Postado em 10/12/2018
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João Maia sempre gostou de fotografia. Ex-atleta de arremesso de peso e lançamento de dardo e disco, ele sabe quando fazer a foto. Por isso, e pelo seu trabalho excepcional, é que ele foi o primeiro fotógrafo com deficiência visual a cobrir as Olimpíadas Rio 2016. "Mesmo com as minhas limitações visuais, consigo capturar as emoções de cada clique que faço. Sou fotógrafo e a minha fotografia é cega, pois uso a minha sensibilidade, os meus sentidos: audição, tato, olfato e minha baixa visão para construir minhas imagens." Nathalia Silva sabe tudo de maquiagem. Pós-graduada em controladoria e graduada em gestão financeira, ela trabalha em banco, mas no YouTube é que fala de sua paixão e de todo assunto que gosta. Seu canal em Libras (Língua brasileira de sinais) é legendado em português. "Os surdos têm maior capacidade em três coisas: visão, cheiro e sensação. E os ouvintes tem maior capacidade em uma coisa: audição. Eles só dão atenção ao som. Os surdos não, eles usam a visão, sentem as sensações e cheiros." Em passagem pelo Sesc Consolação, os dois conversaram com o público sobre seus trabalhos, dando dicas e contando suas experiências. A EOnline aproveitou suas visitas e os entrevistou. Veja: EOnline - Como é se expressar por meios tão usuais para ouvintes e videntes? João Maia - Procuro levar uma comunicação sem barreiras atitudinais. Sei que sou um agente de transformação, ninguém nasce sabendo o que é uma deficiência visual. Estou sempre levando informação sobre o cotidiano das pessoas cegas e baixa visão, pois o maior canal de comunicação livre que temos hoje é a internet e lá faço a divulgação dos meus trabalhos, ações voluntárias e levo informação relevante à comunidade cega. Nathalia Silva - Embora nossa primeira língua seja Libras e nos expressemos sempre através dela, o meio mais comum de nos expressarmos para ouvintes é escrito ou digitando no celular e mostrando a eles, infelizmente. EOnline - Quais são as dificuldades e as facilidades no trabalho de vocês? João Maia - Minha dificuldade é que a minha câmera não têm acessibilidade, por isso que eu denominei a minha fotografia como Fotografia cega Facilidade. Eu consigo fotografar além da visão, utilizando as minhas percepções além das visuais, como olfato, tato e visão. Faço um trabalho bastante diferenciado, levando as pessoas a terem curiosidade sobre o minhas fotografias. Assim cada dia estou conquistando mais pessoas que acreditam verdadeiramente no meu trabalho, que tem como objetivo o empoderamento das pessoas com deficiência visual. Nathalia Silva - Minha maior dificuldade é colocar legenda. Eu sempre peço ajuda de um intérprete para correção das legendas e tradução dos conteúdos. A facilidade que tenho é edição de vídeos, pois produzo e edito vídeos sozinha. EOnline - Quais dicas vocês dariam para alguém com alguma deficiência começar uma carreira audiovisual (foto e vídeo)? João Maia - Primeiro passo: Estude bastante, pois o saber nunca é demais. No começo não faça investimentos vultuosos em equipamentos caros, pois se você não gostar da profissão, pode vender os equipamentos e assim não fica no prejuízo. Faça cursos livres, técnicos ou superior em sua profissão, nunca pare de estudar, pois as oportunidades só aparecem para quem está preparado. Nathalia Silva - Normalmente o ideal é fazer faculdade de audiovisual, porém é possível aprender fazendo cursos técnicos, buscar dicas na internet (YouTube, por exemplo). Eu, como nunca fiz faculdade de audiovisual, aprendi assim, pesquisando e buscando dicas e tutoriais na internet. EOnline - Quais temas vocês mais gostam de trabalhar? Por quê? João Maia - Sou especializado em esporte paralímpico, pois fui atleta, de 2008 a 2015. Fui atleta do arremeso de peso e lançamento de dardo, mas também faço qualquer cobertura fotográfica. Nathalia