Postado em 28/11/2018
É inegável o aumento da presença das mulheres na vida política institucional e em funções de representação e liderança social nos últimos anos. No entanto, a participação nas esferas decisórias e deliberativas segue bastante desigual quando comparada com a masculina, em quase todos os países.
Sobre direitos democráticos, liderança feminina, violência e ditaduras, conversamos com a uruguaia Soledad González Baica, cientista política, feminista, responsável pela área de articulação do Coletivo Feminista uruguaio, Cotidiano Mujer, criado em 1985, dedicado à comunicação e aos direitos humanos e organizadora do livro “Las Laurencias. Violencia Sexual y de Género en el Terrorismo de Estado”.
Soledad estará no Sesc Campo Limpo, no encontro Internacional “Nós tantas outras”, dividindo a mesa “Mulheres e representatividade política”, com Hailey Kaas e Joênia Wapichana, mediada por Ana Lúcia Silva Souza, e juntas discutem as diferentes perspectivas acerca da representação e da representatividade política feminina.
EOnline: Conte-nos um pouco sobre seu trabalho e pelo que você luta.
Soledad: Trabalho em uma organização feminista faz cinco anos e tenho trabalhado lá a descriminalização do aborto e a implantação de serviços no sistema nacional de saúde da Lei n° 18987 de interrupção voluntária da gravidez. Também fui coordenadora na mesa de trabalho sobre mulheres privadas de liberdade e tenho realizado cursos de diferentes tipos em prisões femininas. Represento a organização em uma articulação de organizações feministas chamada “Intersocial Feminista”. Luto pela metade do céu, a metade da terra, e a metade do poder, contra a desigualdade de gênero e por justiça social.
Soledad: Trabajo en una organización feminista desde hace 5 años, he trabajado por la despenalización del aborto y la implantación de servicios en el sistema nacional de salud de la ley nº 18987 de interrupción voluntaria del embarazo. También fui coordinadora de la mesa de trabajo sobre mujeres privadas de libertad y he realizado talleres de distinto tipo en la cárcel de mujeres. Represento a la organización en una articulación de organizaciones feministas llamada Intersocial Feminista.
Lucho por la mitad del cielo, la mitad de la tierra y la mitad del poder, contra la desigualdad de género y por justicia social.
EOnline: O que representa para a sociedade ter mulheres na política e em lideranças sociais?
Soledad: O acesso das mulheres na política é um direito que nós mulheres temos por viver em uma sociedade democrática. Que esse direito se faça efetivo na qualidade democrática. As mulheres em geral têm uma visão diferente do mundo por que as mulheres não são um grupo homogêneo onde todas pensamos iguais.
Soledad: El acceso de las mujeres a la política es un derecho que tenemos las mujeres por vivir en sociedades democráticas. Que ese derecho se haga efectivo hace a la calidad de la democracia. Las mujeres en general aportan su visión del mundo, en su heterogeneidad, porque las mujeres no somos un grupo homogeneo donde todas pensamos igual.
EOnline: Como você percebe a posição de mulheres como líderes? Houve um aumento significativo?
Soledad: Nos últimos anos na América Latina tivemos várias mulheres presidentas eleitas diretamente pelo voto popular. O que significa uma mudança substantiva na percepção da população e das mulheres sobre nossas capacidades para sermos líderes na política. Mas ainda falta muito para alcançar essa igualdade.
Soledad: En los últimos años en América Latina hemos tenido varias mujeres presidentas elegidas directamente por voto popular. Lo que significa un cambio sustantivo en la percepción de la población y de las mujeres sobre nuestras capacidades para ser líderes políticas. Pero aún falta mucho para alcanzar la paridade.
EOnline: Qual história de mulheres que sofreram no período da ditadura mais te marcou?
Soledad: A história de Mariana Zaffaroni, uma menina sequestrada por um militar argentino que por sua vez foi responsável pelo desaparecimento de seus pais uruguaios.
Uma avó que a buscou incansavelmente e um reencontro que teve muitas desavenças durante anos. Hoje ela é militante pelos direitos humanos e memória.
Soledad: La historia de Mariana Zaffaroni, una niña apropiada por un militar argentino que a su vez fue responsable de la desaparición de sus padres uruguayos. Una abuela que la buscó incansablemente y un reencuentro que tuvo muchas desavenencias durante años. Hoy es una militante por los DDHH y la memoria.
EOnline: Que tipo de violência a mulher sofria na época da ditadura que se pode comparar com a violência sofrida nos dias de hoje?
Soledad: As mulheres políticas, militantes de esquerda não só sofreram por sua condição de dissidentes políticos, mas também tiveram que pagar um alto preço por terem saído de seu meio tradicional que as mulheres tinham assimilado. Fora da prisão sofreram pelo abandono de seus filhos e filhas, pelo desprezo familiar por seu uma guerrilheira e dentro da prisão, havia torturas específicas relacionadas a seu gênero, como ser violentada sexualmente, tortura na frente de seus filhos e maltrato psicológico por não serem as mulheres que a sociedade esperava.
Soledad: Las mujeres políticas, militantes de izquierda no solo sufrieron por su condición de disidentes políticas, sino que tuvieron que pagar un alto precio por haberse salido del rol tradicional que las mujeres tienen asignado. Afuera de la cárcel sufrieron por el abandono de sus hijos/as, por el desprecio familiar por ser "guerrillera" y dentro de la cárcel, torturas específicas relacionadas a su género, como ser violencia sexual, tortura delante de hijos y maltrato psicológico por no ser las mujeres que la sociedade esperaba.
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