Postado em 19/06/2018
Em uma sociedade anestesiada, acontecimentos estranhos começam a acontecer e pessoas desaparecem sem motivo ou lógica aparente. O espetáculo Refúgio, que cumpre temporada no Sesc Bom Retiro, apresenta inicialmente uma série de perguntas: Para onde eles estão indo? Por que estão indo? Que lugar é esse? Alexandre Dal Farra, autor e diretor da peça define que “o refúgio é com sentido político e histórico muito específico. Ou é um lugar para onde você quer fugir, ou é porque você não quer mais ficar ali.”
Este é o novo trabalho do diretor e dá corpo à uma outra fase em sua pesquisa dramatúrgica. Se antes sua investigação estava no caminho de busca por respostas, agora ele procura pelas perguntas. Há um retorno intenso para o interior humano, para os questionamentos subjetivos e a busca de um lugar no mundo. Suas primeiras obras ligadas à ordem do dia, objetivas e com uma militância clara, agora Alexandre dá um passo para a subjetividade do espectador, num território muito menos codificado, mais amplo, bem menos evidente. Está em foco a dificuldade de se pertencer a um lugar, ou a nossa eterna necessidade de fugir. É urgente falar desse lado de dentro, desse ser em crise, que optou por se refugiar em algum lugar externo ou em si mesmo.
Na montagem, o diretor se preocupou em dar mais intimidade às cenas, fazendo com que a maioria das interações e diálogos sejam em duplas. “É como se você pudesse entrar em contato com seu interior.” Trata-se de uma continuidade do lugar do questionamento. Uma tentativa de superar a linguagem, dissolvendo-a. O final, inesperado, ao invés de se resolver termina de forma poética, permitindo que os espaços vazios sejam preenchidos por cada um de nós. Afinal, não estar no refúgio é estar presente. E estar presente é participar de uma nova construção de mundo.
Confira a entrevista com Alexandre:
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