Postado em 08/08/2018
Por Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo
O que há de mais fascinante num livro é o fato de caber tanta alma num objeto inanimado, um material inerte dar tanta vida à vida humana.
É impressionante como os símbolos impressos num tanto de folhas vegetais podem nos entregar a fantasias e conhecimentos que inevitavelmente nos surpreenderão.
Quando penso num livro me vem sempre este enigma de como as coisas se interligam entre o objeto e o que queremos nele encontrar.
Ele me devolve o que meus sentidos apreenderam dos movimentos que me rodeiam e seus conhecimentos são somente aqueles que posso carregar.
Creio que é por isso que leitor e leitura se complementam e se tornam um só. É por esse motivo que uma releitura é sempre uma nova leitura, pois acompanha nossa inevitável maturação.
E tudo não é mesmo uma questão de leitura?
Não somos a leitura que fazem de nós?
Não lemos os outros com os olhos treinados em uma forma de ler?
Não somos a própria leitura de nossa evolução?
Pois é por isso que, para mim, um evento como a Bienal do Livro extrapola as relações comerciais entre editoras e afins e se estende a uma forte e grandiosa maneira de alimentar os espíritos com tantas e diversas leituras.
Não é coisa pouca poder mobilizar objetos e desejos conferindo-lhes um sentido maior: uma evolução permanente daquilo que nos torna humanos, e que tem no livro uma forma de transmissão universal para as infinitas leituras da vida.
Leituras que se chocam e se absorvem; leituras que perambulam e posam para novas leituras. Leituras que são referências e leituras que, quase inaudíveis, são do porvir.
Como Diretor do Sesc no estado de São Paulo posso afirmar que a parceria com a Bienal do Livro e com a Câmara Brasileira do Livro, se deve à alegria de missões que comungam um sentido maior, um sentido que engloba um estado de bem-estar que perpassa as condições de uma educação cidadã mais digna, igualitária e para todos, uma educação que tem no livro, e em todo processo de leitura possível, um alicerce sólido do que nos é comum: a construção do conhecimento de uma sociedade.
Espero que os que por aqui passarem possam, assim como os livros, transmitir e disseminar um clima dedicado ao conhecimento, à memória e à troca de leituras como aprendizado da riqueza de nossa existência.
Finalizando, gostaria de ler um pequeno trecho de um dos escritores vivos que mais se dedica ao livro e à leitura. Diz o argentino, radicado no Canadá, Alberto Manguel:
“O livro é muitas coisas. (...) em suas várias encarnações, da placa de barro à página eletrônica, tem servido há bastante tempo como metáfora para muitos de nossos conceitos e realizações essenciais”.
(no livro: O leitor como metáfora - o viajante, a torre e a traça. Edições Sesc São Paulo, 2017)
De 3 a 12 de agosto, o Sesc participa da Bienal Internacional do Livro de SP. Confira a programação completa e participe!