fanzine Crude Reality, entre outros.
CHORO DE RADAMÉS
Há três décadas, o Brasil se despedia do pianista e compositor Radamés Gnattali. Para homenagear esse gênio da música brasileira, a 15ª edição do Festival Internacional de Música Instrumental ChorandoSemParar, realizado em parceria com o Sesc São Carlos, levou à unidade e a outros espaços da cidade shows e oficinas gratuitas, em dezembro. Gnattali influenciou nomes como Tom Jobim e Paulinho da Viola, tornando-se peça fundamental no movimento de redescoberta do choro, na década de 1970. Mestre de instrumentistas como Raphael Rabello, o músico derrubou as fronteiras entre a música erudita e a popular.
Visitar dez bibliotecas do mundo com o recurso da realidade virtual é a proposta
de A Biblioteca à Noite, no Sesc Avenida Paulista até 10/2. A exposição concebida pelo artista
Robert Lepage e Companhia Ex Machina se inspirou em livro homônimo de Alberto Manguel.
REGISTROS DE UMA VIDA
Autobiografia do arquiteto Lúcio Costa, publicada pela Edições Sesc São Paulo em parceria com a Editora 34, ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em dezembro passado. Publicada originalmente em 1995, Registros de uma vivência – Lucio Costa ficou fora de catálogo por mais de duas décadas e foi reeditada 20 anos após o falecimento do autor do Plano Piloto de Brasília. Na obra, textos críticos, croquis e fotos. Essa edição inclui uma apresentação de Maria Elisa Costa, filha do arquiteto, e um ensaio da historiadora Sophia da Silva Telles.
TECNOLOGIA E MOVIMENTO
Inaugurado em 1947, o Sesc Florêncio de Abreu atende, em média, 1.500 pessoas diariamente. Com o objetivo de ampliar e qualificar ainda mais esse alcance de público, a unidade somará às suas atividades novas ações nas áreas de saúde, tecnologia e artes. A partir deste ano, ela recebe uma ampliação de ações programáticas. Localizada no Centro de São Paulo, a 350 metros da estação de metrô São Bento, a unidade apresenta uma nova infraestrutura, que inclui o Espaço de Tecnologias e Artes (ETA) e o Programa de Ginástica Multifuncional (GMF).