Silva - Inicialmente o tema era focado somente na maquiagem e com o tempo fui mudando para temas gerais, visto que as pessoas gostam mais de assuntos variados. Escolhi ter esses temas gerais para que possa passar as dicas, informações, novidades e interagir mais com o público. Meus principais temas de hoje em dia são: maquiagens, TAGs, novidades e informações em geral, tecnologias e dicas. EOnline - Como vocês pensam suas criações para serem acessíveis a todos? João Maia - Nas redes sociais procuro fazer a descrição das minhas imagens. Sabemos que acessibilidade numa exposição fotográfica ainda tem um custo muito elevado. Nathalia Silva - Como eu quero que meus vídeos sejam acessíveis a todos, eu penso em todos. Para ouvintes, eu coloco legenda para que eles possam entender o que estou passando no vídeo e para surdos eu falo a minha primeira língua, que é Libras. Também penso nas crianças, e, por isso, eu uso humor nos meus vídeos para animarem todos. EOnline - João, ao fotografar, que outros sentidos você utiliza além da visão? Qual é sua técnica para fotografar? João Maia - A minha fotografia é cega, pois os equipamentos profissionais que utilizo não têm acessibilidade, portanto, eu transformo os sons em imagens, utilizando principalmente a minha audição, tato e olfato. Vale a pena fotografar sem poder ver o resultado? A minha resposta é: sim, porque eu quero, porque eu posso. João Maia em encontro sobre sua fotografia cega, no Sesc Consolação (Foto: Alexandre Babadobulos) Descrição da Imagem (Sala com 6 pessoas assistindo a palestra de João Maia, que está de pé de frente para este público) EOnline - Nathalia, o que você acha que ainda falta para que a Libras e a cultura surda sejam mais conhecidas? Nathalia Silva - Para mim, ainda faltam muitas coisas para que a Libras e a cultura surda sejam conhecidas, pois ainda existem muitas barreiras a serem quebradas e, por sermos minoria, acabamos sendo esquecidos pela sociedade. E espero que no futuro melhorem a nossa acessibilidade, pois somos capazes tanto quanto as pessoas ouvintes, apenas temos uma diferença: audição. Nathalia Silva durante bate-papo na Semana Modos de Acessar, no Sesc Consolação (Foto: Danilo Cava) Descrição da Imagem (Foto que apresenta uma pessoa de costas assisintindo a Nathalia Silva, que está de pé de frente para o público, se comunicando em Libras)
João Maia sempre gostou de fotografia. Ex-atleta de arremesso de peso e lançamento de dardo e disco, ele sabe quando fazer a foto. Por isso, e pelo seu trabalho excepcional, é que ele foi o primeiro fotógrafo com deficiência visual a cobrir as Olimpíadas Rio 2016.
Nathalia Silva sabe tudo de maquiagem. Pós-graduada em controladoria e graduada em gestão financeira, ela trabalha em banco, mas no YouTube é que fala de sua paixão e de todo assunto que gosta. Seu canal em Libras (Língua brasileira de sinais) é legendado em português.
Em passagem pelo Sesc Consolação, os dois conversaram com o público sobre seus trabalhos, dando dicas e contando suas experiências. A EOnline aproveitou suas visitas e os entrevistou. Veja:
EOnline - Como é se expressar por meios tão usuais para ouvintes e videntes?
João Maia - Procuro levar uma comunicação sem barreiras atitudinais. Sei que sou um agente de transformação, ninguém nasce sabendo o que é uma deficiência visual. Estou sempre levando informação sobre o cotidiano das pessoas cegas e baixa visão, pois o maior canal de comunicação livre que temos hoje é a internet e lá faço a divulgação dos meus trabalhos, ações voluntárias e levo informação relevante à comunidade cega.
Nathalia Silva - Embora nossa primeira língua seja Libras e nos expressemos sempre através dela, o meio mais comum de nos expressarmos para ouvintes é escrito ou digitando no celular e mostrando a eles, infelizmente.
EOnline - Quais são as dificuldades e as facilidades no trabalho de vocês?
