Postado em 30/10/2018
Setenta anos de história trouxeram você até aqui! Em 1948, quando o engenheiro paulista Francisco Prestes Maia (1896-1965) iniciou a construção da Colônia de Férias Ruy Fonseca em um amplo terreno frente ao mar de Bertioga, dava-se início a um modelo inovador de espaço de lazer, a ser usufruído pelo trabalhador no seu tempo livre. Simultaneamente nascia, dentro do Sesc em São Paulo, uma concepção de viagem pioneira comparada ao que se praticava na época. O Turismo Social inovou, experimentou, traçou novos caminhos, amadureceu – e segue se transformando.
Vale lembrar que o direito às férias anuais era uma conquista relativamente nova no Brasil: a primeira versão da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) havia sido aprovada em 1943, considerando o direito a férias a todos os trabalhadores do país pela primeira vez. No começo, o período legal era de quinze dias. Dobrou em 1977, e na Constituição de 1988 o abono de um terço de salário foi incorporado como lei. Caminham unidas, portanto, a história do direito às férias e a história do Turismo Social e do Sesc Bertioga. Sim, o Sesc Bertioga tinha um outro nome no passado – e a mudança de “colônia de férias” para “centro de férias”, como é hoje, não foi só um capricho de linguagem, mas uma transformação na visão por trás de todo o trabalho que ali se desenvolve.
Como isso aconteceu? O Turismo Social entende que a viagem e o ato de viajar permite uma mudança no olhar. Não importa medir as distâncias: o simples ato de sairmos de um ponto para nos dirigirmos a outro já implica em poder observar, tanto o ponto novo quanto o anterior, de um jeito modificado. Quando aplicado ao turismo, esse conceito abre perspectivas muito interessantes, sobre as quais o Sesc em São Paulo trabalha para propôr roteiros e vivências que têm a missão profunda de servir ao crescimento de todos os indivíduos envolvidos.
Quantas possibilidades existirem de interagir com o espaço e com as pessoas que nele estão, seja ou não de passagem, o Sesc Bertioga as contempla em seu cardápio de vivências – palavra que ganha sentido perfeito para o que se propõe como experiência de vida.
Quando você chega ao Centro de Férias Sesc Bertioga, procura seu lugar, se familiariza com o espaço. Alguns se detêm organizando o quarto como se fosse a própria casa. Outros vão conhecer melhor seu colega ou vizinho. Cada qual com seu hábito, mas o tempo sempre é o de perceber onde se está e o que fazer a partir disso. As opções vão aparecendo em um leque gostoso de agitar – você pode tanto se deixar levar pelo que está acontecendo ao seu redor como seguir uma agenda. Respeitados os horários das atividades coletivas, a liberdade se coloca para decidir o que fazer: deixar-se envolver por uma vivência em grupo, uma brincadeira, uma dança, optar por aprender algo novo, seja na forma de espectador ou colocando a mão na massa.
Durante a estadia, as alternativas se ampliam: passeios entremeados de conhecimento, práticas que criam ou desenvolvem habilidades, conhecer o outro – esse outro em um sentido amplo, que tanto pode ser o guia, os companheiros, os anfitriões, mas também você mesmo, olhado desde uma outra perspectiva: Como você está agora? Que transformações você percebe de ontem para hoje? Como você vai levar isso para o seu dia de amanhã? Durante a trajetória do Turismo Social, aos poucos vai ganhando corpo uma ética do viajar, com a ideia principal de que o turismo é para todos, visitantes e visitados.
Outros flancos se abrem: o dos passeios de um dia, as oficinas sobre a memória, sobre os registros de viagem. Parte histórica disso, o Sesc Bertioga se consolida como um dos maiores centros de férias do país, com capacidade para hospedar simultaneamente mais de mil pessoas. Viajar vai se construindo, então, como um caminho alternativo ao turismo concebido apenas como antídoto ao trabalho.
É um caminho de elevação da consciência, informando e inculcando respeito ao meio ambiente e às pessoas, a tudo o que está à sua volta, descobrindo as riquezas do nosso mundo – a começar pelas que habitam dentro de você.