Postado em 04/10/2018
Atalhos é uma banda nascida em Birigui, no interior paulista, com diversas referências literárias nas suas letras, um experimentalismo particular- mistura folk, synths analógicos, rock e outras texturas. Formada por Gabriel Soares, Conrado Passarelli e Marcelo Sanches, a banda lançou em 2014 o vinil duplo “Onde A Gente Morre”, que foi mixado pelo renomado Mark Howard, produtor ganhador de Grammy com Bob Dylan, e conhecido por seus trabalhos com REM, Neil Young, Tom Waits etc. O álbum rendeu elogios da mídia especializada. A revista Rolling Stone destacou o “folk cheio de sensibilidade e riqueza de detalhes”, já o Estadão colocou a banda na capa do jornal e do Caderno 2 como “uma das melhores apostas do rock brasileiro”. Animais Feridos, terceiro disco da banda, foi lançado no final de 2017 em formato cartão-postal, e mergulha de vez nas questões existenciais prenunciadas no álbum interior. O disco figurou na posição #15 entre os 50 melhores discos brasileiros do ano, pelo site 505 Indie.
Como é aliar literatura à música?
A literatura sempre esteve presente nas nossas composições, pois é uma forma de homenagear os livros que a gente lê e gosta. Lembro que o Conrado um dia fez uma música, há mais de dez anos, e me pediu uma sugestão para o título. Falei pra ele colocar Noites Brancas, em homenagem ao livro do Dostoiévski, que era um livro que tínhamos lido na época. Desde então começamos a brincar com essa coisa de fazer referência a literatura.
Nascida em Birigui, a banda tem ganhado outros territórios. Como é voltar para a cidade natal?
Aprendemos a tocar em Birigui. Foi aí que fizemos nossos primeiros shows como banda cover de rock nacional e internacional dos anos 90, e foi aí também que começamos a criar nossas primeiras canções. Só que, infelizmente, não há espaços para bandas autorais. As pessoas só querem saber de escutar covers, essa é a verdade. Por isso passamos tanto tempo sem tocar em Birigui, por falta de opção realmente. Então quando surgiu o convite do Sesc Birigui, que dispõe de um belíssimo teatro e de uma excelente estrutura, ficamos lisonjeados e muito felizes em poder fazer um show repleto só de músicas nossas. É muito bom poder tocar canções dos nossos três discos na cidade onde tudo começou.
Como é ter um álbum em uma lista dos 50 melhores discos brasileiros?
É algo que nos enche de orgulho, porque quando gravamos discos pensamos sempre em realizar algo verdadeiro, algo que realmente acreditamos e que expõe o nosso lado criativo da maneira mais sincera possível. Ter um disco em listas que contemplam os melhores discos do Brasil nos motiva a continuar trabalhando e acreditando que é possível fazer música independente apesar de todas as dificuldades que temos para produzir, gravar e distribuir nossa obra.
Quais são os próximos passos da banda?
Queremos gravar um novo álbum em 2019 e já começamos a compor algumas coisas. O plano continua sendo o mesmo quando tomamos a decisão de criar nossas próprias canções: tocar em lugares com boa estrutura, conquistar um público fiel que se conecta as nossas músicas de maneira sincera e poder retribuir essa sinceridade artística através das nossas criações.