João Maia - Minha dificuldade é que a minha câmera não têm acessibilidade, por isso que eu denominei a minha fotografia como Fotografia cega Facilidade. Eu consigo fotografar além da visão, utilizando as minhas percepções além das visuais, como olfato, tato e visão. Faço um trabalho bastante diferenciado, levando as pessoas a terem curiosidade sobre o minhas fotografias. Assim cada dia estou conquistando mais pessoas que acreditam verdadeiramente no meu trabalho, que tem como objetivo o empoderamento das pessoas com deficiência visual.
Nathalia Silva - Minha maior dificuldade é colocar legenda. Eu sempre peço ajuda de um intérprete para correção das legendas e tradução dos conteúdos. A facilidade que tenho é edição de vídeos, pois produzo e edito vídeos sozinha.
EOnline - Quais dicas vocês dariam para alguém com alguma deficiência começar uma carreira audiovisual (foto e vídeo)?
João Maia - Primeiro passo: Estude bastante, pois o saber nunca é demais. No começo não faça investimentos vultuosos em equipamentos caros, pois se você não gostar da profissão, pode vender os equipamentos e assim não fica no prejuízo. Faça cursos livres, técnicos ou superior em sua profissão, nunca pare de estudar, pois as oportunidades só aparecem para quem está preparado.
Nathalia Silva - Normalmente o ideal é fazer faculdade de audiovisual, porém é possível aprender fazendo cursos técnicos, buscar dicas na internet (YouTube, por exemplo). Eu, como nunca fiz faculdade de audiovisual, aprendi assim, pesquisando e buscando dicas e tutoriais na internet.
EOnline - Quais temas vocês mais gostam de trabalhar? Por quê?
João Maia - Sou especializado em esporte paralímpico, pois fui atleta, de 2008 a 2015. Fui atleta do arremeso de peso e lançamento de dardo, mas também faço qualquer cobertura fotográfica.
Nathalia Silva - Inicialmente o tema era focado somente na maquiagem e com o tempo fui mudando para temas gerais, visto que as pessoas gostam mais de assuntos variados. Escolhi ter esses temas gerais para que possa passar as dicas, informações, novidades e interagir mais com o público. Meus principais temas de hoje em dia são: maquiagens, TAGs, novidades e informações em geral, tecnologias e dicas.
EOnline - Como vocês pensam suas criações para serem acessíveis a todos?
João Maia - Nas redes sociais procuro fazer a descrição das minhas imagens. Sabemos que acessibilidade numa exposição fotográfica ainda tem um custo muito elevado.
Nathalia Silva - Como eu quero que meus vídeos sejam acessíveis a todos, eu penso em todos. Para ouvintes, eu coloco legenda para que eles possam entender o que estou passando no vídeo e para surdos eu falo a minha primeira língua, que é Libras. Também penso nas crianças, e, por isso, eu uso humor nos meus vídeos para animarem todos.
EOnline - João, ao fotografar, que outros sentidos você utiliza além da visão? Qual é sua técnica para fotografar?
João Maia - A minha fotografia é cega, pois os equipamentos profissionais que utilizo não têm acessibilidade, portanto, eu transformo os sons em imagens, utilizando principalmente a minha audição, tato e olfato. Vale a pena fotografar sem poder ver o resultado? A minha resposta é: sim, porque eu quero, porque eu posso.
João Maia em encontro sobre sua fotografia cega, no Sesc Consolação (Foto: Alexandre Babadobulos)
Descrição da Imagem (Sala com 6 pessoas assistindo a palestra de João Maia, que está de pé de frente para este público)
EOnline - Nathalia, o que você acha que ainda falta para que a Libras e a cultura surda sejam mais conhecidas?
Nathalia Silva - Para mim, ainda faltam muitas coisas para que a Libras e a cultura surda sejam conhecidas, pois ainda existem muitas barreiras a serem quebradas e, por sermos minoria, acabamos sendo esquecidos pela sociedade. E espero que no futuro melhorem a nossa acessibilidade, pois somos capazes tanto quanto as pessoas ouvintes, apenas temos uma diferença: audição.
Nathalia Silva durante bate-papo na Semana Modos de Acessar, no Sesc Consolação (Foto: Danilo Cava)
Descrição da Imagem (Foto que apresenta uma pessoa de costas assisintindo a Nathalia Silva, que está de pé de frente para o público, se comunicando em Libras)
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